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VG🫡

Olho pela última vez pra mulher sentada no meu sofá e saio de casa dando de cara com o Souza.

Souza: Ainda tô tentando entender essa merda. Não engoli essa história.

VG: Nem eu - nunca vi o Filipe tão surtado.

O cara simplesmente me chamou as 6 da manhã e mandou eu levar a Carolina pra minha casa. Me deu uma mochila com as coisas dela e bateu a porta na minha cara, me senti o pai da garota.

Souza: Acha mesmo que a Raponzel passou alguma informação pro babaca? Que usou o celular, isso não ia ser nada bom

VG: Tu escutou o que o Ret disse. Só ter o celular já é uma traição.

Souza: Que loucura, geral indignado que a refém não foi leal a gente. Porra, a gente já esteve em uma fase bem melhor.

VG: Nem me fale. Isso de sequestro é muito complicado, nunca mais faço algo parecido.

Como essa ideia de merda foi minha? Eu geralmente tenho bons planos.

Souza: Sei que não é o certo, mas não gostei de como ela tá, da pra ver que ela tá mal com a situação- é, ela passou o caminho todo chorando baixinho.

VG: Gosto dela, mas o comportamento que me preocupa é o do Ret. Pô, tá na cara que ele tava bem envolvido com ela. Tu viu como eles tavam lá no baile.

Parecia um casal da adolescentes, fiquei até enjoado.

Souza: Acha que ele vai mandar ela embora? O Ret já entendeu que não vai rolar uma troca, ela tava aqui por que ele não queria que ela fossem embora. E agora aconteceu isso...

VG: Não sei- digo vendo a Larissa vir na direção da minha casa- Mas lá vem outro problema. Porra, que saia de merda.

Lari: Ela tá aí, né? Quero falar com a Carolina.

VG: Teu irmão falou que não quer ninguém perto dela. São ordens do chefe, tu sabe muito bem como ele é.

Lari: Não vai me deixar entrar na sua casa? Tem certeza do que está falando Victor?

Que porra! A outra que tem o celular escondido e que se ferra sou eu.

VG: Tu se dá dor de cabeça, vou te contar.

[...]

Ret: Eu quero saber como o celular foi parar na minha casa.

Ret de mau humor é igual todo mundo de mau humor. Afinal ele nessa nível estressa qualquer um.

Souza: Não é só falar com ela?- O cara é um gênio.

Ret: Olha pra mim, eu pareço querer falar com ela? Palhaço.

VG: Pra mim ela disse que não sabe, que só deixaram na porta e ela pegou.

Ret: Ela deve tá mentindo, Carolina é boa nisso.

Souza: Tá, a situação é complicada. Mas eu não acho que a Raponzel é uma uma ótima mentirosa. Tipo é a Raponzel e...- ele para se falar quando nota que o Filipe tá encarando ele.- O que? Tua vez VG, tu é conhecido por ser advogado das loiras.

VG: Vou falar como Victor e não como VG. Tu não tá puto porque tem a possibilidade da Carolina ter conseguido passar a localização pro Eduardo.

Ret: Ah, não? E por que eu tô puto então?

VG: Por que tem a possibilidade dela ter entrado em contato porque quer voltar com ele. É esse o motivo da sua raiva.

Ret: Vai a merda. Fica inventando história.

VG: Tu que sabe. Só dei minha opinião. Tens algo pra falar sobre isso Souza?

Souza: Na verdade tenho sim. Por que na casa do VG? Por que ela não pode ficar na minha casa? Tipo, eu sou bem mais legal? Acho que ela jamais esqueceria a experiência de morar comigo.

VG: Claro que não. Ia ficar traumatizada.

Ret: Tem como focar aqui? A gente tem que lidar com o fato de que o Eduardo sabe muito mais do que a gente achava. Ele sabia onde ela tava e vai saber o que ela disse pra ele.

Cara, por que esse filho da mãe tem que ser tão cabeça dura?

                                      Larissa💅🏻

Lari: Quem te entregou o telefone?- Carolina olha na minha direção e respira fundo.

Carol: Eu já disse um milhão de vezes que deixaram na porta de casa. Eu não vi ninguém.

Lari: Filipe tá bem irritado...

Carol: Jura? Nem percebi- ela bufa- pode me perguntar mas 300 vezes se quiser, a resposta permanece a mesma. Não sei quem deixou o celular lá e nunca usei ele.

Lari: Pro  meu irmão a lealdade é fundamental. Não sei se ele vai superar isso.

Carolina não diz nada, só desvia o olhar.

Lari: Por que você escondeu? Por que não contou pro meu irmão?

Carol: Era uma válvula de escape. Se em algum momento as coisas ficassem complicadas eu teria o que fazer. Mas com o passar dos dias eu só esqueci dele. Passei os últimos dias dividindo a cama seu seu irmão , o celular no outro quarto não era algo em que eu pensava.

Lari: Quero que seja sincera. Você faria algo pra sair daqui sem os meninos saberem? Não digo usar o telefone, só ir embora sem por ninguém em risco.

Carol: Eu gosto da aqui, gostava da minha rotina. Não pensei em fugir de vocês.

Lari: Tudo isso é tão fodido. Você devia ter falado só celular.

Carol: Acredite em mim, eu me arrependo.

O pior é que eu acredito.

Não consigo olhar pra Carol e acreditar que ela estava tentando voltar pra antiga vida. Mas eu acreditar nela não muda em nada a situação.

Lari: Não sei se vale alguma pra você, mas eu acredito. Acredito que você não tenha usado o telefone e acredito que não queria magoar o meu irmão.

                                           [...]

Observo a Miranda sair e finjo ânsia de vômito.

Entro na sala do meu irmão e ele me encara.

Lari: Esse lugar fede a cachorro molhado, deve ser o perfume daquela piranha.

Ret: Tô sem paciência pra lidar com as tuas palhaçadas. Fala logo o que tu quer.

Lari: Carolina na minha casa.

Ret: Como é ?

Lari: Ela vai se sentir mais à vontade.

Ret: Ela vai se sentir mais à vontade? Ou vai ser por conta do teu ciúme do VG.

Lari: Cala a boca. Isso aqui não é sobre mim, é sobre a Carol e sobre como você foi um babaca com ela.

Ret: Eu sou o babaca? Ela tinha um celular escondido.

Lari: Você nem deixou ela se explicar. É óbvio que você ia ferrar com tudo, estragar o que tinha de bom na sua vida.

Ret: Acho que isso tá no nosso sangue, não é maninha?

Lari: Vai à merda. Eu vou estar por perto quando o arrependimento bater e vou jogar na sua cara. E porra, eu vou amar fazer isso.

Ret: Não vou me arrepender.

Lari: Nem você acredita nisso.

Crime PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora