"Ai de mim, me conduza
Junto a você ou me usa
Pro seu prazer, me fascina
Deusa com ar de menina"
Jorge Vercillo – Monalisa
Depois da aprovação unânime dos Fabulosos, a decisão de apresentar Amanda à minha família provou-se fácil. Um desejo natural.
Além do mais, eu já conhecera seu pai (do pior jeito possível). Nada mais justo do que ela conhecer os meus pais.
Para a ocasião especial, os devidos preparativos. Iria introduzi-la aos Asimov com estilo.
Presenteei-a com um vestido rosa, curto, com formas elaboradas na estampa. Era similar aos exemplares de sua mãe — guardados com tanto carinho e jamais utilizados —, porém, com um toque pessoal, com minha assinatura. O meu presente continha um generoso decote para emoldurar aquelas duas obras de arte que ela carregava consigo.
Não alegraria meus pais, presumi — afinal de contas, eu os conhecia. Por outro lado, faria de mim o homem mais feliz do universo poder bisbilhotar tamanha perfeição em forma de um par de peitos. Então valia a pena correr o risco.
Mas antes disso outro obstáculo se impunha entre mim e o meu desejo de espalhar a palavra daquela bela criatura mulher, cuja beleza externa refletia a magnitude da interior.
Ainda enfrentaria o crivo de Amanda. Se ela se ofendesse com o presente — cenário mais provável, dada as más experiências prévias — ou simplesmente não desejasse usá-lo, a diversão morreria ali mesmo, antes de começar.
Assim, cheguei de mansinho, beijei seus ombros e pescoço para aliviar a tensão de um longo dia mexendo em papelada. Amansaria a fera antes de propor-lhe qualquer coisa.
— O que quer de mim, sr. Asimov? — Tirou o blazer assumindo que eu estava interessado em transar. Coisa que eu estava também, entretanto, não era meu intuito me aprofundar nisso por ora.
— O privilégio de te ver vestida — entreguei-lhe uma caixa com um laço de fita espalhafatoso sobre ela, proporcional à discrição (nula) da roupa escolhida por mim — de algo do meu gosto.
Com o pacote em mãos, desfez-se do embrulho de pronto e puxou a peça pelas alças. Nem se dando ao trabalho de examiná-la antes, ela jogou-a sobre o sofá, despreocupada. Pronto! Odiou, logo pensei.
Errei.
Surpreendendo-me, ela se despiu à minha frente, sem pestanejar, e, puxando-o para si, enfiou-se no vestido. Não se contentando em me deixar boquiaberto com o strip-tease repentino, ela ajeitou o decote e deu uma piscadela. Compreendera minha intenção (em parte).
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Destino MotoCiclista
Romance+18 | Completo | Há quem acredite em providência divina, propósitos ocultos. Igor Asimov não é uma dessas pessoas. Para ele, as certezas alheias não passam de ilusão e a vida é um grande palco de improviso, com algumas coincidências vez ou outra. Ma...