Capítulo 57

829 149 12
                                    

Ana Beatriz

Não posso mentir e dizer que a escolha que fiz foi fácil pra mim, porque não foi. Mas infelizmente eu tenho que tomar uma atitude ou o Pedro nunca vai me valorizar.

Sentei na cadeira e aguardei enquanto a professora chegava. Na parte de trás da sala havia um jovem sentado que me olhava de forma curiosa, ele certamente estava tentando entender a minha cara de choro.

Ele era apenas um dos seguranças que eu tenho dentro do prédio da faculdade. Eu obviamente tenho toda uma equipe de segurança e três planos de fuga caso algo dê errado. Há um segurança na sala, dois na sala em frente, além dos dois que ficam próximos à porta. Todos os verdadeiros estudantes acham que esses últimos não querem nada da vida, afinal sempre ficam na porta fingindo que estão conversando e nunca entram nas suas respectivas salas, a não ser que eu não venha.

A direção da faculdade fecha os olhos sobre essa situação, afinal abrem os bolsos e ganham muito mais que deveriam para fingir que nada está acontecendo.

Tudo isso faz parte do esquema de segurança que cada um de nós participa. A Agatha nunca sai do morro e quando sai também montam um esquema parecido. Os meninos nem se falam, já andam armados até os dentes... As crianças não saem para praticamente nada e quando viajamos a segurança é redobrada.

Não somos pessoas comuns e a verdade é que no início eu era completamente contra tudo isso, até que eu entendi que tudo era para a nossa proteção.

Alemão e Pedro eram fissurados de medo de algum dos inimigos se aproximarem da gente, se isso acontecesse sabíamos que havia escapatória.

Sergio: Oi, tudo bem? - falou se aproximando de mim.

Ele era jovem, mas com a aparência mais velha. Ninguém diria que ele era da favela, afinal falava muito bem e não tinha nenhuma característica físicas que indicasse isso.

Na verdade ele parecia ser um filhinho de papai, todo arrumado e muito bonito, mas lindo mesmo era a forma com que ele lidava com as armas, rápido e ágil, por esse motivo ficava próximo de mim o suficiente para atirar em segundos, caso fosse necessário.

Tudo o que ele tinha de habilidoso também tinha de inteligente e tranquilo. Era lindo, alto, moreno e com um sorriso perfeito. Ele ficava sempre em alerta e todas as vezes que precisei ele sempre se mostrou bastante prestativo, de certa forma eu me sentia protegida perto dele pois ele estava a anos na família.

Ana: Eu só queria conversar, será que a gente podia sair um pouco daqui? Tô exausta, preciso desabafar com alguém. - falei sentindo os meus olhos marejados.

Eu havia conversado apenas com o meu psicólogo sobre a minha decisão. Mas eu precisava desabafar, terminar com o Pedro tinha sido muito mais difícil do que eu esperava.

Sérgio: Deixa eu pegar a minhas coisas e a gente vai para o estacionamento. - Falou tranquilo e saiu para buscar as coisas dele.

Andamos até a chegada do estacionamento caminhando de forma tranquila. Durante o caminho eu não falei nada, pois ele estava reorganizando os seguranças para que ficassem próximos e atentos.

Assim que eu sentei em um banco que havia ali coloquei as mãos no rosto e desabei em lágrimas.

Sergio: Aí, quer ir pra casa? - perguntou confuso.

Ana: Não... Eu só preciso ficar um pouco aqui. Assim que eu chegar vou ter que conversar com os meus filhos... Eu e Pedro não estamos mais juntos. - falei a última parte ainda trêmula e me surpreendi quando ele colocou a mão no meu ombro.

Sergio: Já vocês vão se resolver. Meu parceiro é vacilão, mas sei que ele vai ver a burrada que fez e Jajá tá aí te pedindo desculpas, tá na cara dele o quanto ele te ama. - falou sério.

Ana: Ele não ama. Ele gosta de mim, mas ele nunca conseguiu olhar pra mim e confiar, que tipo de amor é esse ? - perguntei mais pra mim do que pra ele.

----------------------------------•••••••••••••••

100 estrelas e publicarei um novo capítulo.

🌟🌟👇🏾👇🏾👇🏾👇🏾👇🏾👇🏾👇🏾👇🏾👇🏾👇🏾👇🏾👇🏾

LEÃO (2° Temporada da Trilogia: Realidade da Favela)Onde histórias criam vida. Descubra agora