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Clara

- Vê aquele corredor ali? – Helena  diz em meu ouvido.

Eu giro a cabeça para a direção que está indicando. É perto do bar, do outro lado do camarote.

- Há suítes na parte de trás. Em todas as casas noturnas em que minha irmãzinha é sócia, há essas comodidades, você sabe... Para os clientes que encontram uma gostosa e não querem perder tempo...

Eu faço uma carranca para esse comentário. Ela ri, profunda, gostosa, linda.

- E, claro, para pessoas que é como eu, que são completamente loucas de tesão pela sua mulher e não conseguem ficar muito tempo sem fodê-la. – eu gemo e seu sorriso se espalha.

Sua mão sobe um pouco, o polegar tocando meu mamilo por cima do vestido. A iluminação nessa parte é bem precária e ela está descaradamente se aproveitando disso.

Jogo meu cabelo para frente, sobre os seios, dando a ela cobertura para me apalpar e ela ri mais, a expressão cínica me deixando toda molhada. Ofego, sentindo seu pau pulsando contra minha bunda. Sua boca morna continua sugando, mordiscando minha orelha, enquanto o polegar passa insistente em meu seio, incendiando-me.

- Você vai me levar para uma dessas suítes convenientes? – pergunto e ela morde a lateral do meu pescoço, a mão descendo para o meu ventre com um destino certo.
- Amiga, contenha a empolgação aíl – eu viro o pescoço ao ouvir a voz divertida de Noah.

Ele está acompanhado de Finn, que sorri

Levemente. Helena  parece pronta para matar Noah. Ela puxa a mão para a zona respeitável da minha cintura.

- Noah. – Helena  o cumprimenta com um sorriso. – Finn.

Outro casal avança, chegando até a mesa. Natalia e o namorado, Lucas Walker, um promotor renomado e pedante até dizer chega, de acordo com Helena . Nunca os havia visto juntos. Na verdade, vi Natalia muito pouco desde que entrei na vida de Helena . Ela é muito na dela, pelo que tenho percebido até agora.

- Natalia, Lucas. – Helena  completa, a inflexão no último nome deixando claro que não é uma fã. – Juntem-se a nós, sentem-se.

- Olá! – digo, enlaçando minha esposa pelo pescoço.

Nem ela nem eu queremos levantarem nome da boa educação. Eu acho que nossos amigos entendem pelos sorrisos em seus rostos.

- Que bom que vieram. Venham, sentem-se. – digo.

Lilia vem para perto, agradecendo a presença e, claro, provocando Lucas, como de costume.

Natacha não vem. Continua encostada ao parapeito, tomando seu uísque. Levanta o queixo ligeiramente em cumprimento a cada um e quando seu olhar encontra Natalia, um arremedo de sorriso cínico curva os cantos da boca. Os olhos de minha cunhada cintilam com uma emoção intensa. Elas têm algo.

Helena  está desconfiada desde o dia em que Rafa  nasceu e presenciou o que as duas disseram ser o primeiro encontro delas. No entanto, depois que as vi no aniversário de um mês de Rafa , senti uma energia carregada demais entre elas. Lilia também está provocando a irmã para ver se consegue arrancar algo dela. Em vão. Natacha é fechada como uma ostra. Para a minha total surpresa, ela é gentil e atenciosa com Rafa  nas vezes em que o encontra. Acho que a Weinberg  mais nova tem uma história sofrida. Espero que se sinta à vontade para se abrir com as irmās algum dia.

- O que você quer beber, amor? – a voz com um toque de impaciência de Lucas quebra o olhar carregado entre Natalia e Natacha.

Ela pisca e abre um sorriso para o namorado. É um sorriso pedante, esnobe. Ambos são da alta sociedade. Natalia é uma moça muito bonita.

Um Dry Martini, querido. – responde com a confiança que sempre vi em sua voz.

Ouço um bufo, seguido de uma risada pachorrenta e arrasto meu olhar de volta para Natacha. Ela vira o copo e segue para o bar. Helena  está numa conversa com Noah e eu observo mais ao meu redor. A boate é tão ou mais chique do que a outra em que estivemos no aniversário de Helena . Acontece que Lilia é uma empresária séria, embora não pareça. Ela gosta de investir no ramo do entretenimento e com essa já são quatro casas noturnas que entra como sócia.

Bebo mais espumante sem álcool e converso com Finn pelos próximos minutos. Ele e Noah ficaram noivos uma semana antes de Helena  e eu nos acertarmos. Finn está radiante, ostentando um anel lindo na mão esquerda. Eu voltei a usar a minha aliança. Helena ... Ela nunca tirou a dela. Eu fui tão cega e vingativa que não vi todos os sinais da mudança nela. Suspiro. Mas tudo passou. Ela é minha de novo e eu sou dela, isso é o mais importante. A cerimônia, daqui a dois meses e meio, será apenas para oficializar tudo.

Converso com Natalia também, enquanto Lucas se pavoneia sobre um caso difícil que irá a julgamento na próxima semana. Ele é um homem bonito, na casa dos trinta. Eles não formam um casal harmonioso, no entanto. A interação entre eles é fria, para dizer o mínimo. Fora as mãos entrelaçadas, não há outro sinal de carinho. Como sempre acontece, meu assunto recai sobre o meu bebê.

- Rafa  é um bebê lindo e forte, nem parece de sete meses, ela diz e essa parece a frase mais verdadeira que saiu da sua boca até agora. – Parabéns.

E com esses comentários, Natalia acaba de me ganhar. Não tem nada mais prazeroso para uma mãe do que ouvir elogios sobre seus filhos.

- Obrigada. Sim, meu menininho é perfeito. – eu rio em seguida da minha corujice. – Nos visite mais vezes. Convido-a.

- Eu vou. Obrigada. – ela sorri genuinamente, então olha na direção do bar e seus olhos ampliam, a expressão descontraída indo embora.

Eu sigo seu olhar e vejo Natacha prensando uma morena contra a parede, as duas envolvidas num beijo, praticamente fazendo sexo para quem quiser ver. Meu olhar volta para Natalia. Vejo raiva e... Dor passando no rosto bonito. Ela cerra os dentes, os olhos mostrando enfim alguma emoção.

- Eu vou ao toalete. – avisa e praticamente corre da mesa.

Uau. Bem, eu acho que essa é a confirmação de que há algo entre ela e Natacha. Noah e Finn anunciam que vão dançar. Lucas se levanta, indo atrás de Natalia. Natacha não está mais se atracando com a morena quando eu a procuro. Ela não está à vista. Estou quebrando a cabeça com esse mistério.

A Dívida - Clarena ( Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora