𝟒𝟖: 𝐁𝐫𝐞𝐚𝐤𝐢𝐧𝐠 𝐏𝐨𝐢𝐧𝐭

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2 DE JUNHO || TERÇA-FEIRA

3 SEMANAS DEPOIS...

Os dias em Washington passaram como um borrão, mas a tensão dentro da casa permaneceu inabalável desde o instante em que chegamos.

Durante as últimas semanas, recuperei-me completamente dos ferimentos. Agora, cada passo era firme, e cada tarefa era executada com a precisão de antes. Apesar disso, me recusei a parar, mesmo quando meu corpo implorava por descanso. O trabalho atrasou minha recuperação, mas não havia alternativa senão cumprir minhas ordens. Fisicamente, estava bem, mas a exaustão parecia drenar-me lentamente, como uma âncora que me puxava para um mar constante de cansaço.

Nos últimos dias, conversar longamente com os outros na casa parecia impossível. Nossas interações reduziram-se ao essencial. Houve momentos em que assisti a um filme com Ryan e Tessa, mas nada era como antes. Estávamos de volta ao ciclo inquebrável de dedicar nossos dias inteiros ao trabalho.

Era um ciclo sem fim, trabalhar até o limite e, depois, cair na cama sem tempo para respirar.

Exaustão era a palavra que me definia neste momento.

— Nadine, está tudo bem? — A voz de Aaron interrompeu meus pensamentos. Ele estava parado diante de mim, segurando uma xícara de chá morno e me observando com uma expressão preocupada.

— Sim, está tudo ótimo — respondi, tentando soar convincente enquanto forçava um sorriso e cruzava as pernas no sofá largo do hall de sua casa.

— Eu acreditaria mais se você fizesse um esforço para parecer mais sincera — ele retrucou, levantando uma sobrancelha de forma desafiadora.

Soltei um suspiro e aceitei a xícara que ele me oferecia, agora repousando em um pires de porcelana delicada. Aaron se acomodou no sofá em frente ao meu.

— Estou falando sério, Aaron. Eu estou bem. Na verdade, já me sinto muito melhor dos ferimentos. Os remédios que minha mãe recomendou ajudaram bastante na recuperação — disse, tomando um gole do chá e sentindo o calor reconfortante do líquido.

Isso era verdade. Minha mãe havia me enviado uma longa lista de remédios que foram essenciais para minha recuperação. No entanto, desde então, não tivemos mais contato. Eu realmente esperava encontrá-la hoje para conversar sobre o motivo da minha inquietação.

Um maldito boato.

Aaron observou-me com um sorriso que não alcançava os olhos, seus lábios formando uma linha fina.

— E por aqui, tudo bem? — perguntei, semicerrando os olhos. — E onde está minha mãe? Eu queria esclarecer algumas coisas com ela.

Ele ergueu as sobrancelhas e manteve uma postura educada no sofá.

— Tudo bem por aqui. A Candice saiu do país enquanto você estava fora. Está passando alguns dias em Riviera Maya, no México — explicou, pressionando os lábios.

— México? O que ela foi fazer no México?

— Tirar umas férias. Ela queria que eu a acompanhasse, mas eu trabalho demais durante a semana, então... — Ele abriu as mangas do terno, explicando.

— Entendi... — murmurei, desapontada, o que fez Aaron franzir o cenho.

— Desculpe a intromissão, mas o que você queria conversar com sua mãe? — Seu olhar estava carregado de preocupação.

— Nada de grande importância — respondi, tentando dar meu melhor sorriso, embora um pouco forçado. Levei a xícara morna aos lábios para um último gole.

𝐃𝐄𝐀𝐑 𝐋𝐔𝐂𝐈𝐅𝐄𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora