Agatha
Senti quando as suas lágrimas mudaram os meus ombros. Ela era uma menina tão esforçada e dedicada, trabalhada com a mãe e ainda estudava todas as noites com um único sonho: "vencer na vida".
Ela não queria ser mais uma das várias e várias estatísticas que determinavam o fracasso das pessoas que nascem e crescem e favelas, estatísticas essas que não entendem como de fato é a vida aqui.
Eu investiguei a vida dela, busquei todas as informações, tive medo de que pudesse ser exatamente como a outra... afastei as lembranças ao perceber que ela já estava melhor. Desfiz o abraço e tentei encarar ela.
Ana: Eu não sei o que fazer. Tenho medo dele nunca mudar, medo de eu nunca bastar pra ele. - desabafou de forma triste.
Agatha: Ana, se você não for o suficiente pra ele a culpa não será sua. Ele é meu filho e eu o amo demais, mas não posso dizer que ele está certo nas atitudes. - falei séria.
Agatha: Você precisa se priorizar, precisa cuidar de você. Se você não der valor a si mesma, quem vai dar? - perguntei e ela apenas balançou a cabeça em negação.
Ana: Ele quer que eu venha morar aqui, eu não aceitei e veja só como ele chegou. A culpa é minha. - suspirou triste.
O semblante de tristeza, a expressão de cansaço e a culpa eram tão evidente nela.
Agatha: Você colocou o copo na mão dele? Você o obrigou a beber? Não. Você não pode se culpar pelas escolhas dele. Amanhã eu conversar com ele, não vou me meter na vida de vocês, mas vou falar verdades que ele precisa ouvir. - falei decidida tentando não amedrontar a pobre garota diante de mim.
Ana: Não se preocupe, vou ficar bem. - falou rápido secando as lágrimas e me encarando.
Me aproxei dela mais uma vez e toquei em seus rosto.
Agatha: Todo mundo tem o direito de ficar mal. Você não está bem e quanto mais você tenta esconder pior ficará. - falei pausadamente. - você precisa de ajuda Ana Beatriz. Precisa compreender o tamanho desse sentimento, precisa aprender a cuidar de você, se proteger de se mesma. - falei decidida.
Ana: Não quero preocupar ainda mais a minha mãe. - respirou fundo.
Agatha: Eu vou marcar uma consulta pra você no postinho, lá tem uma ótima psicóloga que pode te ajudar. Quero que você vá pra lá pra cidade de si mesma. Independente de você ficar ou não com o meu filho, eu quero ver você bem. Houve uma época em que eu também cheguei no abismo e precisei de ajuda para me livrar de coisas e abrir espaço para outras. - falei firme.
As lembranças do meu passado ainda eram aterrorizantes, eu tinha pesadelos frequentes, Alemão sempre me ajudava, no fundo ainda restava culpa por tudo que ele me fez passar.
Mas cada dia ele me mostrava o quanto havia evoluído, por mim e pela nossa família. Ele mudou muito. Nós tínhamos nossas diferenças e brigávamos como qualquer casal, mas no fim a minha palavra vencia. Não demorava muito pra ele olhar nos meus olhos e dizer que não conseguiria viver sem mim.
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LEÃO (2° Temporada da Trilogia: Realidade da Favela)
RomanceROMANCE DARK Ana Sabe o amor de infância de toda menina? Aquele amor platônico que te enlouquece e você faz de tudo para vivê-lo? Desde pequena eu o via pelo morro e tinha certeza que ele seria o homem da minha vida. Ele tinha um jeito frio, sempr...