Trégua

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POV LUIZA:

A sexta amanhece mais quente que o normal, não que o Rio de Janeiro costume ser um lugar fresco, na verdade aqui é sempre meio quente, mas hoje a sensação é de que vou derreter a qualquer momento.

Começo a me arrumar para as aulas, tomo um banho rápido, visto meu collant preto e na parte de baixo um shorts de academia mais soltinho. O cabelo ganha um coque alto e meus pés a boa e velha papete.

Como foi combinado ontem, me direciono ao quarto de Benjamin, hoje é meu dia de ser responsável por ele, ontem a Valentina falou com a tal Jéssica, ela disse que estaria aqui as 08:00 em ponto, então tenho exatos quarenta minutos para deixar o Benjamin banhado e alimentado para quando a babá chegar e assumir os cuidados dele até às 19:00.

- Bom dia, dorminhoco. -- Passo o indicador pelo nariz dele.

Ele só resmunga e tenta virar de costas pra mim.

- Um passarinho me contou que tem uma tal de Jéssica que você gosta muito... -- Insisto. -- E parece que ela tá chegando pra ficar com você em.

Olhos começam a querer abrir, mas ele ainda tem uma cara de pouquíssimos amigos pra mim.

- Você vai querer estar cheiroso e de barriga cheia pra brincar bastante com ela, não vai?

- A gente pode jogar no video game? -- Boceja.

- Ah, você vai precisar perguntar pra ela se ela quer. -- Ajudo ele a sair da cama. -- Agora vamos tomar banho?

Depois de um banho meio de gato que consegui dar em Benjamin porque ele não parou quieto, preparei o café da manhã pra ele e enquanto ele se esbalda com os ovos mexidos eu tomo meu café rolando sem parar meu feed no Instagram.

- Bom dia, família. -- Valentina sorri implicante para mim.

Ela tá bem bonita, uma calça social preta cintura alta, uma regata soltinha que deixa meio amostra a lateral dos seios também na cor preta, e nos pés um mocassim que deixa ela um pouco mais alta do que é de verdade. O cabelo está solto como de costume, mas o óculos de sol no topo da cabeça da um charme e tanto... Por que eu tô reparando nela?

- Não somos uma família. -- Reviro os olhos.

- Eu não falei com você. -- Beija a cabeça de Benjamin. -- Sobrou café?

Não respondo de primeira, ela fica me encarando na expectativa da resposta.

- Ah, agora é comigo? -- Esbarra em mim de propósito quando vai olhar se ainda sobrou café na cafeteira.

Ela tá bem perto, nunca reparei que o perfume dela era tão bom, ou será que esse é o cheiro do shampoo dela? Meu Deus, o que tá acontecendo comigo? Acho que deve ser só a seca milenar que eu estou, preciso urgentemente sair com alguém.

Alguém bate na porta da casa, Benjamin fica mais inquieto do que já é naturalmente, deduzo que seja a tal Jéssica. Mas como foi que ela entrou no condomínio sem a nossa autorização?

- Deixa que eu abro pra ela. -- Valentina se antecipa.

- Você liberou a entrada dela no condomínio?

- Ela mora no condomínio. -- Diz e sai em direção à porta.

Desço Benjamin da cadeira em que ele está sentado e ele dispara atrás de Valentina, também vou caminho em passos lentos na mesma direção.

- E aí, gatinha? Como você tá? -- Valentina abraça a menina.

Isso mesmo, Jéssica é só uma menina. Não deve ter mais que dezesseis anos, como minha amiga tinha tranquilidade mental pra deixar o filho sendo cuidado por uma adolescente?

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