𝟖: 𝐒𝐭𝐫𝐞𝐞𝐭 𝐑𝐚𝐜𝐢𝐧𝐠

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03 DE FEVEREIRO || QUARTA FEIRA.

A sorte parece estar me evitando ultimamente, tudo estava indo mal a pior. O desastre aconteceu após esse casamento maldito, sim, maldito casamento. Enquanto minha mãe aproveitava a lua de mel em Marrocos, minha vida estava um caos aqui em Nova Jersey. Estava tudo fora de controle, e eu não sabia como ainda mantinha a sanidade após tudo que enfrentei, tudo que vi, e as coisas que fiz pelo bem de quem eu amava, sem que ninguém fizesse nada por mim... Eu estava afundando.

Eu sentia que estava lá para todos, mas ninguém estava lá por mim. Deixei-me levar por ameaças a pessoas que amo, ameaças a mim mesma. Será que se eu fosse a única ameaçada, já teria deixado me matar? Acho que sim.

Não sabia de onde tirar mais forças para suportar tudo. Depois de sair da casa de Kastiel ontem, após Dante se livrar de um corpo de uma pessoa tão boa como se ela não fosse nada, abri os olhos e percebi com quem estava lidando. São como areia movediça, quanto mais perto eu ficava, mais afundava, e eu não aguentava mais afundar.

Os flashbacks eram insuportáveis, eu estava em surtos internos enquanto mantinha um sorriso falso no rosto.

— Com licença, Nadine Petrov, você pode compartilhar suas ideias sobre a leitura que fizemos agora? — O professor diz, me "acordando" dos meus pensamentos.

Todos em volta olhavam para mim e eu coloco uma mecha atrás da orelha, com uma certa vergonha.

— Desculpe professor, eu não sei... — Digo e ele balança negativamente a cabeça.

— Precisa estar mais atenta a aula, você esses últimos dias anda preocupando os professores. — Ele diz pressionando os lábios, como se quisesse dizer "eu sei que você não está bem".

— É... está tudo bem, só estou distraída. — Minto.

— Tudo bem. — Ele responde enquanto se virava e eu suspiro de alívio.

O sinal toca, guardo meus materiais de volta na mochila, seguro minha pasta nas mãos e saio junto com as outras pessoas. Caminho pelos corredores movimentados até meu armário, decido deixar a pasta lá, fecho o armário, viro para sair, mas acabo esbarrando em alguém.

— Oh, meu Deus... Me desculpe. — Me abaixo rapidamente para apanhar sua pasta e quando olho para cima me deparo com ele.

— Olha só quem resolveu esbarrar em mim. — Tyler brinca e eu rio.

— Me desculpa mesmo, eu estou com a cabeça nas nuvens. — Digo me levantando e lhe entregando a pasta.

— E o que te faz estar com a cabeça nas nuvens? — Ele pergunta e começamos a caminhar pelos corredores.

— Ah, problemas e mais problemas...

— Quer compartilhar? — Ele pergunta e eu fico em dúvida.

— É que hoje eu tenho uma corrida e eu não sei correr. — Se fosse apenas isso, seria ótimo.

— É só não correr. — Ele diz simples.

— Eu preciso da grana. — Respondo, exalando um suspiro pesado.

— Quanto?

— Vinte milhões. — Ele ergue as sobrancelhas em sinal de choque.

— Está devendo a alguém? — Ele pergunta e eu assinto. — Desculpe a intromissão, mas eu posso tentar te ajudar enquanto é tempo.

— Como? — Pergunto esperançosa.

— Posso te ensinar um pouco a correr, é óbvio que não dá tempo de te transformar em uma versão feminina do Ayrton Senna em apenas um dia, mas... — Ele diz dando de ombros e eu o olho.

𝐃𝐄𝐀𝐑 𝐋𝐔𝐂𝐈𝐅𝐄𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora