LEÃO (2° Temporada da Trilogia: Realidade da Favela)

Capítulo 58

Sergio: Eu sei que essa questão de viver com alguém é algo foda. Faz um tempão que vocês estão juntos. Eu conheço o Leão e sei que nessa hora ele deve tá tomando o maior sermão da Águia. - falou tranquilo.

Ana: Eu fiz de tudo por nós mas chega um momento que não dá mais. - falei triste.

Sergio: Eu te entendo, mas dá um tempo pra o mano pensar. Foi foda as coisas que ele passou com a outra mina. - falou sério.

Ana: Como você sabe? - perguntei confusa.

Sergio: Ele é meu amigo, desde moleque que eu sei das paradas dele. Ele sempre foi mais cabeça que eu, mas depois daquela mina a mente dele pirou. Até eu que sou bem mais doidão que ele comecei a falar umas paradas de progresso até que tu entrou de vez na vida dele e começou a trazer ele de volta. - falou sério.

Ana: Eu espero que ele realmente reconheça isso, porque isso está sendo muito difícil pra mim.

Ficamos mais um tempo ali conversando. Ele me ajudou muito... Eu sabia que eles eram amigos, afinal sempre andavam juntos para as revoadas.

Ainda assisti as duas últimas aulas, mesmo estando de corpo presente a minha mente estava bem longe dali.

Sai da faculdade me perguntando como iniciaria a conversa com as crianças. Mas assim que cheguei em casa não havia ninguém.

Ana: Cadê os meninos ? - perguntei assim que o Pedro atendeu o telefone.

Pedro: Tá preocupada por quê? - decobochou de mim.

Ana: Pedro, cadê A Bela e o Ravi? - perguntei com raiva.

Pedro: Na hora de tu tá com macho tu não se preocupa com eles então porque agora tu quer saber? - falou com raiva.

Ana: Que macho? Você tá louco? - perguntei incrédula.

Pedro: Tu mal me largou e já tá querendo pegar um mano do movimento, nossa Aninha, achei que tu ia preferir um filhinho de papai... - falou debochando mais uma vez.

Ana: Eu vou agora descobrir onde os meus filhos estão. - gritei e desliguei a ligação.

Assim que abri a porta de casa um dos vapores me parou e entrou na minha frente.

Vapor: Aí, o patrão deu a ordem que tu não pode sair. - falou todo sem graça.

Isso nunca aconteceu e a minha primeira reação foi ficar paralizada. Logo a raiva me consumiu, eu não conseguia acreditar que ele está a realmente querendo me controlar.

Ana: Não entendi, o que você falou? - perguntei mais uma vez.

Vapor: Tu não vai poder sair. - falou com o rosto sério tentando me colocar medo.

Eu olhei para o menino diante de mim e me dei conta que ele não tinha culpa, afinal estava ali para seguir as ordens do Pedro.

Entrei de volta em casa, peguei o meu celular e liguei para a Agatha que me atendeu no segundo toque.

Agatha: Oi Ana, que estranho você me ligar esta hora, está tudo bem? - perguntou de forma preocupada.

Ana: Eu queria saber se as crianças estão por aí ainda, porque eu já cheguei em casa e elas não estão aqui... - tentei explicar.

Agatha: Claro que estão, o Pedro disse para dormirem aqui porque ia sair com você... Ana, vocês brigaram ?- perguntou desconfiada.

Ana: Sim. Eu terminei tudo... Amanhã eu vou até aí pra a gente conversar melhor. Pode ser? - perguntei.

Agatha: Meus deus, não acredito! Espero que tudo se resolva... Até amanhã então! Pode ficar tranquila que já obriguei todos dormirem, inclusive o Ravi que veio querer me convencer deixar ele jogar mais uma hora... até de vó ele me chamou, acredita ? - falou rindo...

Ana: Eu tenho certeza que você acabou deixando... - falei sorrindo.

O Ravi era assim, ele era manipulador demais, sem condições.

Agatha: Ana do céu! Como você pode achar isso? - deu uma risada- Claro que Deixei né! - falou rindo.

Nos despedimos e eu me preparei para dormir em um silêncio até então desconhecido por mim.

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120 estrelas para o próximo capítulo!