3 • Passagem obrigatória

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"Uma reunião em que todos os presentes estão absolutamente de acordo é uma reunião perdida."
Albert Einstein

O nome na placa de metal sobre a mesa logo chamou minha atenção

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O nome na placa de metal sobre a mesa logo chamou minha atenção. Amanda Nkosi Lopes, diretora executiva. Nome bonito. Talvez a pessoa combine com o nome. Talvez valesse a pena descolar uma palinha.

Mas CEO de uma empresa desse tamanho... — racionalizei. — Já deve ter passado dos 60 e essa não é a minha praia. Tara por figura de poder e problemas maternos são coisas do Dubois.

Pensando por esse lado, eu poderia até quebrar o galho dele e descolar um encontro com a sugar mommy. Quem sabe ela me dá o número pessoal e eu repasso pra ele... Já me sairia melhor que muito aplicativo.

A porta atrás de mim, então, se abriu. A mulher que entrou na sala era jovem, alta e vestia um terno estampado com listras amarelas, vermelhas e brancas — formando padrões inusitadamente agradáveis aos olhos.

O contraste entre a pele preta e o tom dourado do cabelo a emoldurar seu rosto anguloso logo capturaram minha atenção. Seu cabelo caía pelas costas ao estilo Rapunzel. Trançado, balançava feito pêndulo, seguia o compasso dos seus passos firmes. Acima de tudo, me levava a admirar o que havia nas redondezas.

E que redondeza... Constatei, contemplando o ponto de parada de suas tranças longas, que roçavam sua bunda quando ela andava. Esta será uma ótima parceria, antevi. Seria uma bênção trabalhar com mulher bonita, para variar.

Ela se sentou à minha frente, ainda alheia a mim e concentrada em arrumar seus papéis. Depois de organizá-los, ela ergueu a cabeça e fez menção de me cumprimentar. Contudo, perdeu a fala no meio do caminho.

Graças à travada dela, percebi o que estava acontecendo.

Não é possível. A vizinha empata foda? Tá de brincadeira.

Fora difícil reconhecê-la sem o turbante e as roupas de quem já desistiu da vida. Aliás, nem tinha como eu reconhecer alguém que, mesmo com a invasão do meu apartamento e o esbarrão de manhã cedo, sequer ganhou meu interesse. A combinação de roupas feias e comportamento desagradável não era um chamariz para vê-la com bons olhos.

A moda casual dela despertava zero interesse. Nunca nesta vida gastaria meu precioso tempo para prestar atenção em uma mulher desleixada. Moletom GG e roupão de flanela pra esconder uma beleza dessas? Não fode!

Por baixo do blazer, o volume sob a blusa branca de gola rolê deixava o resto para a imaginação. Inimiga do prazer até o fim. Custava um decotezinho de nada?

Com classe, mantendo o profissionalismo, ela me estendeu a mão e deu o sorriso cortês mais falso que já vi.

— Igor Asimov, ao seu dispor. — Tomei sua mão e a beijei, desconcertando-a.

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