32 • Proibido ultrapassar

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"A carne é fraca, mas você tem que ser forte, é o que recomendam todos. Tente, ao menos de vez em quando, ser sexualmente vegetariano e não ceder às tentações."

Martha Medeiros

Sua cabeça repousava sobre meu peito

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Sua cabeça repousava sobre meu peito. Meu coração batia forte enquanto eu, indo de encontro a quaisquer pensamentos racionais, penteava os cabelos dele com os dedos. Suspirei profundamente diante da cena — da qual eu era parte ativa.

Deitados no sofá, assim, colados, parecíamos até um casal de longa data, não duas pessoas que transavam na força do ódio, sempre com uma necessidade violenta de usar um ao outro para se satisfazer.

O ressonar suave denunciava o seu sono profundo. Ele não costumava dormir comigo até então, sempre facilitava para o nosso lado, despedia-se e surgia nos dias seguintes com novas desculpas para transar. Mesmo assim, depois de toda essa rotina, lá estava ele, no sétimo sono (pela segunda vez).

Em minha mente, esse era o maior dos sinais de alerta. Queria gritar para mim mesma: "Amanda, pare logo com isso!"

Deixar o Casanova brasileiro dormir em meu colo... Onde eu estava com a cabeça? Quem eu queria enganar? A mim mesma? Um traste do naipe de Igor sempre significaria cilada. Homens nunca mudam, essa é a verdade universal.

Eu não passava de um delivery "foda certa". O esquema vinha sendo este: ele ia ao meu encontro e retirava o pedido quando bem entendia. Mais dia, menos dia, ele enjoaria de mim. Figurinha repetida não completa álbum.

E eu sabia bem o quanto ele levava isso a sério. Há meses acompanhava o trânsito de rostos e corpos similares, nunca as mesmas mulheres. A rotatividade era real. Eu não seria a exceção.

No mais, eu era novidade. Não exclusividade. Logo eu me tornaria o modelo 2023 de uma moto, datado, cairia no esquecimento. E não haveria brinquedinho certo para fisgar sua atenção depois de levar a bota.

"Nós" não era um pronome viável para a gente. Tínhamos em comum o fogo quase insaciável, o gosto por alguns filmes e músicas, a paixão pela nossa área de atuação, o respeito pelas nossas famílias, a disposição para ajudar o próximo, mais nada.

Querer prolongar algo sem pé nem cabeça seria insensatez de qualquer forma. Não dava para sustentar um relacionamento romântico (sério) com base em tão pouco.

Em compensação, razões para atração física existiam de sobra.

Igor beirava a perfeição. Ponto. Pinta de artista mesmo. Bem apanhado nos mais variados sentidos. Eu poderia listar infinitas vezes todos os seus atributos.

Dono de um olhar afiado, tinha os olhos azuis claros dos sonhos de muitas e muitos. Seu cabelo preto, ondulado, sempre muito limpo e cheiroso, possuía um brilho especial. Seu corpo, repleto de músculos definidos e não muito volumosos, parecia ter saído de uma revista de homem mais sexy do ano. O sr. Asimov era um espetáculo. Arrasaria qualquer quarteirão.

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