𝟒𝟕: 𝐐𝐮𝐞𝐞𝐧 𝐨𝐟 𝐂𝐡𝐚𝐨𝐬

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Nadine Petrov

Minha mente estava desperta, mas meus olhos relutavam em cooperar, cegos pela intensa luz branca que brilhava diretamente acima de mim. Meu corpo estava deitado sobre uma superfície fria, reconhecendo lentamente, o ambiente hostil ao meu redor. Com esforço, forcei minhas pálpebras a se abrir, apenas para ser confrontada por uma visão turva de um espaço ofuscante.

Pisquei várias vezes, tentando afastar a visão turva que me impossibilitava de enxergar. Finalmente, comecei a recuperar a clareza, sentindo a frieza do metal sob meus cotovelos, enquanto tentava me erguer. Com esforço, consegui me levantar um pouco, apoiando meu peso em meus cotovelos.

À medida que minha visão se ajustava, percebi que o quarto não era apenas branco, mas um lugar pequeno, com as paredes inferiores manchadas de vermelho vivo. Sangue.

Havia marcas, estampadas como cenas de filme de terror, de palmas humanas na superfície clara.

O som do meu coração retumbava freneticamente em meus ouvidos, pulsando desordenadamente no peito. Cada batida fazia minha boca secar, enquanto meu estômago se contorcia em um nó apertado de pavor.

Era medo. Muito medo.

Levantei-me da bancada com movimentos cautelosos, mordendo o lábio para conter o gemido de dor que a facada provocava. A mão instintivamente pressionou o ferimento enquanto me aproximava das paredes, meus passos lentos e inseguros. As marcas vermelhas, vivas e escarlates, mostrava algo que eu não podia acreditar, e entre elas, distinguia mãos pequenas.

Mãos de criança.

Minhas pálpebras pesaram sob as coisas que tomavam forma diante de mim. Tremendo, levantei as mãos, abrindo-as para ver o corte profundo que atravessava o centro da minha palma.

Meu olhar voltou para as paredes, e engoli a seco ao perceber que parte daquele sangue era meu.

Um som repentino da porta sendo aberta fez meu corpo saltar, um espasmo de pavor correndo por mim. Quatro figuras masculinas entraram, seus rostos escondidos por capuzes pretos, impossibilitando-me de reconhecê-los.

— Está acordada, Petrov? — debochou um dos quatro homens, fazendo os outros rirem.

— Bom dia, princesa.

Mantive o cenho franzido e a mandíbula tensa, encarando-os com hostilidade.

— Quem são vocês? E o que querem comigo?

Minha pergunta parecia não ter sido ouvida. Dois homens começaram a avançar em minha direção, enquanto outro fechava a porta e o quarto se tornava um círculo fechado ao meu redor.

Sem vacilar, permaneci com os pés firmes, o queixo erguido, e olhei diretamente para o primeiro que se aproximava.

— O que queremos com você, querida? — perguntou ele, parando bem diante de mim e puxando meu queixo para perto do seu rosto.

— Não estou interessada em joguinhos. Minha paciência se esgotou há muito tempo — respondi, dando de ombros com desdém.

Ele estreitou os olhos, estudando-me com um olhar penetrante.

— Ela é uma cópia exata dele — murmurou o homem que observava de longe, braços cruzados.

— Exatamente — confirmou o homem à minha frente, enrolando uma mecha do meu cabelo nos dedos e forçando meu queixo em direção à bancada onde eu estava deitada. — Agora, querida, vamos ter que te prender ali. O seu castigo ainda não acabou.

— Como assim? — rosnei, entre dentes.

— Você é nossa.

Ele soltou meu queixo. Eu recuei instintivamente, mas os homens se aproximaram mais.

𝐃𝐄𝐀𝐑 𝐋𝐔𝐂𝐈𝐅𝐄𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora