Matilda

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O que vocês não me pedem com jeitinho que eu não faço?
Continuem comentando bastante, minha maior diversão é ler o que vocês deixam.
Aproveitem o capítulo.

POV LUIZA:

Depois que eu finalmente criei coragem pra sair do estacionamento do hospital, vim direito pra casa, já vai dar uma da manhã e não tenho certeza se Valentina e Benjamin já estão de volta, mas espero que sim.

Faço a curva que dá para nossa casa e o carro de Igor, agora da Valentina, já está na garagem ao lado da moto dela. Estaciono o meu ao lado e demoro alguns minutos sentada no banco do motorista. Que porra de noite foi essa? Quando eu volto das aulas de sábado, normalmente a Valentina deixa a luz da entrada ligada pra quando eu chegar, mas hoje está apagada, sinto como se eu não devesse estar aqui.

Pego minhas coisas no banco do passageiro e tiro os saltos para não acordar Benjamin com o barulho no chão de madeira. Assim que entro na casa vejo que as luzes do andar de baixo estão todas desligadas, penduro minhas chaves e vou em passos silenciosos até meu quarto.

Já no topo da escada percebo que a luz da biblioteca está ligada, estranho, a Valentina quase não entra lá, diz que sente vontade de chorar quando vê os instrumentos de Igor. Caminho até lá na intenção de desligar a luz, mas quando estou quase chegando escuto o piano.


Valentina está sentada de costas para a porta, aperta as teclas do instrumento com profunda intimidade fazendo parecer que toca todos os dias. Observo melhor e percebo que ela está usando o antigo sling de Benjamin, eu dei pra Duda assim que ela descobriu a gravidez. O pequeno está ajeitado entre o pano e o peito da tia, parece dormir pesado enquanto escuta o mesmo som que eu sei que Igor o proporcionava em vida.

Não demora e eu identifico a música, Matilda do Harry Styles.

- "You can let it go
(Você pode deixar pra lá)
You can throw a party full of everyone you know
(Você pode dar uma festa cheia de todo mundo que você conhece)
You can start a family who will always show you love
(Você pode começar uma família que sempre vai te mostrar amor)
You don't have to be sorry, no.
(Você não tem que se desculpar, não.) " -- Ela canta.

Não faço ideia do que está acontecendo comigo, mas antes que eu possa pensar em controlar meus sentimentos sinto as lágrimas molhando meu rosto, a frase de Mariana dando voltas em minha mente: "E você recuou, então algo no seu subconsciente acha que ela está certa." . Tenho a sensação de que posso vomitar a qualquer momento, saio apressada dali e me tranco em meu quarto.

POV VALENTINA:

Acordo sentada em uma poltrona da biblioteca da casa, com certeza minha coluna vai me castigar mais tarde. Benjamin ainda está dormindo no sling, uma mão segura sua inseparável naninha e a outra a gola da minha camiseta.

Depois que chegamos do hospital ontem eu fiquei com medo dele dar febre de novo e estar longe de mim, então desenterrei o sling no fundo do armário dele e literalmente fiquei andando por aí como uma mamãe canguru. Será que é esquisito se eu disser que amei a sensação? Porque eu amei, por mim a gente só anda assim de agora em diante. Mas conhecendo meu sobrinho, assim que ele estiver 100% não vai nem me deixar cogitar a ideia de fazer ele ficar amarrado em mim o tempo todo.

Luiza não voltou pra casa ontem, fiquei acordada até quase três da manhã tocando e nada dela. Era de se imaginar, ela bem que avisou que não voltava e eu também meio que mandei ela desaparecer, agora é lidar com as consequências dos meus desejos.

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