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Helena

Não vim para o Brasil para confraternizar. – admite. – Minha intenção era fazer a vida de vocês duas bem difícil... – zomba, torcendo a boca em depreciação a si mesmo. Cresci acreditando que meu pai não me reconheceu, não deu amor por causa de vocês.

Nosso pai só era capaz de amar a si mesmo, irmã. – digo em tom apertado.

Sim, agora eu sei. – ela anui, raiva contida em seu semblante. – Tenho que reconhecer, vocês são bem diferentes do que imaginei.

Seus olhos escuros vão para Lilia e voltam para mim. Eu gosto disso.

Me desculpem se não devolvo as declarações de coração pra coração. – a idiota zomba.

Lilia e eu bufamos.

Não cresci ouvindo esse tipo de coisa. – meu peito aperta com suas últimas palavras.

Sinto Lilia ficando rígida também ao meu lado. Eu acho que de nós três, ela foi a mais danificada pelas ações fodidas do nosso pai.

De onde eu venho, não fazemos declarações de amor, irmãs, seu rosto escurece como se acessasse lembranças sombrias. – Mas posso dizer agora, mesmo com pouco tempo de convívio, que sou grata por ter tido a oportunidade de desfazer o engano.

Sim, maninha, nós também te amamos. Lilia decide descontrair.
Vocês ainda são duas babacas riquinhas. Mas são grandes pessoas também. – ela completa, entrando na provocação de Lilia.

Irmã, não demore a se livrar do pau enfiado nessa sua maldita bunda. – Lilia a incita e Natacha sorri, um sorriso amplo. Raro. Muito raro.

Eu as solto e ergo meu copo. Elas me seguem e bebemos em silêncio. E meus olhos voltam a procurar ansiosamente pela minha mulher. Ela está conversando com Natália. Clara  tem estreitado os laços com a garota nos últimos meses, o que me intrigou, porque a irmãzinha de Noah não é lá muito sociável. Pelo menos não comigo.

Onde está o namorado pé no saco da patricinha?

A pergunta receosa de Natacha me faz encará-la. Ela está com os olhos grudados em Natália

-De acordo com Clara , ela terminou com aquele filho da puta pedante no começo da semana. – eu ofereço a informação e vejo o rosto da minha irmã evasivo passar por uma transformação clara

Porra!-pragueja quase inaudível, fechando os olhos por um momento. Fico intrigada com a expressão de culpa em sua cara. Por isso ela foi até... Porra, porra! – repete.

- Importa-se de elaborar, irmãzinha? – Lilia especula, levantando uma sobrancelha divertida.

Natacha abre os olhos e parece atormentada agora.
-Ela foi até mim...-pragueja de novo. – fui uma babaca tão fodida, porra!

-Uh, seja mais específica, Nat. Você é sempre uma babaca, irmã. – Lilia continua pegando no pé de Maite.

-Vai se foder! – Natacha range os dentes e vira o resto do seu uísque. – Aposto cem pratas como vai subir num avião para Tocantins tão logo saia daqui. – alfineta.

-O quê?! Irmã, você está louca ! -enfeza e vira seu copo também. Uh. Interessante. – Sou Lilia Weinberg , jamais me deixei domar por uma boceta. -zomba. – Está obviamente irritada porque, pela sua cara de bunda, fez uma merda grande e a Natália não vai mais... – ela ri maliciosa. Você sabe, irmã, todo mundo já sacou que esteve comendo a garota desde que chegou.

Natacha ri, uma risada pachorrenta, cínica, como a minha quando quero ser uma filha da puta.

-Eu não sou exclusiva de ninguém, irmã. Boceta é o que não me falta.

-Bem, bem, somos as Weinberg , não se pode negar. – eu bufo sarcasticamente, Encaro uma e outra.

-Espero que saiam de seus malditos estados de negação e resolvam suas merdas, irmās. -digo e elas rolam os olhos, suas posturas confirmando minhas palavras. – Eu vou buscar a minha mulher agora, esse é o nosso dia, não vou passá-lo com duas marmanjas resmungonas.

Ouço-as rindo às minhas costas quando avanço pelo gramado em busca dela. Clara  me vê e vem

Me encontrar no meio do caminho. Está com uma taça de champanhe na mão. Abriu uma exceção apenas hoje. Eu a enlaço pela cintura e desço minha boca na dela no meio da pequena multidão de convidados.

A Dívida - Clarena ( Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora