Capítulo 4

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Clara

- O que? Me buscar para quê? – pergunto sobressaltada.

- Não! Droga, não, Helena . Já resolvemos isso... – meu pai está quase chorando.

O olhar de Helena  não desvia do meu.

- Mudei de ideia. Acabo de fazer uma nova escolha, David. – diz de forma enigmática. Do que estão falando? – Seu pai andou me roubando, Clara .

O ar é arrancado de meus pulmões quando Helena  diz isso. Não! Meu pai nunca faria algo assim. Ele é o homem mais íntegro que conheço. Ele não... Meu fluxo de negação é cortado quando encaro o rosto culpado do meu pai. Oh, meu Deus! Ele... Ele roubou essa mulher cruel e cínica e agora estamos em apuros.

- Você será entregue a mim como pagamento da dívida – suas palavras me fazem engasgar e eu cambaleio um pouco. Meu pai me firma, envergonhado, derrotado e meus olhos se enchem de lágrimas.

Puxo meu braço do seu agarre e parece tão magoado. Meus olhos voltam para a mulher sem nenhum escrúpulo me encarando frio e calmo como se não estivesse me propondo algo tão nojento.

- Eu prefiro morrer a ser sua prostituta, sua idiota! – rosno, crispando meus punhos. Novamente não sei de onde vem tanta força para rebelar, mas, isso é ultrajante demais. E depois de tudo que ela fez meu corpo sentir, eu agora a odeio!

Aquele arremedo de sorriso perverso sobre sua boca e os olhos ficando cada vez mais frios.

- Não, menina, você vai viver e ser o que eu quiser

Que seja. Vai me dar um herdeiro. – ela dá de ombros. – Depois disso eu realmente não me importo com o que aconteça com você.

Suas palavras são bofetadas em meu rosto. Como alguém pode ser tão imoral? Cruel?

- Um ano, neném. – diz-me.

- Vá para o inferno! – ranjo os dentes. Eu nunca fui aquela que revida, mas, ela me deixou à beira de um ataque de nervos.

Ela sorri. Pela primeira vez um sorriso completo e meu coração idiota acelera. Seu sorriso é bonito. Como um anjo caído.

- David. – inclina a cabeça num gesto tenso, parecendo verdadeiramente irritada com meu pai. Seu olhar volta uma última vez para mim e aqueles malditos olhos azul claro me prendem no lugar de maneira assustadora. – Foi realmente um prazer conhecê-la, Clara .

E lá se vai meu coração burro pulando pela forma que disse meu nome. Sou uma contradição ambulante, Talvez seja porque me senti atraída por ela antes de saber que era o próprio diabo querendo me levar em troca de uma dívida.

Ela sai imponente pelo corredor sendo seguida pelo o homem elegante e eu caio contra a parede, meu corpo todo está tremendo. De raiva, repulsa e... Algo inquietante, pulsando, vibrando em minhas estranhas.

Sim, não posso negar que essa mulher cínica e implacável mexeu profundamente comigo. Lágrimas pulam dos meus olhos quando penso que não irei mais para Nova York. Meu sonhos. Oh, meu Deus, meus sonhos foram destroçados. Um soluço alto sai da minha garganta.

- Clara ... – meu pai tenta me tocar, seus olhos nadando em lágrimas. Ele parece destruído. Não tanto quando eu, me revolto contra ele.

- Me deixa, pai. – soluço e saio correndo pelo corredor, subindo a escada direto para o meu quarto. Me jogo na cama de bruços. Eu grito, choro, meu corpo chacoalhando por tanto tempo que adormeço. Acordo com um toque suave em meu rosto.

Abro meus olhos, pensando que é meu pai e meu corpo enrijece quando dou de cara com os olhos verdes cruéis de Elodie. Me recolho, me ajeitando contra a cabeceira da cama. Ela se senta na borda do meu colchão sem convite.

- Mamãe e papai já me contaram. – diz e estende a mão de unhas perfeitas à sua frente, examinando-as, quando volta a me encarar, é aí que eu sei que o ataque vai começar.

- Oh, coitadinha...

- Estou cansada, Elodie. Saia, por favor, - peço. Não estou afim de aturar a vadia. Não agora. Não quando minha vida desmoronou.

- Você estava tão feliz, não é, irmãzinha? – seu sorriso de dentes brancos e perfeitos brilham na semi escuridão do quarto.

- Mas, em vez de se tornar uma bailarina famosa, surpresalela bate palmas com euforia. Cadela doente! – Vai se tornar a puta de Helena  Weinberg !

- Saia. – digo baixo, minha cabeça está latejando, doendo demais.

- Se eu fosse você pedia logo seu cartão V, irmã – me oferece mais um sorriso cruel. Estive perto de perder minha virgindade com a minha namorada. Rolo os olhos. Ex-namorada. Essa puta a perseguíu e dormiu com ela só para me humilhar. Mas, sou grata por ela ter feito isso antes de eu me entregar a uma imbecil completa.

Eu gemo em desgosto quando lembro da minha atual situação. Há outra imbecil no meu caminho.

- Como estava dizendo, você deve dar logo para qualquer menina ou menino, pois, aquela mulher... – ela finge um estremecimento. – Não vai ter dó de você, querida. – seu rosto fica ainda mais cruel e ela rosna:

- Ela vai tirar sangue em sua primeira vez. Aposto todas as minha fichas que ela vai te machucar toda vez que for te comer. Basta olhar para ela para saber que é uma bruta por baixo daqueles

Ternos alinhados.

Eu engasgo, horrorizada. As lágrimas que tinham ido embora, voltam a tomar minha visão.

- Coitadinha... Que destino triste o seu, irmã. – se levanta e ajeita sua roupa.

- Eu espero que ela faça tudo que há de pior com você, sua putinha de merda! Minhas preces foram atendidas, você está indo para o inferno! Saindo da vida do meu pai.

Eu soluço de novo, me sentindo tão derrotada como em todas as vezes que me hostilizou a minha vida toda

Ela sorri e sai finalmente do quarto, me deixando com a minha dor. Fecho os olhos e os olhos azuis surgem em minha mente. A imagem é tão vívida que penso que estou diante dela. Ofego. Por favor, Deus, não deixa aquela mulher me levar.

A Dívida - Clarena ( Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora