𝟏: 𝐃𝐫𝐞𝐬𝐬𝐞𝐝 𝐈𝐧 𝐃𝐚𝐫𝐤𝐧𝐞𝐬𝐬

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29 DE JANEIRO || SEXTA-FEIRA.
NEW JERSEY.

- Mãe, as coisas não funcionam assim. - Tento alertá-la. Minha mãe parece não pensar.

- Nadine, eu não me importo. Vou me casar com o Aaron, e chega desse assunto. - Afirma, retirando as roupas do armário e colocando na sua mala.

- Quantas vezes você vai precisar quebrar a cara para aprender que ninguém se casa com cinco meses de namoro? Isso é loucura, você nem o conhece direito. - Digo com irritação, enquanto cruzava os braços.

- Conheço o bastante. Ele se chama Aaron Sterling e tem quarenta e cinco anos.

- Nossa, que convincente. - Ressalto sarcástica e ela dá de ombros. - Mãe, pelo amor de Deus...

- Nadine, chega! Nada do que você disser vai me fazer mudar de ideia. Eu o amo, e você tem que aceitar isso. - Solto uma risada sarcástica com o que acaba de sair da sua boca.

Eu não posso acreditar que estou presenciando esse comportamento juvenil de uma mulher de trinta e oito anos.

- E essas malas? Tem certeza de que quer morar com ele? - Questiono, com medo da resposta.

- Sim, não só eu, como você também vai. Inclusive, enquanto esteve na faculdade hoje, eu mesma me encarreguei de levar suas coisas no caminhão da mudança. Só falta algumas roupas... - Ela fala com uma naturalidade sem fim, era surreal.

- Levou minhas coisas para a casa daquele velho sem a minha permissão?! - Indago, arqueando as sobrancelhas e tentando controlar minha língua.

- Só temos uma à outra agora. Você não pensa em me abandonar no momento mais importante da minha vida, não é? - Questiona, parando o que estava fazendo e me olhando.

- Mãe... - Tento, mas sou cortada.

- Nadine, por favor. Faça isso por mim. - Ela pede, fazendo expressão de cão abandonado, mas ao lembrar das condições dela, eu percebo que era arriscado negar.

- Claro, eu posso tentar. - Sorrio falsamente.

Quem eu estava tentando enganar? Aquilo era a ideia mais burra que alguém poderia ter. Mas quando se trata da minha mãe, eu já não esperava nada normal.

Minha mãe tem uma deficiência cerebral chamada retardo mental, o que a faz agir como uma adolescente, mesmo sendo mais velha. Parece que o tempo parou para ela nessa fase da vida, tornando sua personalidade imprevisível e suas reações muitas vezes semelhantes às de uma adolescente. Lidar com isso sozinha era, por vezes, muito difícil. Ela sempre foi mãe solteira desde que me deu à luz. Cresci sem a presença de um pai, e ela não teve companhia para ajudar na minha criação. Descobrir aos cinco anos que meu pai tinha morrido antes mesmo de eu nascer, e desde então, somos sozinhas. Em vez de ela ser minha mãe, eu era a mãe dela.

- Você viu o meu fio dental que eu usei com o Zedd? Aquele de renda transparente que deixa qualquer um pedindo por mais. - Ela sorri animada, e eu bufo.

- Não, mãe, eu não vi. - Respondo, com uma expressão séria. - Vou pegar minhas roupas, tudo bem? Estou muito cansada. Ser estudante de direito em perícia criminal tem seu lado negativo.

Ela assente sem parar de arrumar suas coisas, então eu apenas saio do quarto dela. Já havia chegado em casa e encontrado a casa vazia.

Foi uma surpresa para mim, pois minha mãe me pegou desprevenida com essa ideia repentina de casamento, e simplesmente fazer as malas e ir morar com um namoradinho novo que eu nem vi o rosto.

Tudo bem, isso era completamente normal vindo dela. Não é a primeira vez que minha mãe se casa e no final das contas, acaba desiludida. Um exemplo disso foi o último casamento dela ter durado apenas dois meses. Era deprimente, mas eu não tinha controle sobre ela. Ela é a mãe aqui, e eu apenas vou continuar cuidando dela como sempre fiz.

𝐃𝐄𝐀𝐑 𝐋𝐔𝐂𝐈𝐅𝐄𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora