"— O que devemos fazer agora?
— Vamos tirar nossas roupas e ir para cama ver o que acontece."
"The Touch" (1971), dir. Ingmar Bergman
Ca-ra-lho. Outra reação não faria jus àquela visão.
Ela atirou à queima-roupa e sequer poupou o rosto do defunto. Sair daquele jeito, depois de uma noite agitada daquelas, abalou-me de um jeito inesperado.
Quando Amanda se aproximou para desejar "bom dia", pude constatar o quão perfeito o biquíni ficara nela. As peças tricolores — em amarelo, preto e azul — com estampa geométrica caíram bem, seguiam a linha de seus terninhos coloridos. Ou melhor, afinavam a linha.
Tá incrível, mas não tão perfeito quanto os outros poderiam ter ficado.
Em questão de segundos, me arrependi do civilidade que mantive durante a escolha do presente. Havia o comprado sem pretensões, só para irritá-la. Agora, vendo o biquíni em ação, me detestei por nem ter chegado perto da arara dos ultrafinos. Roupas com a largura maior do que 1cm prestavam um desserviço àquele corpo.
Ela se sentou na cadeira à minha frente e puxou assunto. Bem-humorada, continuava num estado de espírito ao qual não me acostumara (mas apreciava). Trocamos palavras amenas. Banais.
Eu sequer me atentei ao que ela falava, muito menos ao que eu dizia. Entrara em modo automático. Fixado no movimento de seus lábios não conseguia pensar em nada além das maravilhas que aquela boca deliciosa sabia fazer.
Lá se vai a tentativa de ficar na minha.
Meu barco se perdeu mais ainda quando ela se levantou de repente, com a intenção de tomar banho de mar, e me chamou. Hipnotizado, segui-a cegamente. Não perderia a oportunidade de entrar na água com uma sereia.
Mesmo passeando pelos cristalinos mares alagoanos, a única beleza que eu reparava era a dela. Das gotículas de água escorrendo por sua pele ao sorriso comedido — de quem, como eu, não está familiarizada a sorrir com tanta frequência — congelado em seu rosto, tudo nela me encantava.
Preso naquele momento mágico, ao som das gaivotas cantando, com as ondas nos embalando vez ou outra, aproximei-me gradativamente até nossos corpos ficarem a poucos centímetros de distância um do outro. Face a face, nesse cenário paradisíaco, cheguei aos céus com um beijo seu.
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Destino MotoCiclista
Romance+18 | Completo | Há quem acredite em providência divina, propósitos ocultos. Igor Asimov não é uma dessas pessoas. Para ele, as certezas alheias não passam de ilusão e a vida é um grande palco de improviso, com algumas coincidências vez ou outra. Ma...