8 • Mão dupla

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"Somos sempre aptos à gentileza para com pessoas que não nos interessam."

Oscar Wilde

O que deu em mim para segurar a mão daquele traste? Antes eu tivesse o deixado se virar com a própria inquietação

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O que deu em mim para segurar a mão daquele traste? Antes eu tivesse o deixado se virar com a própria inquietação...

Até parece que eu conseguiria. Nunca tive um coração de pedra — o tal do pré-requisito para ignorar o sofrimento de alguém. Por mais que eu o detestasse, jamais encararia o seu medo com indiferença.

Pus as diferenças de lado para acalmá-lo. Era o certo a se fazer. Voinha assim me ensinara — bem como havia educado minha falecida mãe antes de me instruir.

Além do mais, eu também tinha medos. Se fosse eu em seu lugar, adoraria um pouco de empatia e uma mão amiga que, por mais indesejável que fosse, transmitisse a mensagem de que eu não estava sozinha. Pelo menos ele soube que não estaria desamparado enquanto o voo durasse.

Depois disso, seriam outros 500. Ele seguiria seu rumo e eu, o meu. Amabilidade alguma para com alguém tão desprezível valeria a pena se prolongar. Podia apostar que o primeiro ato dele em terras estrangeiras seria desbravar uma casa de prostituição ou um bar.

Duvidava muito que algo além de foder e encher a cara se passasse naquela mente mal intencionada.

Duvidava muito que algo além de foder e encher a cara se passasse naquela mente mal intencionada

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Dito e certo. A noite foi uma criança, com um adolescente de 30 anos exibindo sua irresponsabilidade em um telão.

Quando passei pelo corredor, após um jantar reservado — para o qual fiz questão de não ter sua companhia —, ouvi seus ruídos característicos. Embora discretos — demonstrando resquícios de bom senso naquela criatura pervertida — denunciavam a quais atividades ele se dedicava.

Em vez de estar estudando as próprias falas da apresentação do dia seguinte, para podermos alcançar a impecabilidade necessária para pasmar os acionistas, o desgraçado se divertia com mais uma de suas surubas casuais.

Senti-me na obrigação de intervir. Não o deixaria colocar tudo a perder por uma foda a mais. No panorama geral, isso sequer faria diferença para ele. Que ele recuperasse as baixas depois! Não faltaria oportunidade para alguém com um bolso tão cheio e generoso quanto o seu.

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