Capítulo 37 - Um Pesadelo Da Vida Real

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Fernanda narrando...

Eu estava andando pelo orfanato após o almoço, quando encontro uma das madres segurando uma mangueira que usa para me bater.

Dou alguns passos para trás tentando evitar que ela se aproxime de mim. Ela está chateada por alguma razão, mas eu sei que dessa vez não fiz nada.

Ela se apressa a me segurar pelo braço antes que eu conseguisse fugir. Ela aperta o meu braço e a marca dos seus dedos ficam lá gravadas.

Eu: por favor, madre. Eu não fiz nada. Não me tranca no porão, eu imploro.

Choramingo e ela me arrasta para o porão. Eu iria ficar lá por três noites sem comer e sem beber água. Era sempre assim. Por vezes, eu brigava com alguma menina do orfanato, e mesmo que eu tivesse sido provocada, só eu era trancada no porão. Os maiores castigos eram dados a mim por alguma razão.

Eu tinha 5 anos, quando tudo começou.

(...)

Agora estou com 7 anos. Estou caminhando pelo jardim com a minha boneca favorita. Uma das meninas más que implicava comigo, surge e me recebe a boneca. Eu era mais pequena do que ela, mas isso não a importava.

Tentei pegar a boneca várias vezes, mas ela entregava a outra menina e assim sucessivamente. A Sarah surge em minha defesa e uma das meninas a atacou. Subiu em cima dela e começou a bater nela. Eu queria ajudá-la, mas a menina que tinha começado tudo me jogou na piscina e eu caí.

Eu não sabia nadar. Fiquei desesperada pedindo ajuda e uma madre surgiu, mas antes de me ajudar ela sorriu maldosamente. Eu batia os braços tentando inutilmente nadar para a borda, mas nada. Quando outra madre chega, ela se joga na água e me ajuda a sair.

Aquele foi um dos piores dias da minha vida. Eu fiquei com trauma de piscinas, Lagos ou mar. Eu só os aprecio a distância. Só quem sabe disso é a Sarah que esteve comigo em todos os momentos.

(...)

Era dia das mães e as madres fizeram uma festa para nós e uma palestra. Eu sempre esperei que a minha mãe me fosse buscar e por isso, eu sempre escrevia cartões para lhe entregar. Fazia belos desenhos para ela, mas em todos os anos eu me decepcionava.

Porém, nunca desanimei. Sempre esperei ansiosamente por ela, por que eu entendia que se ela me deixou esse pingente, ela iria voltar.

Mas algumas madres diziam que eu era fruto do pecado e por isso, merecia morrer. Que eu merecia ir para o inferno e arder como todas as pessoas más. Elas não sabiam que eu escrevia todos aqueles cartões . Nesse dia, elas estavam a procura de alguma coisa. Foram para debaixo da minha cama e lá encontraram os cartões que eu tanto amava.

Elas colocaram em um saco preto os cartões e queimaram na minha frente. Eu tinha 15 anos, e sentia que estavam matando os meus sonhos, uma parte de mim e as minhas esperanças. Eu observei-as queimar e elas fizeram uma prece enquanto queimavam.

Eu chorei tanto e gritei para que elas não o fizessem, mas elas estavam determinadas a me magoar. Elas literalmente me odiavam.

Eu: por favor, parem!

Sarah: amiga? Fernanda, acorda! - ouço a voz da Sarah e abro os meus olhos.

Sonho off...

Eu estava com lágrima nos olhos de tanto ter chorado. Eu suava e a primeira coisa que fiz, foi abraçar a Sarah com toda a força que eu podia.

O Recomeço - Concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora