Capítulo 45

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Beatriz

Após conseguir dormir cerca de duas horas, acordei em meio a um pesadelo sobre essa história tão triste.

Pedro Henrique ainda dormia e eu apenas me levantei e saí do quarto. Assim que passei pela sala notei que uma pessoa estava no sofá, era o escorpião.

Ele não havia ido embora. Notei que ele estava suado, então peguei o ventilador e liguei próximo a ele, que continuo dormindo, agora de um jeito mais cômodo.

Fiz um café forte, e após duas canecas já sentia o sono ir embora. Caminhei até o quarto de hóspedes e assim que abri a porta tentando fazer o mínimo de barulhos notei que a menina estava sentada na cama de forma assustada.

Ela tinha as pernas dobradas junto ao corpo e as mãos entrelaçadas numa forma de se proteger. A expressão de medo e pavor no seu rosto enquanto me encarava me partiu o coração.

Beatriz: Olá! - falei baixinho enquanto me aproximava dela, que tentou se afastar de mim.

Beatriz: Eu sou a Beatriz... Você está com fome? - perguntei sem jeito enquanto eles me olhava com medo.

Beatriz: Eu vou pedir alguma coisa pra a gente tomar café, você quer algo especial?  - tentei novamente e ela apenas me olhava assustada.

Beatriz: Vou te contar um segredo... Eu tenho o poder de conseguir trazer pra você qualquer coisa que você queira comer, então que tal você me dizer o nome da coisa mais gostosa do mundo pra a gente tomar café? - falei de um jeito divertido imitando uma das fadas que eu assistia quando criança.

Ela me olhou desconfiadas e então dei um sorriso leve e simples. Achei que novamente eu não teria sucesso, até que ela sussurrou baixinho:

"Eu adolo donone..."

Beatriz: Então, quer dizer que essa princesa gosta de Danone? - falei como se fosse um segredo.

Ela sorriu novamente, dessa vez um sorriso bem mais visível.

Beatriz: Então a tia Beatriz vai comprar um, ou melhor dois danones pra você! - falei sorrindo.

Ela sorriu novamente com uma expressão mais suave.

Beatriz: Como você deu um sorriso lindo, a tia vai trazer muitos danones pra você! - falei e dei palminhas em comemoração, ela me olhou desconfiada, mas logo bateu palminhas como eu tivesse lhe dado algo extremamente grandioso.

Desci com ela que resolveu pegar na minha mão. Falei com os seguranças que ficavam na porta para comprar algumas coisas para tomar café, incluindo os danones e alguns salgados de padaria.

Levei ela para a cozinha e enquanto eu preparava o café da manhã ela apenas me encarava desconfiada.

Algum tempo depois dela ter comido o seus danones como se aquilo fosse algo extremamente precioso, ouvi um barulho vindo da sala e em seguida notei quando o escorpião entrou na cozinha com uma cara de sono.

Beatriz: Bom dia pra você também. - falei séria pra ele que só me encarou com a cara feia.

Escorpião: Tô todo quebrado irmão, sofá duro da porra Beatriz. - falou fazendo pouco caso.

Beatriz: Você comece tendo educação e respondendo o bom dia que eu lhe dei e pare de falar palavrão porque você ainda é uma criança. - falei séria e ele só me olhou com a cara pior ainda.

Ele odeia quando eu chamo ele de criança.

Escorpião: Bom dia pra tu, mas se liga que eu sou criança não, sou sujeito homem. E bom dia pra tu também parceira - falou olhando pra a menina que apenas nos encarava com desconfiança.

Beatriz: Apesar de você quase nunca falar comigo, eu comprei pra você aquelas porcarias que você come. - falei entregando a ele uma coxinha e outros salgados que estavam dentro de uma bolsa.

Escorpião: Agora eu dou valor, tu é foda Beatriz - falou sorrindo.

Leão: Tu respeita a minha mulher, tá querendo morrer comédia? - falou com a voz grossa e automaticamente a menina se assustou e começou a chorar.

Leão me encarou sem saber o que fazer, todos ficamos em silêncio ouvindo apenas o barulho do choro dela.

LEÃO (2° Temporada da Trilogia: Realidade da Favela)Onde histórias criam vida. Descubra agora