Capítulo 22

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Ana Beatriz

A dor que senti quando laranjinha me encarou e permaneceu calado apenas confirmou as minhas suspeitas. Senti as lágrimas escorregam pelo o meu rosto e rapidamente limpei. Ele me olhou com pena.

A vergonha me tomou, os tremores aumentaram e a minha vontade era sair correndo pra bem longe dali. A dor de ser traída é tão forte e dura que parece que uma faca atravessou seu peito. A primeira pergunta que passa pela a sua cabeça é: " Por que?" Em seguida vem a culpa, você se questiona em que você errou, o que deixou de fazer e ainda tenta encontrar motivos que justifiquem aquela atitude.

Laranjinha: Aí mina, namoral mermo. Vou te falar um bagulho, um papo firme. Tu tem certeza que quer viver desse jeito? Meu parcero tá na onda hoje, mas eu tô ligado que essa não vai ser a primeira nem a última vez que esse bagulho vai acontecer não. - falou enquanto me olhava.

Ana: Mas eu sei que ele vai mudar. - falei firme tentando parecer forte.

Laranjinha: O Mano sabe que é gamada nele. E ele tá lá pegando uma e outra enquanto tu tá aqui por ele. Namoral mermo, não vou me meter nessa tua parada não. Mas só vou te dizer uma coisa, eu já sou vivido, tenho idade pra ser teu pai e não ia querer ver uma filha minha passando por essa fita não. - falou com raiva.

Ana: Mas eu sei que ele me ama, ele vai descobrir isso, ele vai mudar por mim, o tempo resolve tudo, você vai ver. - falei decidida.

Laranjinha: E o quanto tu vai sofrer esperando ele deixar de agir feito comédia? Segue a tua vida, tu é uma mina maneira, que batalha e busca progresso. - falou balançando a cabeça enquanto ligava a moto e saia voado dali.

Entrei naquela casa com o coração triste, o choro preso na garganta, afinal, as lágrimas que saiam dos meus olhos não conseguiam retirar do meu corpo a dor forte que eu sentia.

Assim que cheguei no quarta a mochila escorregou e caiu no chão. Eu me sentei naquela cama onde eu havia ficado por horas e horas da noite anterior sendo tocada e amada, me sentindo a mulher mais feliz e completa do mundo.

Em que momento eu não bastei para ele?

Em que momento ele precisa de outras?

O que fiz de errado?

Os pensamentos dominavam a minha mente. O meu corpo doía e a minha cabeça parecia girar. Essa era dor de um coração partido.

Gritos saíram da minha garganta, as lágrimas frenéticas escorriam pelos meus olhos, o meu corpo, fraco demais pesou e de repente eu estava ao chão, abraçando os meus próprios joelhos, suplicando a Deus que o homem que eu sempre amei mudasse, por mim, por nós e pela família que construiriamos.

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Cada vez piora mais.

A dor que ela tá sentindo é dura demais.

Será que laranjinha tem razão?

LEÃO (2° Temporada da Trilogia: Realidade da Favela)Onde histórias criam vida. Descubra agora