O Testamento.

O melhor pra mim

POV LUIZA:

Quando cheguei em casa com a Valentina, Yasmin estava na sala com a maior cara de preocupação que já vi. Benjamin já estava na cama e casa estava em silêncio absoluto. A loira me ajudou muito com a Valentina, foi ela quem preparou nossa cama enquanto eu ajudava Valentina no banho. Minha namorada acabou passando mal, não acho que a culpa foi toda do uísque, acredito que boa parte foi por conta de todo o estresse.

Não preguei o olho um segundo essa noite com medo de alguma coisa acontecer com ela ou dela levantar para beber outra vez. É esquisito, no começo disso tudo, eu quase chegava a torcer para que ela fizesse alguma besteira e eu pudesse tomar a guarda toda pra mim. Mas ontem, quando ela disse que abriria mão, a pontada que essa frase deu no meu coração não pode ser descrita.

- Você não dormiu nada, né? -- Ela cochicha ainda com os olhos fechados.

- Não... -- Deposito um beijo em sua testa. -- Como você está?

- Com um pouco de dor na cabeça, uma vontadezinha de vomitar e o canto do meu olho está ardendo. -- Passa o dedo por cima do arranhado.

- Acho que sua mãe bateu a unha aí. -- Tiro sua mão com cuidado e beijo por cima do machucado.

- Seu rosto tá vermelho, linda... -- Analisa a marca em minha bochecha e o corte em meu lábio. -- Me desculpa, me perdoa pelo amor de Deus.

- Não, amor. Você não precisa se desculpar comigo, você não fez nada.

Com a mão por cima da mancha meio arroxeada em minha bochecha, como se precisasse esconder minha fragilidade, vejo seus olhos se encherem novamente.

- Ei, não... Não precisa chorar, nem tá doendo tanto assim. -- Minto.

- Eu bebi, me desculpa, eu sou uma idiota.

- Não, não é não. -- Puxo ela para mais perto e ela se aconchega em mim. -- Ontem foi um dia muito complicado mesmo. Mas eu preciso entender o que foi que aconteceu, em uma hora você me disse que só precisava de um ar e no segundo seguinte a Geovana estava com seu celular... você pode me contar qualquer coisa, eu juro que vou tentar me colocar no seu lugar. Você acabou tendo uma recaída com ela também?

Essa última pergunta quase me rasgou a garganta, como eu torço para que a resposta seja negativa.

- Não, linda! Eu nem lembrava onde eu tinha deixado o celular, eu só esqueci ele em algum canto.

- Me conta, me conta o que aconteceu. -- Peço usando minha voz mais calma. -- Onde você arrumou uísque? Eu me certifiquei de que não serviriam na festa.

- Antes eu preciso que você entenda que eu já estava a ponto de fazer besteira. Se não me dessem aquela garrafa eu iria atrás de uma. Minha cabeça estava uma bagunça, eu odeio estar no mesmo ambiente que meus pais, as imagens do meu pai batendo no Igor sem medir forças me causam o mais profundo ódio. -- Chora baixo em meu peito. -- Minha mãe me tira qualquer resquício de sanidade, e dessa vez ela aprimorou a tortura e trouxe a porra da mulher que me traiu.

- Meu amor, eu não culparia você nem se tivesse saído e comprado você mesma a garrafa, sei que é um vício e já te vi se controlando por meses, é normal cair as vezes. -- Afago seus cabelos. -- Mas eu sei que você não comprou, ou eu teria te encontrado no bar e não na sala de Igor. Quem te deu a garrafa?

•FLASHBACK•

POV NARRADORA:

Daniela nunca deu aula para pessoas com muito dinheiro, foi uma surpresa e tanto quando sua amiga e colega de trabalho Luiza, por quem ela sempre guardou uma certa fixação, lhe indicara para seus melhores amigos que estavam com o casamento marcado.