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Carolina👑

Eu não estou com medo.

Estou é com ódio. Com tanto ódio que estou até surpresa comigo mesma.

Lari: Que lugar é esse? - ninguém nos responde.

Souza dirigiu até uma casa afastada e estamos os 4 aqui.

O que tá me matando, eu quero saber do Filipe, quero saber se ele está bem.

Xx: Quer água? - ele estica uma garrafa na nossa direção, mas nenhuma de nós aceitamos- Não tem nada dentro, pode confiar- solto uma risada.

Carol: Confiar em você? Tá de brincadeira?

Lari: Sabe que isso não vai terminar bem pra ti, né? Você ao mesmo sabe onde está se metendo? Você comprou uma briga que não vai conseguir ganhar.

Xx: Não tô sozinho.

Lari: Conheço aquele cara a anos e confiava nele de olhos fechados, mas mesmo assim estou aqui. Imagina o que ele é capaz de fazer contigo. Não sei o que é pior estar sozinho ou estar com ele.

Xx: Só tô aqui pra levar tu de volta pro teu marido - ele me encara.

Carol: Acha que tá fazendo uma boa ação? O meu marido me bateu, me deixou passar fome e me causou um aborto. É pra esse homem que você tá me levando. Então para de ficar repetindo essa merda. Para de falar como se tivesse me fazendo um favor. Para de querer amenizar a sua culpas

Xx: Achei que vocês não podiam ter filhos.

Eu não me dou o trabalho de responder, e ele se toca de quem era o filho .

Lari: Espero que saiba que meu irmão vai caçar você por isso, você vai desejar nunca ter entrado naquela casa.

Xx: Não quero problema.

Lari: Tarde demais, não acha?

Ele não responde, só se afasta indo para o mesmo lugar que o Souza.

Lucas

Eu odeio não saber das coisas.

O Souza já tá me estressando com isso de dizer só o básico.

Tá na cara que tenho que ficar de olho aberto com ele e com o Eduardo. Ninguém é confiável.

Lucas: É isso? Ele vai propor uma troca? - Eu não acho que o cara vai ficar na prisão por muito tempo. Ele já não saiu de lá uma vez

Souza: O cara é perturbado. A única coisa que ele realmente quer tá lá no sofá.

Lucas: A esposa... Ela disse que estava grávida do teu chefe.

Souza: É fiquei sabendo.

Lucas: Elas parecem bem chateadas contigo. Parece que foi uma traição e tanto. - ele fica quieto- Tu não era um qualquer lá, tinha um cargo da hora. O que te fez pular do barco? - Pô tô curioso.

Souza: Nem sempre há um grande motivo por trás. As vezes a pessoa só tá de saco cheio.

Lucas: Eu vim pra levar a esposa dele, a outra loira não tava no pacote.

Souza: Ela é só pra garantia. O foco é Carolina.

Meu olhar vai para ela que está sentada no sofá.

Ela parece até já ter se conformado com a situação. O que logicamente é bizarro.

Se bem que tudo é bizarro.

Souza: Sabe, no fundo o trunfo é meu. Tenho algo que os dois querem.

Lucas: Vai ver quem te faz a melhor oferta?

Souza: Não dá pra aceitar um oferta vindo o Ret, ele não deixaria isso de lado. Na primeira oportunidade ele daria um tiro na minha testa.

Eu sei porque me meti nessa, sou um fodido de merda. Mas esse aí, porra, esse aí é um Judas.

Lucas: E o que a gente faz agora?

Souza: Espera.

Engulo o palavrão. Não quero esperar, quero acabar com isso logo.

Lucas: Claro, porquê ficar com a mulher e irmã de um traficante presa com a gente é de boa. Pra que ter pressa, né?

Não quero morrer, mas também não quero parar na prisão.
[...]

É estranho. Não achei que ia chegar nesse ponto, achei que ia tirar uma mulher inocente das mãos de um traficante.

Mas a doida quer permanecer nas mãos do traficante.

Já tentei oferecer água pra elas duas vezes, mas elas negam. E lá vou tentar oferecer pela terceira vez. Ta um calor do caralho e ela já tão aqui a um tempo.

Lari: O fato de você não estar com medo me deixa assustada. - escuto elas conversando e paro de andar.- Me assusta pra caralho você estar conformada que vai parar nas mãos dele.

Carol: Eu tenho medo, medo que ele pode fazer com você, com o Victor e com o Filipe.

Lari: E cadê o medo dele fazer algo contra você?

Carol: Ele já me humilhou, bateu, me deixou passar fome, me deixou sangrar no chão enquanto eu perdia meu bebê e forçou situações depois que descobriu que eu podia engravidar. Ele já tirou tudo que podia de mim, só resta tirar as pessoas que eu amo, e só isso me dá medo.

Uau, isso foi bem pesado.

Lari: Meu Deus, você não pode voltar pra lá.- ela funga tentando segurar o choro.

Me movo fazendo barulho para que notem que eu cheguei.

Lucas: Trouxe água pra vocês.

Pra minha surpresa a tal da Larissa levanta e pega a água da minha mão. Só que ela não toma, ela simplesmente abre a garrafinha e joga a água na minha cara. Ela joga a garrafa inteira.

Lucas: Mas que porra...

Lari: Que inferno. - ela joga a garrafa no chão - Não quero sua água, quero que você vá pra puta que pariu. Você bateu com a minha cabeça na parede e agora tá preocupado que eu fique desidratada? Vai a merda sei imbecil.

Tá, eu exagerei com a pancada.

Mas na minha cabeça ela ia reagir, não ia ficar toda molenga, aí a pancada não ia ser tão forte.

Minha única reação é erguer a camisa e secar o rosto.

Ainda bem que não trouxe um prato de comida, ia ser pior.

Lucas: Acho que um não ia ser o suficiente.

Lari: Ninguém quer a porcaria da sua água, o que queremos é que escorregue e quebre o pescoço.- Uau, que direta.

Carolina olha para algo atrás de mim e arregala os olhos, mas quando eu viro vejo que não tem nada. O que me deixa muito confuso.

Carol: Minha proposta ainda está de pé, pago o dobro do que o Eduardo te ofereceu, afinal o dinheiro é meu. E te dou a minha palavra que não vou deixar o Filipe ir atrás de você quando isso acabar.

Lari: Aproveita, ela é a única que pode impedir ele de te machucar.

Porra, eu tô muito fodido.

Como foi que eu me meti nisso? Que inferno.

Crime PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora