Vinte e Oito

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Toya, escritório de advocacia

A ponta dos dedos percorriam a pele lisa do loiro, na altura do peito. Keigo estava encaixado sob meu braço, com a cabeça pendendo próxima a minha. O peso do corpo cansado e suado dele pressionava o meu, mas aquele calor era tão bem vindo, quanto desejado. Respiro fundo mais uma vez, sentindo a fragrância masculina misturada com o nosso suor, além de todo o cheiro que o sexo proporciona. Sinto pena do sofá, que é alvo do nosso descontrole há alguns dias. Um sorriso escapa pelos meus lábios, chamando a atenção do loiro.

– O que foi? – A voz rouca continha certa graça, que era transmitida através dos olhos dourados.

– Estava pensando que vou precisar trocar o sofá, se continuarmos assim.

– Seria uma pena. – Keigo endireita a sua postura, olhando para o tecido do sofá – Porém, entendo completamente. 

Ele levanta-se, mostrando-me toda a beleza que seu corpo nu possui. O loiro anda até o frigobar e pega duas garrafas de água, as quais substituíram, infelizmente, minhas cervejas. Sento-me melhor no sofá e estendo a mão, agarrando a garrafa para abri-la. Keigo permanece de pé, em frente a mim, enquanto toma sua água. Não ouso desviar o olhar e assumo aquilo como uma provocação, até porque, quem ficaria pelado na sua frente, fazendo pose e te olhando tão intensamente?

– Você sabe que elas acabaram, certo? – Ergo uma sobrancelha.

– Quem sabe eu consigo persuadi-lo melhor assim. – O sorriso dele é extenso e lindo, fazendo-o fechar um pouco dos olhos – Dizem que é difícil mentir para alguém bonito e ... com boa lábia.

– Quem diz isso? – Começo a rir.

– Eu. – Keigo dá de ombros. – Tenho uma pergunta.

Embora ele esteja de bom humor, eu sabia que aquilo não era algo sobre nós. Muito menos sobre mim e o fato dele querer conhecer mais da minha história. No fundo, eu sentia que a pergunta era algo mais sério, disfarçado com o tom calmo e divertido dele. Não consigo evitar minha carranca, ficando sério e desconfortável frente a ele. Keigo fecha a sua garrafa de água e fica jogando-a de um lado a outro, pegando-a no ar enquanto pensa. Solto um longo suspiro e passo a mão pelo meu cabelo, levantando-me para alcançar minha cueca e vesti-la.

– Faça logo. – Reclamo.

– Você já está de mau humor. 

– Porque eu sei que deve ser algo ruim e, sinceramente, não estava afim de responder coisa do tipo depois de ter relaxado tanto. – Minha voz sai mais ríspida do que eu gostaria. Eu nunca consigo controlar meu humor quando algo sai do meu controle.

– Toya, vamos lá, não é o fim do mundo. Não estou procurando briga com você. 

Keigo veste a sua cueca e calça, dando-me um tempo para processar aquele sentimento. O loiro geralmente fazia isso: qualquer coisa que causasse desconforto ou me irritasse, ele daria um tempo para que eu pensasse um pouco, sem pressionar ou brigar por isso. Tem dado certo e eu agradeço, pois geralmente percebo que houve uma reação exagerada da minha parte. Sento-me no braço do sofá e cruzo os braços, fazendo um sinal com a mão para que ele continue com a conversa e, desta forma, com a pergunta.

– O que a Sayori-chan disse para você naquele dia, em que estávamos treinando?

Pisco um par de vezes para ele e franzo a testa. Não tem como ele ter ouvido sobre aquilo, por isso está perguntando. Mesmo assim, ele deve ter percebido a minha reação. Ele é um ótimo observador, o que acaba sendo péssimo para mim.

𝐛𝐫𝐢𝐧𝐜𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐜𝐨𝐦 𝐟𝐨𝐠𝐨 • katsuki bakugouOnde histórias criam vida. Descubra agora