Beatriz
Assim que o Leão passou por aquela porta eu percebi que alguma coisa havia acontecido.
Já era madrugada e nada dele chegar. A única informação que eu tive, foi que ele estava na casa da Agatha.
Eu estava aflita, uma sensação ruim passou pelo o meu corpo e eu fazia orações de que ele ficasse bem.
Escorpião: Aí, o chefe tá bem mina, tu já pode parar de chorar - falou me olhando.
Ele sempre estava comigo, o Pedro Henrique tinha colocado ele como o meu "segurança" e mesmo depois que eu fiquei bem ele permaneceu aqui na minha casa.
Já havia passado da hora dele ir pra casa (que eu não fazia ideia de onde ficava, afinal, ele sempre ficava em silêncio). Eu tentava conversar com ele, mas isso geralmente nunca acontecia. Era praticamente um monólogo.
Beatriz: Me fala se aconteceu alguma coisa - supliquei com a voz trêmula.
Escorpião: O mano laranjinha passou o rádio dizendo que ele tava na casa do chefe, Jajá ele chega, não rolou nenhuma parada não. - falou tentando me confortar.
Passamos mais algum tempo em silêncio até o barulho da porta chamou a nossa atenção. Pedro Henrique estava com um olhar sombrio, ele estava tão perdido nos pensamentos que não parecia que ele estava na vida real, era como se ele estivesse agindo no automático.
Os meus olhos desceram em direção ao seu corpo para verificar se ele estava bem, foi nesse momento que me dei conta que ele carregava algo nos braços. Não uma bolsa ou uma arma e sim uma criança.
A menina tinha cabelos ondulados e usava um conjuntinho rosa que eu supus já ter visto em um das minhas sobrinhas, mas aquela criança definitivamente era desconhecida pra mim.
Ele apenas passou e não disse uma palavra. Eu fiquei parada, em choque. Não consegui compreender o que estava acontecendo.
Beatriz: Pedro, quem é essa menina? - perguntei em um suspiro.
Ele não falou nada, apenas andou em direção a um dos quartos de visitas. Eu andei em sua direção e ele colocou a menina na cama. De forma automática, ele parecida uma pessoa quebrado, perdido.
Beatriz: Pedro, o que aconteceu? - falei me aproximando dele.
Ele apenas saiu do quarto, em silêncio. Eu o acompanhei pelo o corredor, toquei em seu ombro o parando.
Beatriz: Pedro, fala comigo, você tá bem? - perguntei preocupada.
Quando ele me olhou eu vi a imensidão de dor presente no seu olhar, ele estava com expressões que eu jamais havia visto.
Não pensei duas vezes ao puxar ele para os meus braços tentando passar o máximo de conforto possível. Ao sentir o seu corpo junto ao meu pude sentir o seu desespero quando ele começou um choro de dor e sofrimento.
Os seus braços me apertavam de uma forma raivosa e desesperada. Ele sentia uma dor absurda e junto a ela estava a raiva, o mais puro ódio.
Eu não sabia o que havia acontecido, mas eu sabia que talvez ele nunca se recuperasse daquela dor que ele sentia. Os minutos se arrastaram e ele permaneceu da mesma forma, mas ao poucos senti os seus braços diminuírem o aperto.
Caminhei com ele até o nosso quarto e deitei ele na cama, fiquei tocando em seu cabelo enquanto ele colocava pra fora toda a raiva e dor através de um choro em agonia.
Eu não insisti em perguntar mais nada sobre o que havia acontecido, mas eu sabia que a criança deitava na cama no quarto ao lado representava muitas coisas.
O dia estava amanhecendo quando ele enfim se acalmou e se sentou bem para me contar o que havia acontecido. O horror tomou meu rosto e neste momento percebi que apesar de querer criar essa criança e ser o pai que ele deveria ter sido seria a coisa mais difícil que ele poderia fazer, afinal, entrei o choro e agonia a única coisa que ele repetia de forma incessante era que todas as vezes que a olhava via a verdadeira vilã dessa história.
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LEÃO (2° Temporada da Trilogia: Realidade da Favela)
RomantikROMANCE DARK Ana Sabe o amor de infância de toda menina? Aquele amor platônico que te enlouquece e você faz de tudo para vivê-lo? Desde pequena eu o via pelo morro e tinha certeza que ele seria o homem da minha vida. Ele tinha um jeito frio, sempr...