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Eduardo Avelar

Admito que a situação tomou uma proporção bem maior do que eu esperava.

A porta da minha sala é aberta e o César entra, um dos policiais que confio e botei na cola do tal Ryan.

Ryan na cadeia é bom, um a menos do lado daquele filho da puta do Ret. E ruim, porque não respondeu nada do que perguntei, um grande inútil.

Eduardo: Veio pelo pagamento? Já disse que vou cuidar disso, mas sem data bandeira.

César: Você disse pra gente não por porte arma na acusação, mandou pegar as armas para quando a gente precisasse agir e não usar as nossas.

Eduardo: Nunca se sabe quando vamos ter uma ação.- Se tudo der certo, o mais breve possível.

César: Bela escolha a sua, agora não tem nenhuma acusação contra aquele filho da puta.

Eduardo: A de invasão vai ser o suficiente- quando for um preso oficial vou poder fazer a pena dele aumentar.  Sei ser bem criativo.

César: Não tem acusação, cara não tem nada.

Eduardo: Do que você está falando?

César: Carolina Avelar, sua esposa, está na delegacia dizendo que isso é um absurdo e o advogado que tá com ela tá até ameaçando de processar. Por que segundo ela, o Ryan é um amigo que esteve na casa dela. A casa é dela, ela que decide quem entra ou sai.

Vadia do caralho!

Foi só virar marmita de bandido que mudou de personalidade.

Eduardo: Ela tá na delegacia ainda? - começo a levantar e pegar minhas coisas - Não pode deixar ela sair até eu chegar.

César: Eu acho que você esqueceu que somos polícias e não podemos manter alguém na delegacia sem motivos. Porra, tu quer me explicar como a tua mulher que até então tava sendo feita de refém entrou perfeitamente bem na delegacia?

Eduardo: Eles fizeram a cabeça dela. Aquele vagabundo invadiu a minha casa e levou minha esposa e minha geladeira embora.

César: Invadiu a casa da Carolina, e ela não tá concordando com isso. Ou seja, não tem mão nenhuma invasão.

Aquela filha da puta vai se arrepender de ter se voltado contra mim, vou voltar a ser o único com quem ela pode contar e então vou me livrar dela também.

Posso ficar com o dinheiro e arrumar uma esposa bem melhor.

O trabalho que eu tive para me livrar do Carlos e o miserável deixa tudo para alguém que não era descendente dele. O universo é um grande filho da puta.

Carolina👑

Depois do que parece uma eternidade Ryan sai da delegacia acompanhando do advogado. Um que me  custou muito caro.

Ryan: Caralho, que experiência horrível. Será que é tarde demais para entrar pra igreja?

Carol: Idiota- abraço ele com toda força possível.

Ryan: Na igreja eu não entro, mas talvez no céu se o Ret descobrir que tu tá esmagando seus peitos em mim.

Como se ele fosse pro céu...

Carol: O que é mais quebrado? - me afasto - Seu psicológico ou seu humor?

Ryan: Pelo menos não são os meus dentes.

Carol: Pelo amor de Deus! Vamos embora logo, não duvido que o Eduardo já saiba que estou aqui.

Ryan: Cara, ainda não acredito que tu é casada com aquele babaca, parece até promessa tua ou amarração dele.

Carol: Fiz por alguém que eu amava muito, não foi o meu melhor momento.- entro no carro e ele me acompanha.

Azevedo: E aí, chorou muito? - ele provoca atrás do volante. Não tinham nada contra o Azevedo,então não teve o mesmo destino que o Ryan.

Ryan: Vai a merda! Não era eu que tava com medo de ser preso por transportar as calcinhas da Carolina.

Me engasgo com a minha própria saliva.

Ai meu Deus, como assim minhas calcinhas?

Azevedo: Vamos mudar de assunto e vamos pro Complexo.- ele pede sem jeito.

Carol: Primeiro eu preciso passar na imobiliária, pode ser a mais próxima.

Azevedo: Isso não faz parte das ordens do chefe.

Carol: Vai ser rápido, prometo.

Preciso apenas tirar mais um luxo do Eduardo, a mansão que ele tanto amo contar que tem.

Ryan: Qualquer lugar é melhor que aquela delegacia. Melhor do que aquele imbecil - isso chama minha atenção.

Carol: Eduardo esteve com você? - viro meu rosto na direção dele.

Ryan: Minha primeira visita.

Carol: O que ele te falou?

Ryan: Muito chato cara, não cala a boca nunca. Falou mal de todo mundo e ainda tentou fazer com que eu mude de lado. - ele me olha e respira fundo antes de continuar a falar - Ele tá com muita raiva de ti, tu é um problema que ele quer se livrar.

Carol: Imagino, Eduardo não sabe perder. E não estou falando de me perder, estou falando de perder o meu dinheiro.

Ryan: Tu é rica? - ele fica bem animado com a informação- Agora eu gostei, quero uma indenização.

Pelo menos uma coisa não muda, a falta de senso do pessoal.

Ryan: E o meu bolo, vou ganhar quando? Só lembrando que tu prometeu.

[...]

Quando cheguei em casa o Filipe me analisou de forma meticulosa, acho que teria notado até se me faltasse um fio de cabelo.

Ret: Botasse a casa a venda? - ele prende uma risada- Que vingativa, gostei.

Entrei com o pedido de divórcio também, queria me livrar dele sem ser a viúva, mas sei que ele não vai aceitar, mesmo que eu pague por isso. Então nem vou comentar.

Carol: Pra você ver  - brinco - Se me estressar vendo sua maconha por metade do preço - isso faz ele gargalhar.

Ret: Melhor eu tomar cuidado.- lanço um pequeno sorriso na direção dele- Não acredito que tu tá mesmo fazendo um bolo pra ele, mó palhaçada.

Carol: Ele merece, tadinho. Se quiser faço um bolo para você também.

Ret: Prefiro ganhar outras coisa, de preferência sua...

Lari: Viu só? - ela entra na cozinha acompanhada do Victor- Eles ainda vão me traumatizar.

VG: Vindo do Filipe nada mais me traumatiza, mas da Carolina sim. Ela é uma moça inocente que esse babaca tenta corromper.

Lari: Que bonitinho você se iludir assim sobre a Carol, espero que não seja você a pessoa a pegar eles no flagra.

Carol: Ninguém vai pegar ninguém no flagra, deixem de ser loucos.

Ninguém me retruca quando o celular do Filipe começa a vibrar em cima do balcão.

Ret: É ele...

E simples assim, duas únicas palavras me deixa completamente apavorada.

Filipe atende e coloca no viva voz. Fico encarando o celular como se ele fosse me atacar.

Eduardo: Quero propor um acordo.- ele diz seco- Uma única chance da gente acabar com isso.

A voz dele ecoa na minha cabeça, nunca pensei que teria tanto asco de uma voz. Da voz do homem com quem me casei.

Eduardo: É pegar ou largar.

Crime PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora