12 • Pedágio

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"Ainda não vi ninguém que ame a virtude tanto quanto ama a beleza do corpo."

Confúcio

Nem nos meus piores pesadelos eu visitaria o reduto da cafonice para revirar gavetas até encontrar um sapato que prestasse

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Nem nos meus piores pesadelos eu visitaria o reduto da cafonice para revirar gavetas até encontrar um sapato que prestasse. Em especial quando o tempo hábil era pouco.

Tomei a liberdade de comprar uma sandália nova por minha conta e risco. E valeu a pena. Tanto pela expressão de espanto (e, depois, deslumbramento) no rosto dela quanto por elevar seu visual com algo digno de seu vestido.

Eu me gabaria por décadas no "Fim de ano dos Asimov" quando mergulhassem em nostalgia e revisitassem as fotos de família, projetando-as na parede externa da nossa casa. Diria em alto e bom som: "Olha eu aí, com uma mulher mais bonita do que as noivas!"

Irritaria minha prima (e possivelmente o resto da família)? Claro. Isso renderia o dobro da satisfação.

Amanda era linda. Sem sombra de dúvidas. Vê-la fora do ambiente de trabalho e longe de seu apartamento só realçava isso. Só me injuriava.

A indignação acompanhava o castigo de admirar sua beleza sem poder fazer algo a respeito. Lembrar-me das nossas amigáveis interações funcionava como um belo banho de água fria que tirava toda a magia de seus encantos.

Ainda assim, nenhuma frustração minha, resquícios de raiva, memórias, nada disso a ofuscava. O que ela era ou deixava de ser se tornava insignificante diante daquele monumento em forma de mulher.

Com muito orgulho, desfilei ao lado dela durante a entrada, de braços dados. Teria permanecido assim se ela fosse um pouco menos problemática e não agisse, na maior parte do tempo, como se eu fosse corrosivo ou inflamável.

Aliás, se ela me desse abertura, teria lhe puxado pela cintura e sentido seus contornos mais de perto. Ampliaria a oportuna puxada dada por mim quando ela quase caiu e me deixaria próximo o suficiente para analisar cada curva à vista. A experiência completa de admirá-la seria um evento à parte.

Naquele dia, ela havia caprichado. A maquiagem realçava os pontos fortes de seu rosto, delineava os belos contornos dele. Seu cabelo solto, de pequenos cachos loiros pouco definidos, combinava com ela tanto quanto as tranças. Até o vestido, de um tom verde pastel tão sem graça, ficara bonito em seu corpo.

Uma sandália decente era o mínimo que eu poderia fazer por ela. Qualquer outra coisa seria um desserviço.

 Qualquer outra coisa seria um desserviço

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