Capítulo 42

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Clara

Eu guincho quando Elodie é arrancada de perto de mim. Ela puxa meu cabelo no processo. Massageio meu couro cabeludo e meu rosto ao mesmo tempo. Helena  está segurando a cobra, atirando a ela um olhar mortal.

-Helena , oh, meu Deus, foi apenas uma discussão entre irmās. Ela força um sorriso nervoso e me olha. – Diga a ela, irmãzinha, sabe que te amo, não é uma briga boba que vai abalar nossa relação. Eu...

-Cale a boca, garota. – Helena  diz e ela estremece, calando-se.

Os olhos dela pousam em mim e sua mandíbula trinca, analisando meu estado. Minha bochecha está doendo muito. Ela me bateu com as costas da mão. Essa puta sempre gostou de me machucar. Os olhos dela fervem e então, pega os braços de Elodie rudemente, prendendo-os para trás.

- O que está fazendo? Solte-mel – ela exige, uma borda de pânico em sua voz. Isso me agrada.

Helena  lhe dá um empurrão, deixando-a na minha frente de novo, cara a cara. Só que dessa vez ela está com os braços presos. Eu a encaro. Ela está furiosa. Isso aquece meu coração. Está tomando as minhas dores. Mais lágrimas fluem em meus olhos por ter alguém me defendendo pela primeira vez na minha vida.

- Devolva. – apenas essa palavra sai da boca da Helena . Eu franzo o cenho, tentando compreender.. Vamos, Clara . Bata na cadela. Agora.

- Não! Você é louca? Não pode fazer isso. – Elodie  entra em pânico verdadeiro agora.

-Cale a boca, sua puta. Range, parecendo ela mesmo querer dar uma surra nela. Está tão zangada assim por ela ter me agredido? – Vamos, Mills. Agoral

Eu sei que é errado. Totalmente errado. Mas são anos de humilhação gritando em meu ouvido para serem vingados. Sou apenas humana no final das contas, então levanto a mão e vou para bater, ai me lembro de virar e lhe devolver na mesma moeda.

As costas da minha mão se chocam contra a sua face direita em uma pancada forte. Ela guincha e começa a chorar. Oh, não é tão bom quando se está desse lado, não é? Eu sacudo a mão, abalada. Essa foi a segunda vez que bati em alguém. Sempre fui pacífica, até demais. Tanto que essa vadia me fez de saco de pancadas enquanto crescíamos.

- Outro.

- Ela só me deu um. – digo, querendo ir embora logo daqui. Essa situação é surreal.

-Tem certeza? – seu olhar é afiado no meu. – Você não vai mais aceitar esse tipo de tratamento, entende, Mills? – ela parece com raiva de mim também por aguentar isso. – De ninguém. Se alguém lhe bate, você devolve a bofetada mais forte. Vamos, bata nela. Essa garota precisa aprender qual é o seu maldito lugar.

Oh, Deus, eu acho que ela ouviu tudo que a vaca estava rosnando na minha cara. Não penso mais, só levanto a mão e dou mais dois tapas fortes, um em cada lado do rosto que fez minha vida miserável por muito tempo. Helena  a solta e a empurra. Elodie chora baixinho, o rosto uma bagunça. Seus olhos estão me fuzilando, prometendo todo tipo de retaliação, e eu engulo em seco.

- Olhe para mim, garota estúpida. – Helena  exige e ela estremece, levando os olhos maléficos para ela. Se tocar na minha mulher de novo, vai se ver comigo, compreende? Não me importa se é sua meia-irmã. – ela está irada. – Irá para a cadeia se machucá-la de novo. Me diga se compreendeu. – ela acena vigorosamente com a cabeça. – Ótimo. Agora, suma daqui. – diz friamente.

Abraço a mim mesma, sentindo frio, vergonha, alegria por ela ter vindo em minha defesa. Eu choro mais e, no segundo seguinte, seu terno morno está sendo colocado sobre os meus ombros e seus braços estão à minha volta.

- Shh, eu estou aqui, amor. – sua voz tem um tom suave que nunca usou antes e eu me derreto contra seu corpo grande me envolvendo. Ouso dizer, me protegendo.

Segura o meu queixo e levanta meu rosto suavemente para o seu. Nossos olhares se encontram. Os dela estão intensos, suaves, quentes, deslizando por cada centímetro do meu rosto. As pontas dos dedos tocam onde deve estar se formando um hematoma.

-Eu nunca tive tanta vontade de bater em uma mulher antes. Diz ferozmente, mas o olhar ainda tem aquela emoção indecifrável cintilando, me chamando em um nível profundo. – Vou cuidar de você. Ninguém vai machucá-la mais, prometo.

Eu juro que sinto meu coração parar. O Sentimento que está se espalhando dentro de mim agora é algo diferente de tudo que já senti. Todo o meu corpo esfria, depois esquenta e então, meu coração parece que vai explodir pela intensidade da emoção. Ofego, lágrimas frescas se formando em meus olhos quando percebo, finalmente, o que é isso. É amor. Eu a amo. Eu me apaixonei por ela. Helena  possuiu não apenas o meu corpo, mas meu coração. Essa constatação me faz arfar, sem ar, perdida. É uma verdade esmagadora. O que será de mim agora, meu Deus?

- Proteja seu rosto no meu peito, amor. Vamos para casa. – diz e me levanta delicadamente nos braços. Meu coração canta em meio às lágrimas. Não posso evitar a esperança florescendo dentro de mim.

A Dívida - Clarena ( Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora