Capítulo 41

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Ana Beatriz

Eu olhava aquela cena com horror. Como assim "chefe"? O menino tinha idade pra estar brincando na rua e não envolvido no crime.

Ana: Leão, quero falar agora com você. - falei com raiva e o menino pediu a autorização pra sair dali.

Na frente de qualquer pessoa eu tinha que chamar ele pelo vulgo. Nomes deveriam permanecer guardados.

Ana: Que história é essa de chefe? Você tá louco, o menino é uma criança!! - aumentei o meu tom de voz. E em seguida continuei.

Ana: você só pode estar de brincadeira! O menino é uma criança, pelo amor de deus. Eu esperava tudo de você, menos isso. - falei acusando ele.

Leão: Ei, calma... - falou se aproximando de mim.

Ana: Não se aproxima de mim! - gritei.

Leão: Ana, pelo amor de deus, me deixa falar - passou a mão no cabelo nervoso.

Fiquei calada enquanto ele se aproximava e sentou na beirada da cama.

Leão: Ele não tem ninguém. Você acha que eu queria ele vivo depois do que ele fez com você? Pelo contrário. Mas acredite em mim, eu dei a ele um motivo pra viver, dei a ele segurança. Agora ele tem pessoas por ele e antes ele... Olha, vou te passar que esse proceder foi o melhor pra ele. A vida é dele e pode ser que um dia tu entenda a minha decisão. Mas acredita em mim, ele tá bem melhor agora.

A forma com que o Pedro falou foi estranha, eu percebi que essa história era muito mais do que ele estava me dizendo, mas eu iria confirmar tudo isso no dia seguinte quando eu conversasse com a Agatha ou até com esse mesmo garoto.

Ana: Tá certo. - falei por fim.

Fiquei na cama assistindo e o menino ficou perto da porta do quarto, notei que volta e meia ele olhava para a televisão, mas em seguida ele baixava o olhar.

Resolvi colocar um filme da Marvel e notei que ele olhava para a televisão com muito mais frequência, apesar de desviar os olhos todas as vezes que eu o olhava.

E assim passaram alguns dias. Alemão e laranjinha seguiram realmente para uma missão, Agatha havia confirmado isso há alguns dias atrás.

Agatha: Você já está liberada para andar e fazer algumas coisas, mas cuidado não vai com muita sede ao pote. - falou sorrindo.

Ana: Graças a Deus, não vejo a hora de voltar pra a faculdade. Essa história de estudar online é péssima. - falei suspirando.

Agatha: Nada de faculdade presencial por enquanto. - falou de um jeito estranho.

Ana: Mas você me disse que eu... - as palavras morreram na minha boca quando eu percebi a forma com que ela me olhou.

Ana: Agatha, o que está acontecendo? - perguntei desconfiada.

Agatha: Você vai ter que passar um tempo sem sair do morro, acredite em mim, nós estaremos mais seguros aqui. - falou seria.

Depois da nossa conversa a Agatha acabou indo embora. Mas os meus pensamentos me deixaram inquietas e resolvi dar uma volta pelo morro.

Como sempre o escorpião estava junto a mim, sempre calado e sério ele nunca respondia as minhas perguntas. Eu conversava mais sozinha do que com ele.

Caminhamos até a pracinha e eu sentei em um dos bancos. Já era final da tarde, mas o calor ainda estava forte.

Ana: Escorpião, como ali dois sorvetes... - falei e ele apenas se levantou e saiu andando. Ele nem concordava, nem discordava, apenas fazia o que eu falava.

Assim que ele voltou peguei apenas um dos sorvetes da sua mão.

Ana: O outro é pra você. Pode sentar aqui se quiser, te garanto que estou segura e que não vai acontecer nada comigo. - falei de um jeito tranquilo.

Ele me olhou desconfiado e não pensou duas vezes em começar a tomar o sorvete que acabou bem mais rápido que o meu.

Ficamos nessa mesma rotina, outros e outros dias...

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Bom dia 🌸

LEÃO (2° Temporada da Trilogia: Realidade da Favela)Onde histórias criam vida. Descubra agora