03

44.1K 3.2K 403
                                    

                                         VG🫡

Souza: Como assim não deu?- respiro fundo pra não pular no pescoço dele.

Maluco é surdo pra caralho, chega a da raiva.

VG: Não dando, porra! Já disse que ela falou que o marido tava indo pegar ela. Queria que eu enfiasse a mulher do policial dentro do meu carro bem na frente dele? Quem sabe ele me ajudava.

Souza: Eu já falei que ela é que nem a raponzel, tem a possibilidade dela demorar pra sair de novo. Talvez o Ret tenha um plano melhor.

VG: É, e como ele vai contar esse plano pra gente?

Souza: É...Não vai ter aquela festa da promoção do cara? Talvez ela vá fazer unha, cabelo, rebocar a cara... essas coisas afeminadas. É nossa chance.

VG: É, pode ser. Ryan tá de olho e vai repassar qualquer coisa importante.

Souza: A gente passa pra chefia?

VG: Não, a gente vai falar quando tudo der certo.- ele concorda.- Não vou dar ideia pro Ret até ter certeza que vai dar certo.

Paulinho logo bate na porta avisando que a Larissa quer falar comigo, resumindo vou me estressar. A mina sempre deu dor de cabeça, mas  agora que o Ret não tá a mulher piorou pra caralho.

Aquela ali é bucha, não tem um dia que não arrume confusão nesse complexo.

VG: Oi...

Lari: Aquela puta tá indo ver ele. - certo, nada de oi- Por que ela pode e eu não? Que merda é essa Victor?

Sempre um amor de pessoa. É um Felipe só que sem um pau no meio das pernas.

VG: Isso não é da minha alçada, teu irmão tá no controle. Entra quem ele quer- dou de ombros - manda quem pode, obedece quem tem juízo.

Lari: A vadia dele pode entrar, mas a irmã não. Tu acha certo isso? - ela vira para o Souza - Concorda com isso Kauan?

Souza: Pô, tu tem que entender que a decisão final é Ret.  Não vai fazer diferença se eu concordo contigo ou com ele - ele dá de ombros recebendo um olhar mortal da loira.

Lari: Se você falar com ele... - ela vira na minha direção- Victor, ele sempre te escutou. Por favor, bota um pouquinho de juízo na cabeça do meu irmão.

VG: Foi mal aí, mas não posso fazer nada em relação a isso.

Lari: Quando é pra mim nenhum de vocês pode fazer porra nenhuma. Viram todos um bando de inúteis. Quero que vocês dois se fodam, babacas.

A loira sai batendo a porta com tudo.

VG: Mais essa ainda. - passo a mão pelo cabelo.

Souza: Ret tá certo, aquilo lá não é lugar pra ela.

VG: E tu acha que a malucona liga? Toda errada da cabeça.

Souza: É, o sangue ruim é de família. Mas pô, eu consigo entender o lado dela.

O foda é que eu também consigo.

VG: Deixa que o Ret se resolve com ela depois. Qualquer coisa que a gente disser vai tá errado.

Souza: Voltando ao assunto Ret e raponzel...

VG: Tem como chamar a mulher pelo nome?

Souza: Gosto mais de raponzel.

Porra, sem o Ret aqui é questão de semanas pra mim surtar e esganar esse babaca.

Carolina👑

Carol: Vou ir comprar um vestido amanhã.- remexo minha salada de frutas até achar outra uva.

Márcia: Geralmente as pessoas costumam ficar animadas em fazer compras. A senhora parece tudo, menos animada.

É, mas eu sinto que não estou indo comprar algo para mim e sim para o Eduardo, afinal vou comprar algo que seja aceitável para ele.

Carol: Você não quer ir comigo?- pergunto mesmo que já saiba a resposta, mas não custa tentar.

Márcia: A senhora tem que entender que cada um tem um lugar, o meu é na cozinha fazendo meu serviço. O senhor Avelar tem amigos casados, por que a senhora não aproveita essa festa pra fazer amizades? Ficar dentro de casa o tempo todo não é saudável. Não vejo a senhora nem indo visitar a família.

Família.....

Minha única família é o meu marido, não tenho mais ninguém. É ele e eu.

Carol: Sua família é grande Márcia?- queria ter uma família grande....

Márcia: A de sangue?- concordo - Essa é pequena, tenho só uma irmã e sobrinhos.

Carol: E filhos?

Márcia: Não tenho, se não engravidei foi porque Deus quis assim, meus sobrinhos são o suficiente.

Carol: Acredita que eu não engravido porque é isso que Deus quer? Acha que minha infertilidade é escolha dele?

Márcio: Acredito que tudo acontece no seu tempo, talvez só não seja a hora da senhora conseguir dar o próximo passo.

Carol: Já tenho 26 anos e sou casada a tempo suficiente. Não acho justo ser infértil, não acho justo não poder ter um pouquinho de felicidade.

Márcio: A senhora pode e vai ser muito feliz, é questão de acreditar que o melhor sempre está por vir.

Encaro ela por longos minutos enquanto ela organiza algumas coisas na cozinha.

Carol: Você acha que sou carente?- isso está me corroendo desde que saiu da boca do Eduardo quando foi me buscar no shopping.

Márcia: Senhora....

Carol: Eu sou, né?- dou uma risadinha sem graça-Claro que sou... Tudo bem, pode continuar com o seu trabalho eu vou resolver algumas pendências e desço para o almoço.

Minhas pendências sem resume em mim sentada na ponta da cama sem saber o que fazer.

Eu não tenho absolutamente nada para fazer.

Me jogo para trás ficando de costas na cama e começo a encarar o teto. Só o teto desse quarto vale uma fortuna.

A Carolina de 6 anos atrás que estava na faculdade lidando com a nova fase da vida nunca imaginou que esse aqui seria seu futuro.

Como pode o luto ter moldado toda a minha vida sem me avisar. Como pode o luto ter me deixado em uma situação onde eu me sinto uma inútil que não tem a capacidade nem ter filhos?

Por que eu tenho que ser tão sem utilidade?

A Carolina de 6 anos atrás não pensava isso sobre si mesmo, ela não se sabotava e sempre ia atrás do que queria.

Mas o luto engoliu aquela Carolina. Engoliu a Carolina Almeida e deu vida a Carolina Avelar.

Deu vida.....

Carolina Avelar realmente tem uma vida?

Crime PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora