Trinta e Sete: Promessa ~hot

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– Em que merda você se meteu, Sayori?

Olho para Shouto com pavor, sentindo meu corpo gelar e estremecer. Ele tinha um olhar intenso, parecia uma raiva controlada. Eu tento desconversar, mas ele se aproxima e pega o celular da minha mão, procurando o último número a me ligar. Quando vê o nome da Mimi na tela, ele aponta para o aparelho, olhando-me mais uma vez.

– Não tem uma mentira na ponta da língua? – Shouto passa a mão pelo cabelo e anda de um lado ao outro – Você estava falando com a polícia?

– Eu... – Engulo em seco, sem saber direito como sair dessa.

– Pelo amor de Deus, Sayori. – Ele ri, mas é um riso desesperado.

– Por favor, eu preciso que você se acalme.

Soo o mais tranquila possível, embora estivesse entrando em colapso. Eu sinto minha boca se contorcer em um riso nervoso e embora eu tenha conseguido acalmar o Shouto, eu estava começando a ficar desestabilizada. Agora ando de um lado a outro, com as mãos na cabeça. Meu peito arde e sinto uma falta de ar tremenda, provavelmente tendo um ataque de pânico. Tento respirar, mas a minha inspiração não é o suficiente. Quando começo a hiperventilar, Shouto abraça-me apertado.

Em um primeiro momento, isso é pior. Sinto que estou sufocada, presa, quase como um animal enjaulado. Depois, meu corpo vai relaxando, voltando a sentir o perfume reconfortante que ele tem. Agarro a sua camiseta, apoiando minha testa em seu peito. Fico balbuciando alguns números de 1 a 10, tentando inutilmente retomar a mim. As mãos dele sobem e descem das minhas costas e ouço-o fazer um "shii, shii", como os pais fazem para acalmar as crianças.

– Desculpa, eu fiquei preocupado. – Ele diz baixinho, perto da minha orelha – Quando quiser conversar, eu irei ouvir. Só quero que seja sincera e aberta comigo, Say.

– Você vai me matar. – Digo no mesmo tom, ainda com a cara enfiada em seu peito.

– Prometo que não, talvez só brigar. 

Shouto me leva até a espreguiçadeira, onde sentamos um ao lado do outro. Apoio os cotovelos nos joelhos, ainda segurando minha cabeça e bagunçando meu cabelo. Ele continua com uma das mãos acariciando minhas costas, enquanto a outra fica em meu joelho. Respiro profundamente, pensando o quê, exatamente, eu deveria contar. 

Meu celular vibra e antes que eu atendesse, Shouto o faz. Sua voz estava o mais neutra possível, mas percebi que ele se irrita quando a pessoa insiste que deve falar comigo.

– Você também tá metido nisso, pelo jeito. – Ele demora um tempo, ouvindo – Acontece que ela está aqui do meu lado, prestes a falar o que tá rolando. – Shouto faz uma careta – Toya, estou sem paciência.

– Me dá aqui. – Digo, pegando o telefone e colocando-o no viva-voz. Deixo um volume baixo, para que apenas nós dois ouvíssemos – Oi.

Sayori, espero que você não tenha feito o que eu tô pensando.

– Depende... 

Como assim depen... Argh. – Toya resmunga algumas coisas do outro lado da linha – OK, eu vou ser curto e grosso e espero que o Shouto esteja ouvindo para conseguir estrangular você, já que eu não tô aí. 

– Sim, eu tô. – O irmão mais novo responde.

Você tentou matar a sua colega?

Um silêncio desconfortável se forma entre nós três. Sinto a tensão de Shouto ao meu lado, ainda mais quando meu amigo se afasta, parando a carícia para olhar-me espantado. Quanto mais eu demoro para responder, mais a sua feição se fecha, como se aquilo fosse a resposta que ele precisava. Nunca vi tamanha decepção e estranheza no olhar dele e isso simplesmente destruiu o meu coração.

𝐛𝐫𝐢𝐧𝐜𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐜𝐨𝐦 𝐟𝐨𝐠𝐨 • katsuki bakugouOnde histórias criam vida. Descubra agora