O Testamento.

Epílogo

{6 anos antes do acidente}

POV DUDA:

- Amor, você viu minha irmã? -- Igor pergunta assim que me entrega mais uma taça de drink.

- Disse que ia tentar acalmar aquela esquisita da namorada dela.

- Acalmar por que?

- A doida surtou porque ela e a Luiza saíram juntas no final, de acordo com a Geovana, a Luiza estava perto demais.

- Mas em partes isso é verdade. -- O encaro em confusão. -- A gente só pediu pra elas saírem juntas no final, ninguém falou nada sobre dar as mãos.

- Elas seguravam a mão uma da outra igual uma mãe segura de um filho, a Geovana que é fora da caixinha.  -- Entro em defesa da minha amiga. -- Já vou logo avisando, se ela vier com grosseria pro lado da Luiza eu vou colocar ela pra fora da festa.

- E sabe que automaticamente estará colocando minha irmã também, né?

- Não, ela fica se quiser.

- Como se fosse...

- Gente, o que deu na criança crescida de vocês? -- Luiza aparece interrompendo a fala de Igor.

- Quem? -- Igor pergunta mudando o foco de mim para minha amiga.

- Sua irmã e a aquela maluca que ela namora. -- Luiza explica. -- A garota quase me mordeu ali no banheiro, não entendi nada, falou alguma coisa de traição e que ia matar sei lá quem... a Valentina finalmente descontou os chifres?

- Minha irmã não trai. -- Igor defende.

- É, ela tá mais pra corna mansa mesmo. -- Luiza implica e Igor bufa antes de sair rumo ao banheiro feminino. -- Eita, exagerei?

- Sei lá, depois do sétimo drink eu perdi meu bom senso, estou bem pertinho de jogar a Geovana na piscina por todas as vezes que ela estragou o momento para a Valentina. -- Respondo antes de virar o resto do drink vermelho que seguro.

Luiza fica em silêncio assistindo a festa rolar ao meu lado. Sei que eu argumentei dizendo que minha cunhada e minha amiga seguraram as mãos como mãe e filha, mas tinha mais alguma coisa ali. Minha cunhada não tirou os olhos da Luiza desde o momento em que chegou para o casamento, e a Luiza não teceu nenhuma crítica à Valentina desde os ensaios para o casamento, achei até que elas pudessem estar se entendendo.

- Ela devia terminar. -- Luiza diz quando eu achei que a conversa já estava encerrada.

- Devia sim. -- Concordo. -- Mas acho que tem muita dependência emocional envolvida, ela não consegue.

- Como uma mulher igual a Valentina se sujeita a um relacionamento todo errado?

Luiza está conversando comigo mas não me olha, está com os olhos perdidos na movimentação da festa, parece até que está mais pensando alto que falando comigo de fato.

- Uma mulher igual a Valentina? -- Incentivo que continue.

- Sim, ela é bonita, Duda. Tem dinheiro, contatos, consegue a mulher que quiser na hora que quiser, porque ficar se encolhendo para caber no mundinho tóxico da Geovana?

- Ela é bonita?

- Claro que é, não sou cega.

- Consegue a mulher que quiser?

- Acho que sim, não convivo tanto com ela pra ter certeza.

- Até você?

- Ela não faz meu tipo.

- Certo, vai me dando notícias, amiga. -- Implico.

- Ah, vai caçar seu marido, vai. -- Responde antes de sair andando rumo ao bar.