𝟒𝟒: 𝐒𝐜𝐚𝐫𝐥𝐞𝐭 𝐏𝐞𝐭𝐚𝐥𝐬

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09 DE MAIO || SÁBADO

Os pensamentos ruins tornaram-se meus maiores aliados, arrancando de mim qualquer vestígio de paz. Sentia-me inquieta, tomada por uma raiva fervente, com o sangue fervendo, a inquietação corroendo-me.

Mais uma noite amanhecia em claro, sentada na sacada do nosso quarto de hotel, com um baseado entre os dedos, apreciando a vista de Tóquio através do vidro. A sensação de queimadura interna corroía meu peito, deixando-me sem rumo.

Zeus estava ao meu lado, com o queixo deitado sobre minha perna direita. Suas pálpebras pesadas e sonolentas refletiam a minha inquietação, como se ele sentisse minha energia apenas com um olhar.

Ele se recusava a dormir, mesmo com minhas carícias em sua cabeça. Geralmente, ele dormia facilmente assim, mas hoje não. Zeus é um cão esperto, ele sabe que algo está errado.

Acariciando aqueles pelos macios, os pensamentos da noite de ontem com Kastiel inundaram a minha mente, despertando em mim sensações de satisfação, mas ao mesmo tempo de alarde. Ele pode querer se vingar, pois é a segunda vez que apronto com ele.

Ao lembrar disso, sinto fortes dores por dentro das minhas pernas, um incômodo que não me permite caminhar direito, sinto uma ardência em meus lábios íntimos e um desconforto bem no fundo das minhas genitais.

Kastiel era grande, e não estou falando apenas de tamanho físico.

Sem contar que ele não é nada gentil.

Com um sorriso travesso nos lábios, penso, valeu a pena.

Quatro batidas na porta me despertam do transe. Zeus acorda imediatamente, arrebitando as orelhas em atenção. Levanto-me em passos vagarosos, mordendo o lábio inferior pelo forte incômodo entre minhas pernas até a porta, hesitando um pouco antes de abrir. Ao fazê-lo, franzi o cenho, confusa.

— Dante?

— Posso falar com você um minuto? — perguntou serenamente.

Minha testa se enrugou de surpresa, mas assenti rapidamente.

— Claro, entre...

Afastei-me da porta, dando espaço para ele passar. Após fechá-la, caminhei calmamente de volta para a varanda. Zeus, agora sentado, ainda mantinha um olhar atento. Sentei-me novamente no chão, com certa dificuldade, sentindo o olhar de Dante pesar sobre mim.

Observei Dante sentar-se ao meu lado, com os olhos fixos na rua à nossa frente. A vista de Tóquio, com suas placas iluminadas em várias cores, era vibrante.

Seu silêncio se instalou, me deixando inquieta, mas então, ouço sua voz quebrar o silêncio.

— Eu fiquei sabendo de uma coisa através de Kastiel — começou, aumentando a minha inquietação.

— O quê?

Ele me olhou, seus olhos castanhos esverdeados vidrados nos meus, mantendo a frieza. Então, ele puxou o baseado da minha mão, levando-o aos seus lábios e inalando a fumaça para seus pulmões em uma tragada forte.

— Que ele te falou sobre o plano inicial da NSA para a sua entrada na Death Elite — explicou, expelindo a fumaça para o alto.

Meu olhar voltou para a frente e instantaneamente, apertei os lábios com força.

— Ele contou — afirmei, acariciando a cabeça de Zeus, ao meu lado oposto de Dante.

Observo Dante assentir pela visão periférica.

— Os riscos de você saber disso podem trazer graves consequências para você. Não era para você saber, mas você foi inteligente, manteve a discrição e não causou um espetáculo. É ótimo saber que você entende como tudo isso funciona. Apenas aceitou o seu destino, como nós aceitamos — continuou, tragando a fumaça do baseado, com seus olhos vidrados na vista à nossa frente.

𝐃𝐄𝐀𝐑 𝐋𝐔𝐂𝐈𝐅𝐄𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora