Capítulo 23

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Clara

Abro os olhos e encaro o teto branco da suíte, depois rolo, me arrastando para a borda da cama. Gemo baixinho, meus músculos doloridos, abusados. Helena  me pegou de jeito de novo e dessa vez, suspiro agudamente, ela pegou tudo... Me sinto corando pela depravação que a deixei fazer comigo. A Senhora Weinberg  me usou como bem quis e depois foi para seu quarto. Simples assim. Rolo os olhos. O que estou pensando? O que estava esperando? Helena  é fria e inabalável como uma montanha de gelo. Não espere gentiliza de uma mulher que está lhe obrigando a fazer sexo com ela, Clara . Me recrimino, então, coro de novo, lembrando dos prazeres perversos que senti em seus braços fortes. Ajusto a camisola de seda que parece derreter em meu corpo. Helena  fiscalizou minha mala pessoalmente e retirou todos os meus conjuntos velhos que uso para dormir. Me levanto ao mesmo tempo em que a porta do quarto conjugado se abre e meu coração sofre um solavanco.

O objeto dos meus desejos mais profanos, sai, usando jeans escuro e uma camisa de botão azul, os cabelos amarrados, ainda úmidos do banho. Está ao celular, trazendo papeis na mão livre. Para de falar quando me vê. Eu pisco, minha respiração engatando quando nossos olhos se encontram. Pensei que já estaria mergulhada no trabalho, como sempre está. Vê-la assim, depois da noite repleta de luxúria que tivemos, é demais para mim. Os olhos azul-gelo me fitam intensamente, flamejando por um instante. Imagens do seu corpo nu, devorando o meu sobre a mesa, invadem minha mente. Eu quase posso senti-la dentro de mim, me comendo com força, de todas as formas devassas. Um gemido involuntário me escapa e aquele canto de boca perverso sobe. Meu Deus, como pode uma mulher me excitar com um olhar cínico? Não tem explicação para como me sinto com ela. Não tem. Seu olhar desce preguiçosamente pelo meu corpo, coberto pela curta e transparente camisola verde-água.

- Depois te ligo, Lilia. – diz ao telefone e meio que ri, meio resmunga de algo que a irmã diz.

Seu olhar nunca sai de cima de mim e isso me deixa quente, meus seios incham, os mamilos pesando.

- Bom dia. – sua voz soa rouca e ela limpa a garganta. – dormiu bem?

- Bom dia. – forço-me a achar a voz, sentindo-me nua pelo olhar faminto que está me dando.

Há algo, uma energia diferente vibrando entre nós. Mesmo inexperiente, desconfio que seja porque somos amantes agora. Não é uma situação convencional, não há nem mesmo admiração mútua, mas, há essa atração intensa, traiçoeira que me puxa para ela. Que nos envolve. Sei que me deseja também. Não sou tão tola assim. Tenho percebido como me olha. Na primeira noite foi extremamente fria, contudo, ontem, Eu suspiro, minha vagina e meu ânus latejando pela lembrança de tomá-la toda lá... Ontem ela foi mais calorosa. Mesmo não me beijando, o sexo me deixou consumida, rendida a seus pés, como uma escrava, sedenta, implorando por mais.

- sim, dormi bem, e você? – limpo a garganta também.

- Muito bem. – sussurra, o olhar cheio daquela intensidade que adquirimos depois de... Depois de fazermos o sexo mais depravado da história. Me sinto corando. – Pedi o café. Me acompanha?

Eu pisco, meio atordoada pelo convite. Em cinco dias de casadas não sentamos juntas para nenhuma refeição. Ela sempre está presa no escritório, ou simplesmente não quer me aturar mais do que o necessário. Exatamente como eu.

- Claro. – decido ir com as boas maneiras. – vou tomar uma ducha rápida e escovar os dentes. – Sua expressão não se altera, apenas um flash de satisfação nos olhos gelados.

- Ótimo. Vou esperá-la no terraço. – seu olhar me percorre uma vez mais e ela vai para a sacada. Meus olhos traiçoeiros acompanham ela. É a

Primeira vez que a vejo em roupas casuais.

A Dívida - Clarena ( Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora