Beatriz
Ele se levantou e olhou pra mim. Ele tinha um expressão confusa, triste e infeliz. Se para mim era complicado lidar com tantos sentimentos, imagina para ele que descobriu a morte de um filho de forma tão drástica.
Beatriz: Eu entendo que você está passando por um momento difícil. - falei de forma tranquila.
Pedro Henrique: Eu joguei a maior responsabilidade em cima de tu, na hora não pensei em nada, só trouxe a menina pra cá. - falou desabafando.
Me levantei e cruzei as minhas pernas apenas ouvindo o que ele tinha a me dizer. Eu conseguia ver culpa no seu olhar. Na noite passada ele me confessou entre lágrimas que era sua culpa o que havia acontecido.
Eu tentei explicar várias e várias vezes que ele não tinha culpa, mas ele continuava se culpando.
Agora eu conseguia ver que ele se sentia mal por me arrastar pra toda essa situação.
Pedro: Tu fechou comigo e eu fui um moleque contigo, reconheço o meu erro nessa parada. Mas também não é justo te arrastar pra mais um vacilo meu. Tu não tem que carregar essa responsabilidade. - falou sério olhando pra mim.
Eu entendi o que ele queria dizer, compreendi que ele não queria que eu sentisse a responsabilidade de ter que criar não só uma criança e sim duas.
Quero ou não agora tudo iria mudar, a nossa convivência não poderia mais ser como antes, eu não poderia fazer escolhas pensando só em mim ou nele.
Se wuisessemos fazer isso juntos um teria que ser o suporte do outro. Não seria nada fácil, porque eu conseguia entender que apesar do Pedro querer cuidar deles ele não fazia ideia de como fazer isso.
Além disso, também havia o fato de que ele pudesse ter tomado toda essa responsabilidade baseado no luto, o que eu esperava do fundo do coração que não tivesse acontecido.
Pedro: Tu tem as tuas paradas, a faculdade e tu pode escolher o que tu quer pra o teu futuro. Não vou jogar esse B.O pra tu não. Amanhã vou procurar alguma mina pra cuidar da menina. - falou rápido e meio desesperado.
Acredito que ele estava tendo um choque de realidade. Desde que ele soube de tudo que aconteceu ele pensou e agiu pelo o coração. Ele não pôde cuidar de um filho e se deu conta de que duas crianças passaram exatamente pelo contrário em não ter ninguém que cuidasse delas.
Beatriz: Ei, calma...- falei e puxei ele pra um abraço.
Ele me apertou e escondeu o rosto no meu pescoço e logo senti algo molhado ali. Ele estava apavorado, mil pensamentos rodeavam a sua mente e a cada momento ele ficava mais desesperado.
A verdade é que ele não sabia o que fazer, acredito que somente agora ele começava a se dar conta do "todo" que havia em volta das atitudes dele.
Beatriz: Eu vou continuar aqui, quando eu disse que queria ficar com você eu sabia que também haviam momentos difíceis. Eu não vou soltar a sua mão. - falei fazendo carinho nos seus cabelos.
Beatriz: Eu consigo ver o quanto isso tá sendo difícil pra você, mas eu vou te ajudar, vamos fazer isso juntos. A gente se ajuda e tenho certeza que vai dá certo. - falei fazendo carinho no seu cabelo.
Senti quando ele me apertou ainda mais, ele ficava oscilando entre o choro e o desespero.
Pedro: Aquela vagabunda matou o meu filho, como alguém pode fazer isso com o próprio filho? Como eu vou olhar pra aquela menina se toda vez que eu olho pra ela só me vem a mente a vadia que fez isso? - falou entre os soluços.
Beatriz: Com o tempo as coisas vão mudar, vai ser difícil, mas eu vou te ajudar a enfrentar tudo isso. - falei baixinho.
Fiquei fazendo carinho nos seus cabelos até que ele dormiu abraçado a mim. Ele estava destruído. A sua dor era tão grande que eu podia sentir a tensão no seu corpo.
Eu não sei se ele iria conseguir superar isso, o meu medo em relação a ele era grande demais. Apesar dele dizer que queria criar aquela menina eu notei que ele não conseguia sequer olhar pra ela.
Eu sabia que essa era uma grande responsabilidade, mas de certa forma eu sentia que ali era o meu lugar, apesar de tudo ter dado errado para aquelas duas crianças eu sentia que de certa forma agora eles estavam no lugar certo e que eles poderiam, enfim, encontrar amor, carinho e tranquilidade.
Antes de dormir Pedro havia me dito que agora o Ravi também ia morar aqui, ele conversou comigo e me fez prometer que se eu não me sentisse bem eu deveria falar com ele.
Eu entendi que ele não queria que eu me sentisse precionada a cuidas daquelas crianças, mas pelo contrário, eu sentia uma paz em saber que eles estavam seguros e que a partir de agora eles não só teriam o Pedro, como também teriam a mim.
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LEÃO (2° Temporada da Trilogia: Realidade da Favela)
RomanceROMANCE DARK Ana Sabe o amor de infância de toda menina? Aquele amor platônico que te enlouquece e você faz de tudo para vivê-lo? Desde pequena eu o via pelo morro e tinha certeza que ele seria o homem da minha vida. Ele tinha um jeito frio, sempr...