19 • Junções sucessivas

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"Saudei o sol, levantando a mão direita,

Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus,

Fiz sinal de gostar de o ver ainda, mais nada."

Fernando Pessoa

Chegávamos ao marco de nossa sétima viagem juntos

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Chegávamos ao marco de nossa sétima viagem juntos. Felizmente, nesta etapa de viagens, cruzaríamos o litoral nordestino inteiro. Haveria uma boa dose de praias e forró nos horários vagos. Soava como música aos meus ouvidos.

A primeira noite no hotel à beira-mar fora divina. Foder de frente para o mar rendia o dobro do prazer — ao menos comigo.

A despeito da volta das interrupções da dona Cricri, correu tudo certo e eu pude ver estrelas no melhor sentido da expressão — depois de a visão de seu roupão nada lisonjeiro ter destroçado a imagem da Amanda sexy e libertado minha mente daquele transe.

O melhor, para minha surpresa, veio pela manhã. Com os quartos um ao lado do outro, pude acompanhar sua rotina matinal por acaso. Estaquei na varanda para admirar o mar e, em vez disso, acabei perdido em outras ondas.

No varanda à esquerda, ela estendeu um tapete no chão, acendeu um incenso e deixou a fumaça subir antes de realizar qualquer outra ação. Espero que esse não contenha alguma indireta.

Quando ela juntou as mãos em um gesto de prece, logo imaginei: Alá, a miçangueira vai saudar o sol. Por um instante, tive a certeza de que seria um ritual "gratiluz" para entrar em dissonância com seu jeito ranzinza de ser.

Errei. Errei feio. Seu próximo ato foi um tapa na minha cara.

E eu adoro um bom tapa na cara.

Ela praticava ioga (para minha sorte). Isso combinava com seu jeito de ser. Mantinha a coerência do estilo saudável de quem descia as escadas, pedalava às 5 da manhã e ainda voltava com energia para trocentas atividades tediosas do trabalho.

Se eu não a visse esgotada e estressada ao fim do dia, juraria que ela era a Mulher Maravilha disfarçada de humana. De qualquer forma, observando-a, constatei que, apesar de não ser uma heroína, ela chegava pertíssimo de alcançar o status de deusa.

Pensei que havia ticado a sessão "contorcionistas" da minha lista de desejos "Antes de Partir" nas Olimpíadas de 2016, quando consegui arrastar a equipe alemã de ginástica artística — cortesia de Hoffmann, meu intérprete oficial — para um after na minha suíte em Copacabana.

Ah, como eu descontei o 7x1... Mas isso nem se compara, atestei quando Amanda ficou de ponta-cabeça e inclinou as pernas.

Naqueles poucos minutos de seu ritual matinal, eu me rendi a mil fantasias e me odiei por não conseguir desviar o olhar por um segundo.

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