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- 𝐂𝐄𝐋𝐋𝐁𝐈𝐓 -
23h46
Apartamento - meu e da minha irmã
Setor Esmerald
· · ──── · ·A nostalgia paira no ar enquanto rememoro de maneira vívida o dia em que Bagi abdicou de sua própria formatura oficial para zelar por mim. A cicatriz desse momento ainda lateja, e até hoje carrego a culpa por isso. Tina também tinha sua própria formatura para comparecer, deixando a responsabilidade de cuidar de mim sobre os ombros de Bagi. O crepúsculo tingia o céu com tons frios, enquanto os postes de luz já iluminavam as ruas. Eu tinha 9 anos na época, e Bagi, 17.
— Gabi... Anda logo! O Comandante vai ficar bravo com você!... Ele disse que era obrigatório ir, e você é a mais importante — eu estava irritado, tentando persuadi-la a ir para a formatura, pela décima vez. Um sorriso escapou dos lábios dela enquanto ela passava um pano molhado em minha testa.
Um sorriso escapou de seus lábios enquanto passava um pano molhado em minha testa. — Já te disse que não vou! Você sabe que não adianta tentar me convencer — Ela estava sentada na beira da minha cama, cuidando de mim, enquanto o Lobinho, nosso cachorro, estava deitado ao meu lado na cama. — E você sabe. O Comandante entende que tenho um irmão para cuidar.
— Duvido que aquele Urso Coca-cola entenda alguma coisa! — retruquei, cruzando os braços enquanto permanecia deitado na cama, à mercê dos cuidados da minha irmã. Ela beliscou meu braço, arrancando-me um grito. — Ai!
— Ei! Já falei para você parar de chamá-lo assim! — Rindo, ela continuou: — Pode ter certeza de que, no futuro, ele será seu Comandante também.
— Tá amarrado — fiz uma careta, expressando meu nojo só de pensar nele como meu Comandante. — Não sei como você o suporta. Ele é tão frio, sem expressão. Ele me dá arrepios — murmurei. Ela apenas revira os olhos, e muda de assunto.
— Então, não vai tomar remédio?
— Já disse que não tomo remédio, Bagi!
— Mas mamãe e papai te davam remédio quando você era menor!
— Quando eu era. Eu já disse que remédio destrói nosso organismo.
— Isso veio de algum livro que você leu, não é?
— Veio.
Ela riu com a resposta, bagunçando meu cabelo como de costume.
— Mana, meus pais cuidavam de mim do jeito você cuida de mim? — Perguntei, com um olhar inocente, já que não tinha memória deles. A ausência de qualquer lembrança dos meus pais, que partiram quando eu tinha apenas três anos e meio, faz com que eu recorra à minha irmã para saber mais sobre eles sempre. Um sorriso caloroso surgiu em seus lábios enquanto ela respondia:
— Sim, cuidavam do mesmo jeito, e até melhor que eu. — Eu sorri levemente.
— Sério? Duvido que fossem melhores que você — e soltei uma risadinha. Ela riu, acariciando meu rosto.
— Ah, isso é impossível. Eles tinham o carinho único de pais.
A risada ecoou, mas logo um gemido de dor escapou de mim, pois minha cabeça latejava novamente. Minha irmã rapidamente pegou o pano da bacia, torceu-o e o colocou de volta em minha testa.
— Eu te disse! Você precisa de remédio, Cellbit!
— E você precisa de um namorado! — Disse, repentinamente.
— Eu já falei: esquece. Não preciso de um namorado, eu tenho um irmãozinho para cuidar.
Eu sorri e me acomodei na cama antes de segurar sua mão. — Me lembrei de algo... Promete que não vai me abandonar? Diferentemente de nossos pais...
Ela retrucou com um sorriso, erguendo o dedo mindinho — Claro que prometo! Estarei sempre ao seu lado, mesmo que você se canse de olhar para a cara desta sua irmã linda aqui — Nós compartilhamos uma risada. — Nunca nos separaremos, somos grudado que nem cola. Lembre-se disso, certo?
— Certo! — eu entrelacei meu mindinho no dela. O Lobinho late e encosta o nariz em nossas mãos, provocando mais risadas.
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Estou recostado no sofá, com o Lobinho deitado sobre mim, apreciando a suavidade de seu pelo.
O relógio indica 23h e 53 min, e minha espera pela chegada de minha irmã ainda persiste, suas palavras ressoando em minha mente, admitindo a possibilidade de um retorno tardio.
A noite paira tranquila, com um ar denso que sugere a iminência de chuva. Minha reflexão é abruptamente interrompida pelo eco da campainha pelo apartamento.
Um sorriso espontâneo brota em meu rosto enquanto me levanto do sofá, libertando o Lobinho. Meu coração acelera, nutrindo a esperança de que seja minha irmã finalmente retornando.
No entanto, ao abrir a porta, meu sorriso se desvanece ao deparar-me com Tina do outro lado, não minha irmã. O gesto automático de fechar a porta para evitar a fuga do Lobinho transforma-se em um breve momento de tensão antes de enfrentar a situação.
— Tina?... O que houve? — Indago, perplexo, ao observar a devastação em seu semblante e as mãos manchadas de graxa. Provavelmente ela usou o rifle de tardinha por causa das graxas em mão, então amanhã ela tem espenção.
— A Comandante está te chamando. No Hospital Central de Los Ilhis... — ela responde, menos a minha pergunta.
— Tina!! RESPONDE! O que houve?! — pergunto novamente.
Sem uma resposta imediata, ela se aproxima rapidamente, desabando em meus braços, soluçando e chorando em meu ombro. A gravidade da situação se revela quando as palavras dolorosas escapam de seus lábios:
— Cell... A Bagi foi assassinada...
· · ── ·✦[Continua...]✦· ── · ·
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Cat and Mouse - Chaosduo QSMP
FanfictionOnde os dois jovens vêm de mundos completamente distintos, e seus caminhos nunca, JAMAIS, deveriam se cruzar. No entanto, quando ocorre um assassinato, Quackity se torna o principal e único suspeito. Agora, eles se encontram encurralados em um jogo...