Trinta e Oito: Loucura

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Minhas mãos tremem enquanto mando uma mensagem para Toya.

Eu não sei quanto tempo vou demorar aqui, mas ligar para o Bakugou e avisar que precisei sair seria uma burrada sem tamanho. Prefiro avisar ao platinado primeiro e, então, após a luta e quanto o loiro estiver calmo, Toya o avisa. Não expliquei muito, apenas informei que Mimi estava assustada demais ao telefone e que vim ao hospital.

Mordo meu lábio ao entrar naquela recepção cheia de enfermos. Eu sei que não é um lugar barato, mas aparentemente todos resolveram adoecer hoje. Sei que irei precisar retirar uma ficha ou pedir permissão para ir ao quarto da Mimi, coisa que será difícil sem estar no horário da visita. Observo os seguranças que guardam as portas e aproveito a distração de um deles, ao atender uma senhora muito fofa, para seguir pelo corredor.

Nem sei onde me meti, sinceramente. Porém, de certa forma, a sorte estava ao meu lado. Havia um vestiário para os trabalhadores, o qual entrei rapidamente. Não tinha nenhuma enfermeira ou médica por aqui, apenas alguns jalecos e scrubs pendurados. Em uma loucura, com uma ideia repentina, pego o que mais parecia caber em mim e o visto, escondendo minhas roupas em um canto aleatório. 

Pego uma máscara e a coloco no rosto, andando por entre os profissionais. O hospital de Musutafu era realmente grande, o que era uma complicação para mim. Circular entre a equipe não era um problema e sim, achar o quarto da Mimi. Percebi que haviam muitos quartos com acompanhantes, como aquele em que fiquei. Talvez por se tratar de um caso policial, ou até mesmo tentativa de suicídio, ela esteja na ala psiquiátrica.

Guio-me pelas placas até achar a bendita ala. Começo a espiar cada janelinha, até encontrar uma garota loira encolhida no chão, com a cabeça entre as pernas. Olho para os lados e abro a porta lentamente, sendo recepcionada por olhos amedrontados. Mimi não me reconheceu imediatamente, o que a fez levantar-se e pegar algo para se defender. Fecho a porta e ergo as mãos, abaixando a máscara para mostrar quem era. 

De forma surpreendente, a arma - um abajur cafona - cai no chão e ela corre até mim, abraçando-me. Ela parecia mais magra, tinha bolsas escuras sob os olhos e seu cabelo estava quebradiço. Abraço-a com cuidado, avaliando seus braços com alguns roxões. Parece que tinha sido mantida a força na cama. 

– Você veio... – Sua voz era baixa.

– Não podemos manter contato, seria arriscado para nós duas. – Engulo em seco – Porém, eu não tinha como deixar você sozinha.

– Não tinham policiais, né? – Mimi olha por sobre meu ombro.

– Não...

– Eu vi um rapaz diferente olhar pela janela mais de uma vez e eu nunca o vi por aqui. – Ela vai até a porta, olhando pelo vidro – Ele é bonito, mas sabe quando você capta a malícia no olhar de alguém?

– Sei... – Pisco algumas vezes, olhando-a.

– Juro que vi ele sorrindo uma hora, também. – Mimi abraça a si mesma – Foi tão... bizarro.

Ando para a porta e abro-a, pegando a ficha da Mimi que estava do lado de fora. Corro os olhos pelos medicamentos e, mesmo sem entender muito, percebo que haviam alguns remédios fortes ali, usados para tratamento de depressão, além de alguns outros para dor. Na ficha havia a indicação de paciente suicida, informando também que ela estava tendo um discurso um tanto... desconexo. 

– Você recebeu a visita das suas amigas?

– Não puderam vir. – Mimi coloca as mãos na cintura e troca de assunto rapidamente – Eles estão me tratando como louca! – A loira bufa  – Só porque ontem eu comentei sobre essa rapaz. Descrevi ele para algumas enfermeiras e elas disseram que não há ninguém aqui com tal aparência.

𝐛𝐫𝐢𝐧𝐜𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐜𝐨𝐦 𝐟𝐨𝐠𝐨 • katsuki bakugouOnde histórias criam vida. Descubra agora