Capítulo 31

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Ana Beatriz

Dr: Desde a hora que você começou a contar a conversa que vocês tiverem e o acordo que fizeram, você só me mostrou coisas que ele pediu pra você aceitar, mas não lembro de nenhum termo imposto por você. Além disso, notei que você nunca pensou na possibilidade de que estar junto a ele possa te fazer sofrer ainda mais do que estar sem Ele. Você já pensou no que você vai sentir em cada momento que descobrir que ele ficou com outra pessoa ou o quanto vai se sentir machucada a cada vez que ele te tratar mal? - perguntou de forma leve e tranquila.

Eu parei, tentei raciocinar tudo aquilo que ele me disse, pensei, não consegui falar, apenas abaixei a minha cabeça e passei a mão no cabelo nervosa.

Ana: Mas doutor, eu o amo. - falei suspirando.

Dr: você tem defeitos Ana? - me perguntou interessado.

Dei uma risad de alívio, eu me senti aliviada por aquela conversa tomar outro partido, então concordei.

Ana: Tenho vários doutor, muitos mais do que imagina. - falei rindo.

Dr: Você encontra defeitos em si mesma, mas não consegue encontrar defeitos no seu parceiro, ou seja, você idealiza ele como um alguém acima de tudo, você o tem como algo perfeito e cada atitude errada dele você justifica e fecha os olhos.

Não consegui falar, fiquei apenas observando.

Dr: Você precisa olhar pra ele e tentar enxergar além do sentimento que você sente. Você tem que olhar para ele como um homem real e não como o homem que você sonhava enquanto ainda não o conhecia. - falou sério.

Dr: Quero que comece a observar se você é merecedora de cada atitude que ele tiver com você. Quero que perceba os seus sentimentos nas situações que você vivência ao lado dele, nomei os seus sentimentos, seja a raiva, a decepção, alegria ou felicidade. Quero que você anote cada vez que sentir algum sentimento e que traga esse papel para a nossa próxima consulta. - falou tranquilo.

Eu apenas o observei, agradeço e sai de lá com a cabeça fervilhando. Eu não conseguia parar de pensar nas suas palavras, nos momentos que me fizeram chegar até aqui, nunca me senti tão confusa e perdida.

Cheguei em casa e comecei a organização para ir para a faculdade, hoje eu iria apenas buscar as minhas notas e confirmar se estava tudo resolvido para enfim encerrar a unidade.

Na hora de me levar quem chegou foi o laranjinha, ele me levou e também foi me buscar. Na hora que cheguei em frente a minha casa notei que todas as luzes estavam apagadas, então perguntei ao laranjinha assim que desci da moto:

Ana: O Pedro ainda está na Boca ? - perguntei desconfiada.

Laranjinha: Vai na fé Ana, acho que ele só cola aqui amanhã. - falou sem me olhar e não foi preciso perguntar mais nada, pois minutos depois nos grupos de fofoca vi as fotos do meu namorado em uma festa na casa de um dos meninos envolvidos.

Enquanto eu estava na faculdade eu tinha feito planos de chamar ele pra sair e irmos juntos comemorar as minhas excelentes notas, mas ele estava ocupado demais para dar importância a isso.

Neste momento lembrei das palavras do doutor Fernando e de tudo que conversamos, fiquei ainda mais confusa e não consegui me concentrar em nada, até que peguei um caderno e em uma folha escrevi a primeira palavra:

Solidão...

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LEÃO (2° Temporada da Trilogia: Realidade da Favela)Onde histórias criam vida. Descubra agora