𝟒𝟓: 𝐈 𝐀𝐦 𝐚 𝐋𝐢𝐚𝐫

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10 DE MAIO || DOMINGO

Kastiel Kaltain

Abri os olhos lentamente, sentindo a leveza do descanso e uma noite agradável. Era raro ter uma noite tão serena e sem perturbações.

Com um bocejo, olhei para baixo e encontrei a expressão tranquila de Nadine deitada sobre meu peito. Seus cabelos desgrenhados se espalhavam em meu peito, o peso dela me ancorava e seu braço envolvia meu torso com firmeza.

Um sorriso cresceu em meus lábios. Sempre que dormíamos juntos, acordava com Nadine nesta mesma posição, deitada sobre meu peito, o rosto amassado de um sono profundo.

Ela estava tão linda...

Com a ponta do dedo indicador, acariciei suavemente sua bochecha, tentando não acordá-la. Deslizei até sua orelha, iniciando uma carícia suave que ia da pele até o cabelo, enquanto meus olhos permaneciam fixos em seu rosto, sentindo a respiração calma dela.

O anel de Klara, que agora pertencia a Nadine, brilhava em seu dedo quando a luz do sol atravessava as janelas de vidro do hotel. Nadine me lembrava um pouco minha mãe, o que me levou a lhe dar a joia. Parecia que o anel tinha sido feito para ela. A medida do dedo das duas era idêntica.

Não sei o que se passou na cabeça dela ao receber esse presente. Eu poderia muito bem ter comprado uma joia cara e rara para ela, mas aquele anel tinha um significado especial para mim. Acho que teve um impacto maior do que qualquer anel caro que o dinheiro possa comprar.

Encarei o teto com um suspiro alto, decidindo que era hora de levantar para tomar banho. Com um pouco de dificuldade, consegui me desatar dos braços de Nadine, tomando cuidado para não acordá-la. Caminhei em passos preguiçosos até o banheiro, peguei uma escova de dentes descartável lacrada em plástico e passei creme dental.

Enquanto escovava os dentes, encarei meu reflexo no espelho. Terminei e joguei a escova no lixo, enxaguei a boca e respirei fundo antes de deslizar o vidro do boxe para o lado e ligar o chuveiro. A água gelada caiu sobre meu corpo, despertando-me do pouco sono que ainda restava.

Um suspiro pesado e cansado escapou dos meus lábios enquanto encostava a testa no azulejo frio do banheiro. Vários pensamentos do passado retornaram como uma névoa branca preenchendo minha mente.

Nunca deixe uma garota saber o seu próximo passo. Nunca deixe que uma garota te tenha nas mãos. Nunca permita que uma garota se sinta importante para você. Mulheres são descartáveis, trate-as assim. Nunca se apaixone. O amor pode te matar, pode te colocar na linha de fogo. Tenha foco, seja o homem que te criei para ser.

As palavras do meu pai ecoavam em minha mente. Acredito que, onde quer que ele esteja, está envergonhado de mim depois de ontem.

Talvez eu estava sendo fraco? Patético? Ou apenas criando laços afetivos como qualquer pessoa normal? Eu realmente não sabia o que estava acontecendo comigo, talvez algo estivesse fluindo lentamente. Não queria magoar Nadine com algo que eu mesmo não entendia, mas as coisas simplesmente aconteciam.

Saí do boxe, peguei uma toalha limpa e seca, e me sequei antes de vestir minha calça social. Coloquei uma camisa social preta, dobrando as mangas até os cotovelos. Peguei a toalha novamente para secar o cabelo e abri a porta do banheiro, indo em direção à cama onde Nadine estava. Ouvi seu celular tocar incessantemente dentro da bolsa pequena.

Franzi o cenho ao perceber que ela estava tão imersa no sono que não ouvia o celular ao seu lado. Ponderei se deveria atender, mas achava que não havia problema em fazê-lo. Caminhei até a escrivaninha branca ao lado da cama, onde estava sua bolsa, e retirei o celular. Abafei o som com a mão, observando-a se mexer na cama.

𝐃𝐄𝐀𝐑 𝐋𝐔𝐂𝐈𝐅𝐄𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora