Trinta e Um

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Katsuki Bakugou

Sinto meu corpo tremer involuntariamente. Izuku parou de falar há alguns minutos, depois de eu gritar para que calasse a porra da boca. Passo a mão em meu cabelo de modo frenético, balançando a perna em um tique nervoso. Precisei sair do ginásio aquático para tomar um ar, pois eu sentia que explodiria a qualquer momento.

Preciso controlar isso.

Apoio meus cotovelos nos joelhos, afundando meu rosto nas minhas mãos. Respiro fundo algumas vezes, conto até dez e repito até que sinta a tremedeira passar. Fazia tempo desde a última vez que uma crise dessas aconteceu. Odeio que isso tenha vindo à tona agora, na frente da Sayori. Droga, não era para ter acontecido em nenhum lugar, na verdade.

- Deku, desculpa. - Solto um longo suspiro, ainda com o rosto escondido. - Obrigado por vir comigo.

- Relaxa, cara. - Sinto que o esverdeado senta ao meu lado. - Está melhor?

- Da raiva, sim. - Deixo as mãos caírem, ficando apenas com a cabeça baixa, encarando o chão. - Só me sinto idiota.

- Você foi um pouco. - Reviro os olhos com o que ele diz - Não vou julgá-lo mais que isso.

- Vocês não precisavam conhecer esse meu lado. - Massageio a área entre meus olhos - Odeio quando não consigo controlar essa... Merda.

- Acontece com frequência?

- Antes de vir para cá, sim. - Ajeito minhas costas, apoiando-as no encosto - Foi na época em que eu estava mais envolvido nas lutas. Embora fosse um mecanismo de escape, também era um gatilho. - Balanço a cabeça, irritado - Agora que sou obrigado a lutar mais vezes na semana, isso tá voltando.

- Você luta hoje?

- Sim.

- Lutou ontem?

- Dormi na casa da Sayori. - Olho de canto para o Izuku, dando um pequeno sorriso - Não sei nem porquê eu fiquei tão possuído com aquele cara, sinceramente. Eu estava bem relaxado, não tava nem ligando para os olhares entre ela e o Todoroki a aula inteira.

- Talvez você estivesse, só não percebeu. Daí aquele cara foi o gatilho final.

- Você é muito espertinho, Deku.

- Pode me chamar de "consciência". - Ele sorri e cruza os braços. - Não quero irritá-lo, mas sabe que precisa se desculpar, certo?

- Eu sei. Só não irei agora. - Olho para a porta do ginásio - Se ele soltar alguma piada de novo, talvez não consiga evitar uma briga.

- Cara, ele tá fazendo o que você fazia nos treinos, lembra? Na verdade, você o provocava o tempo inteiro quando ela não estava por perto.

- Vai ficar do lado dele também? - Minha voz sai um tanto sarcástica, com desgosto.

- Sou a sua consciência, já falei. Pensa um pouco e você vai perceber que os papéis se inverteram entre vocês três. Agora quem perde as estribeiras com o mínimo de provocação é você. Antes ele era mais próximo dela, agora não é mais.

- O que faria no meu lugar? - Olho para ele - Ficaria quieto?

- Saberia escolher minhas brigas. - Izuku dá de ombros.

- Se a Uraraka tivesse um melhor amigo declaradamente apaixonado por ela, que vive grudado e sabe muito mais dela que você, duvido muito que tivesse confiança o bastante para não se sentir incomodado. - Meu tom de voz é duro, mas meu desabafo segue enquanto o silêncio de Izuku permanece - Só sinto que: se alguma merda acontecer ou se a Sayori precisar de algo, não é a mim que ela irá recorrer. Porra, provavelmente serei eu o culpado de alguma forma.

𝐛𝐫𝐢𝐧𝐜𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐜𝐨𝐦 𝐟𝐨𝐠𝐨 • katsuki bakugouOnde histórias criam vida. Descubra agora