Irmão -12-

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A luz fraca da tarde se mesclava com as sombras alongadas das vielas enquanto eu e Wilbur traçávamos nosso caminho até a casa da minha família. O som metálico e surdo da maleta cheia de frascos se fazia presente a cada passo. O ar estava carregado, um prenúncio das emoções que nos aguardavam ao cruzar o limiar daquela janela tão familiar.

Ao nos infiltrarmos através da janela da casa, a expressão de Alexis - um misto de surpresa e repreensão - foi a primeira a nos acolher. Seus olhos se estreitaram, analisando cada detalhe de nossa aparência desgastada pela noite anterior.

Wilbur, com uma desenvoltura que lhe era característica, não demorou a revelar os acontecimentos da noite no hospital. Alexis, incapaz de esconder sua preocupação fraterna, desatou em uma bronca que ressoava com a intensidade de um trovão iminente.

— Alex! Céus, você parece desafiar a própria vida com essas suas loucuras! — Alexis exclamou, um fio de desespero tecendo-se em sua voz.

— Era necessário, tinha que ser feito pela Tilín. E quanto à vida... bem, ela e eu temos nossas diferenças. — Eu contra-argumentei, tentando mascarar a dor com uma camada fina de indiferença, mesmo sentindo o peso do olhar de Wilbur, que oscilava entre o julgamento e a compreensão.

A tensão, que por um momento pareceu cortante, foi quebrada pela risada de Wilbur. Seu riso, genuíno e contagiante, parecia diminuir o peso do mundo em nossos ombros.

— Vocês são incrivelmente parecidos. Como irmãos deveriam ser, eu acho. — Ele comentou, ainda entre risos, admirado com nossa dinâmica tão volátil quanto fraternal.

— Somos irmãos, ora essa! — Respondemos juntos, eu e Alexis, um eco perfeito de nossa união inquebrável, arrancando mais risadas de Wilbur.

A conversa então se voltou para a maleta e sua entrega, uma tarefa agora nas mãos de Alexis, que franzia a testa, já mergulhado em pensamentos sobre como explicar a origem daquela encomenda tão vital para nossa mãe.

— Invente algo. Você sempre teve jeito para histórias, lembra? — Provoquei, passando-lhe a maleta como quem passa a tocha de uma responsabilidade inquestionável.

Alexis suspirou, a resignação misturada com um fio de agradecimento. — Eu cuidarei disso. Mas, por favor, sem mais loucuras, Alex. Você está mais para um pano de chão de hospital do que para um irmão mais novo. — Seu tom era de preocupação, tingido de um afeto que só irmãos entendem.

— Estou me lixando para isso — declarei com um sorriso provocador, uma risada escapando entre as palavras. — Adeus, até mais. Manda um recado para mim ou para o Wilbur se rolar alguma novidade, ou precisar de alguma coisa ou se estiverem em perigo.

Alexis, com um suspiro que carregava o peso do mundo, tentou mascarar sua preocupação com uma tentativa de leveza. — Beleza, pode deixar... Ah, Alex... Daqui a alguns dias é seu aniversário de novo... Seu quinto aniversário longe da família e de casa...

Minha irritação foi imediata, e eu não me contive. — Alexis! Você sabe muito bem o motivo. Já disse que não tem volta. Eu não vou voltar para casa.

Ele hesitou, a vulnerabilidade em seus olhos quase me fazendo recuar. — Mas... E nossa mãe?

— E o que nossa mãe pensaria, hein? Imagina só descobrir que tem um filho considerado o maior criminoso dessa Federação decadente. Se ela soubesse, ia ser um baque e tanto, especialmente com a saúde dela já fragilizada... Entende o que estou dizendo? — retruco.

Eu vi o conflito em seus olhos, a tristeza misturada com compreensão. — Tá, mas... — Ele suspirou, resignado, a voz baixa quase um sussurro. — Feliz aniversário adiantado, então. Sei que não vai dar para você aparecer por aqui. — E então, com mais força do que eu esperava, ele me abraçou.

Com um sorriso leve, tentei amenizar o momento. — Obrigado, irmão. Não se preocupe comigo. — Disse, com uma força que eu esperava ser convincente. — E cuida da Tilín para mim, tá?

Ele assentiu, a seriedade voltando ao seu olhar. — Claro. E se cuida, ok, pirralho?

Retribuí com um sorriso. — Ok, ok. Agora me solta, preciso sair do seu quarto antes que a mãe me pegue aqui e tenha um ataque cardíaco.

Ele riu, liberando-me do abraço, e virou-se para Wilbur com uma expressão brincalhona. — Cuida dele pra mim, tá, Wilbur?

Exasperado, retruquei antes que Wilbur pudesse responder. — Alexis! Eu sou mais velho que o Wilbur, droga! Não preciso de outro irmão mais velho me vigiando.

Wilbur, interrompendo a minha reclamação com um sorriso travesso, acenou para Alexis. — Pode deixar, — disse, assumindo o papel que Alexis lhe pedira.

E com um último olhar compartilhado, repleto de promessas não ditas e esperanças silenciosas, Wilbur e eu partimos, deixando para trás a efêmera segurança do lar. O mundo lá fora era implacável, mas os laços que nos uniam eram, sem dúvida, ainda mais fortes.


· · ── ·✦[Continua...]✦· ── · ·


· · ─── ·✦[Autora]✦· ─── · ·

[FIQUEM AI COM OUTRA MENSAGEM MINHA DO ANO PASSADO... T-T (eu n tenho coragem de excluir kkkk...)]

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Feliz ano novo leitores lindos do meu coração! 🥂🎆✨

Gente, ontem escrevi um capítulo dessa fanfic, que vai demorar um MUITO para ser publicado, e simplesmente amei kkkkkkk.
Adiantei a escrita só porque tive uma ideia e para não esquecer, escrevi.

E JURO POR TUDO - QUASE PUBLIQUEI ESSE "CAPÍTULO MISTÉRIOSO" ONTEM, sem querer kkkkk

Vocês quase tiveram sorte viu.

E desculpa pelo capítulo curto de novo 🥲

Cat and Mouse - Chaosduo QSMPOnde histórias criam vida. Descubra agora