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- 𝐂𝐄𝐋𝐋𝐁𝐈𝐓 -
13H26
Escritório
· · ──── · ·No coração recém-estabelecido do meu escritório na Federação, ainda posso sentir o cheiro pungente de tinta fresca se misturando com um ar de autoridade e formalidade inquestionáveis. Recostado no sofá, me permito um momento de pausa, meus olhos capturando o balé das luzes da cidade que se entrelaçam através da janela. Porém, esse espetáculo urbano não é suficiente para dissipar a névoa de tristeza que se agarra a mim, insistente e densa.
Já se passaram três dias desde o funeral. Envolto em reflexões, questiono o que motivou o Comandante a realizá-lo. Seria compaixão? Respeito? Ou o reconhecimento do respeito que minha irmã angariou? Essas questões, embora persistentes, no fundo, a resposta pouco me importa.
Quanto ao funeral, alguém poderia perguntar, e eu diria: foi um evento marcado pela presença de figuras indesejadas, hipócritas, falsidades, e alguns rostos desconhecidos entre os colegas de minha irmã. Nenhum deles parecia genuinamente afetado pela perda, uma verdade que suas expressões mal conseguiam ocultar. Enfim, nada fora do comum, nada que verdadeiramente tocasse a essência da perda.
Era exatamente isso que eu sempre dizia à minha irmã: os únicos que realmente se importavam com ela éramos eu e Tina.
Distante dessas reflexões, meu foco se desvia para um colar que estou brincando distraidamente entre meus dedos.
Dispostas caoticamente sobre minha mesa, elas formavam um mosaico grotesco, cada uma delas capturando um fragmento da brutalidade do crime. A visão dessas imagens é suficiente para fazer o estômago de qualquer um se contorcer em desgosto e horror, semelhante à sensação de uma queda livre inesperada que rouba o fôlego e deixa um vazio no peito.
Mas sinceramente, não sei porque, sou acostumado com isso.
E foi em meio a esse caos de papel que descobri o colar, um objeto desprezado nas sombras do esgoto, perto onde encontraram o corpo dela. O tempo parece se diluir enquanto me perco em reflexões sobre como dar o troco, como encontrar e castigar o responsável por roubar a vida de minha irmã.
Contudo, essa situação intrincada envolvendo um assassino, que provavelmente é o famoso Quackity, o notório criminoso. Pois os soldados sob o comando de Tina, que assumiu as rédeas da patrulha antes liderada por minha irmã, trouxeram à tona um relato perturbador. Enquanto estavam no hospital, Bagi ordenou urgentemente o acionamento de reforços, declarando a invasão do "maior criminoso da federação" nas instalações do Hospital. Provavelmente foi por isso que aconteceu aquele caos todo no quinto andar.
E falando em Tina, agora Capitã da patrulha, está claramente odiando seu novo papel. Em seu olhar está nítido a frustração e o ódio que ela sente ao herdar essa posição.
Passei pela sala do Comandante mais cedo, mas Tina estava lá, e acabei sendo testemunha de uma acalorada discussão entre os dois. A raiva transbordava de Tina, chegando ao ponto de quase jogar o Comandante pela janela. Não posso culpá-la; eu faria o mesmo.
Sempre fomos impacientes com o Comandante, Tina e eu. Bagi, de alguma forma, tinha uma paciência infinita com ele, uma qualidade que eu nunca entendi totalmente.
Durante minha investigação no hospital, especialmente no tumultuado sétimo andar, os detalhes cruciais eram escassos, mas ainda assim, consegui extrair algumas informações valiosas.
Interroguei dois médicos que foram feitos reféns por Quackity. De acordo com eles, o criminoso buscava freneticamente frascos contra a infecção. Percebi um desespero no Quaclity, uma falta de planejamento em seu plano, não sendo mais elaborado em comparação aos seus outros crimes anteriores.
Quackity, conhecido por sua meticulosidade e precisão em cada ação, desta vez exibiu uma postura surpreendentemente descuidada. Algo inesperado deve ter ocorrido para desviar seu habitual rigor - um deslize em seu meticuloso plano talvez? Uma possibilidade surge: o hospital, previsto como um recurso confiável, estava abarrotado além de suas expectativas. Mas havia mais, a ausência dos indispensáveis frascos de antibiótico, vitais contra infecções, revelava-se outro revés; todos esgotados, deixando-o sem opções essenciais. Esse imprevisto deve ter catalisado uma espiral de frustração e impaciência em Quackity, fazendo-o perder o controle.
Apesar desses contratempos, o Quackity poderia continuar com o seu cuidado. Isso sugere que a necessidade desses frascos era mais que uma simples precaução; era uma urgência, talvez destinada a alguém de sua estreita confiança ou um ente querido. Claro, não se pode descartar que os necessitasse para si próprio, embora essa hipótese pareça menos provável. Se fosse o caso, dificilmente sobreviveria a uma queda do quinto andar do hospital, uma façanha que, por si só, já é chocantemente impressionante.
Confesso, a ideia de Quackity saltando dessa altitude e sobrevivendo me deixa perplexo. A minha negação de sua morte é quase um ato de fé, recusando-se a aceitar um desfecho tão trágico. Se, por um acaso do destino, ele tiver escapado da morte, é inegável que seu estado físico está deplorável, marcado por ferimentos e dores que desafiam a imaginação.
Meus pensamentos são interrompidos por um leve bater à porta do meu escritório.
— Entre, — respondo distraidamente, acomodando-me no sofá.
A porta se abre, e Tina adentra o cômodo.
— A... Cellbit...
— Está tudo pronto? — questiono, demonstrando uma impaciência controlada.
— Sim, está tudo organizado, — ela responde, com um brilho de otimismo nos olhos, visivelmente mais esperançosa que eu. Espero que funcione...
Retribuo o sorriso. — Vai funcionar, Tina. Não posso garantir com absoluta certeza, mas estou confiante de que obteremos ao menos algumas pistas.
Ela concorda com um aceno. — Ok. Ah, e o Comandante está te chamando para discutir seu plano.
— Entendido, irei vê-lo agora mesmo.
· · ── ·✦[Continua...]✦· ── · ·
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Cat and Mouse - Chaosduo QSMP
FanfictionOnde os dois jovens vêm de mundos completamente distintos, e seus caminhos nunca, JAMAIS, deveriam se cruzar. No entanto, quando ocorre um assassinato, Quackity se torna o principal e único suspeito. Agora, eles se encontram encurralados em um jogo...