Capítulo 38

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Alemão

Assim que o meu rádio tocou e um vapor falou que a Ana Beatriz tinha tomado um tiro, eu saí disparado.

Só por um segundo eu pensei que o meu filho tinha fudido com a própria vida mandando pra vala uma menina foda. Mas não quis acreditar nisso.

A verdade é que eu tinha um ódio fodido dentro de mim. Aquela vadia despertou o pior lado do meu moleque e desde então o bagulho ficou doido.

Perdi as contas de quantos o meu menor mandou pra a vala enquanto tava preso, o bagulho só piorou quando a vagabunda mandou um recado pra ele enquanto ele ainda tava lá dentro. Vou te dizer, a vadia se escondia bem demais, mas ela achou que eu tava brincando quando jurei que ia encontrar ela, nem que fosse no inferno.

Assim que cheguei lá o estrago tava feito, a mina caída no chão, sangue pra caralho, mas não foi dois minutos pra eu mandar levar ela pra o postinho.

Pedro Henrique chegou com sangue nos olhos e isso nunca era um bom sinal. Ninguém tava ligado no que tinha rolado até que uma moradora disse que viu um moleque correndo cheio de sangue.

Já mandei os menor ficar na atividade, viramo o morro de cabeça pra baixo, mas só conseguimo encontrar na madrugada.

Mandei levar o moleque pra a salinha, botei logo dez vapor pra fazer a segurança do moleque, porque se o leão pegasse ele, já era.

Meu menor tava cego pra matar o comédia, mas aqui é crime e tudo que acontece a gente tem que buscar o proceder.

Olhei pra aquele moleque sentado na cadeira na minha frente, ele fedia a sangue e sujeira. Tava todo ralado, sujo e com a roupa rasgada.

Semana passada esse mermo meno tinha me mandado a fita que queria entrar no movimento. Mandei logo ele ir pra a casa do caralho, moleque novão, devia ter uns oitos anos, não aguentava sem o peso da peça.

Alemão: Quero que tu me dê pelo menos um motivo pra eu não encher a tua cara de pipoco. - falei sério.

O moleque ficou calado mas eu podia ver lá no fundo dos olhos dele que ele tava com medo. O que me deu uma neurose do caralho é que ele tava com a cara fechada e não demonstrava medo de mim. Mas o bagulho ia ficar louco pra ele.

Alemão: Vou te mandar descer a madeira seu filho da puta, bora, abre a boca. Qual a fita de tu ter metido tiro na mina? - perguntei e já puxei a peça da cintura, o moleque nem bambou, ficou firmão.

Moleque: Aí, não quis matar a mina não. - falou com a voz rouca.

Alemão: E tu deu um tiro nela pra quê? Em forma de carinho? Não me fode rapá, tava com a peça na mão por que? - perguntei desconfiado.

Olhei pra aquele meno na minha frente e vou te dizer, nem todo bandido tem o olhar daquele. O moleque tem tanto ódio que até na cara dele fica claro.

Já mandei os mano buscar o proceder na casa dele, eu já tinha em mente o bagulho que tava rolando, agora era só confirmar.

Mas tu tá ligado que tem proceder que é melhor quando o cara viaja na mente e tem até medo de confirmar, se ligou? De qualquer forma esse moleque era novinho ainda e se o que eu acho tava de fato rolando o erro ia ser meu também que deixei uma parada dessa acontecer no meu morro.

Moleque: Matei o comédia que me criou, aquele viciado do caralho, não me arrependo não, e se tu quiser me cobrar, tô aqui, pode meter pipoco. Tenho medo de ir pro inferno não, já tô nele desde que nasci.

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Os próximos capítulos contém alguns gatilhos.

A história de vida desse menino é muito triste. Mas infelizmente é a realidade de muitas crianças no nosso país.

Se você é sensível a temas de abuso sexual/ psicológico sugiro que não leia.

Assim que completar ,70 eu posto outro!

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LEÃO (2° Temporada da Trilogia: Realidade da Favela)Onde histórias criam vida. Descubra agora