Maratona 2/8
Clara
Eu me instalo na cama, recostada aos travesseiros. Instantes depois, ela me faz babar quando reaparece usando apenas a calça do pijama e um top, o abdome firme clamando pela minha língua. Minha boca saliva enquanto a devoro sem nenhuma vergonha. Ouço sua risada baixa, pedante, e arrasto meus olhos para os seus. Ela é tão... Tão gostosa, sua expressão fechada, os olhos sérios, quase duros, me fazem muito excitada. Nunca vou entender a razão disso. A expressão em seus olhos traz um aviso para as pessoas não se aproximarem demais. Qualquer garota em să consciência sairia correndo, mas não eu. Eu não vou a lugar nenhum. Achei meu lugar no mundo e é ao lado dela, a mulher que tomou meu corpo e coração.
Ela pega seu notebook e vem para o seu lado da cama, recostando-se perto de mim. Eu me seguro para não suspirar sonhadora. Parecemos um casal de verdade. Ainda estou em êxtase por ter ordenado à Rosa que trouxesse minhas coisas para seu quarto. Ela me quer por perto. Está bem, sei que nesse momento é pelo sexo, mas vou virar esse jogo.
- Deve introduzir piadas em meio às suas falas. – murmuro depois de alguns minutos, vendo seus dedos voarem sobre o teclado do notebook. Concordamos que ela digitaria e eu iria dando sugestões. Vai dar mais leveza para o ouvinte. – Ela me olha de lado, uma ruga no meio de testa.
- É essa a sua ajuda, neném? Está me confundindo Com alguma humorista fodida de stand-up Comedy? – Eu rio alto com a sua recusa veemente.
Aqui, nesse trecho. Aponto para a tela onde ela menciona a história da empresa. Pode introduzir algum fato engraçado sobre seu pai, ou tio, os fundadores da SLN.Toda a diversão vai embora do seu rosto.
- Não há nada remotamente engraçado sobre Logan Weinberg -cospe com o olhar frio que conheço bem. – Tio Natan segue o mesmo padrão. – Engulo em seco, me arrependendo imediatamente por ter trazido seu pai para a conversa. Está claro para mim que tiveram problemas.
-Sinto muito. -digo baixinho, tocando seu antebraço. Ela fica tensa com meu toque. Deus, que mulher complicada. – Pode falar sobre algum acontecimento divertido desde quando assumiu a empresa. – tento desesperadamente recuperar o clima leve de antes.
- Nos primeiros meses, anos, não cometeu nenhuma barbeiragem? – provoco-a abertamente. – Vamos, mesmo uma fodona como Helena Weinberg deve ter algumas passagens legais para contar. – A expressão severa relaxa um pouco e os cantos da boca firme tremulam ligeiramente.
- Você é péssima em discursos, Clara . – zomba, mas há a centelha provocativa em seu tom e olhar. -Tenho pena do resto da classe se a escolheram como oradora. Eu estreito meus olhos nela, fingindo-me de ofendida.
- Tão pedante, senhora Weinberg . – rolo os olhos. – Tudo bem, prossiga com seu discurso rígido como se estivesse em um funeral. Eu não vou mais ajudar.
A risada baixa me pega de surpresa e seus dedos voltam a digitar, abrindo um parêntese onde apontei.
- Tudo bem, você venceu. Murmura. – Mas não vou falar de minhas barbeiragens...
- Então houve mesmo algumas, hein? – rio satisfeita. – Quem diria... – ela me prega no lugar com seu olhar glacial.
- Você quer me fazer de idiota na frente dos convidados? – pergunta e não sei se está ofendida ou apenas me provocando. Sua expressão é muito bem guardada.
- Pode contar como se fosse outra pessoa, um executivo de outra empresa, quem sabe... – seus olhos se iluminam com minha sugestão e um meio sorriso brinca em sua boca. – Ouvi seus discursos na Grécia. Não me leve a mal, você foi maravilhosa, pontual, só que é muito séria. A reabertura de um museu merece um discurso mais alegre.
Ela me encara insistentemente e meu coração dá uma cambalhota no peito pela expressão orgulhosa nos olhos.
- Continuo achando que se daria bem demais na advocacia, sussurra, o rosto se aproximando do meu. – Vai me ajudar com os discursos de agora em diante. Está interessada em uma vaga de assistente pessoal? – Eu rio, sentindo meu rosto corar pela sua aceitação.
- Obrigada, mas não sei se daria conta de trabalhar para uma CEO tão exigente. – eu me surpreendo com meu tom provocante.
Ela ri, aquele som profundo que amo. Seu rosto todo relaxa, ficando deslumbrante.
- Não posso contestar isso. Sussurra. – Mas tenho a impressão de que aprenderia rapidinho a atender as minhas exigências, bebê. – há uma sugestão perversa em seu tom e nos olhos.- Ainda estamos falando sobre trabalho? – minha voz sai um tanto rouca. Um lento e pervertido sorriso se espalha no rosto severo e bonito.
- Ah, essa sua boquinha argumentativa, neném... – diz, tocando o indicador em meu nariz. Ela gosta de fazer isso. – Observe se está no tom certo, não quero parecer uma pateta na cerimônia. – resmunga, os dedos voltando a voarem sobre o teclado.
Caímos em um silêncio cúmplice, íntimo, enquanto digita. Helena tem um raciocínio muito rápido, percebo e suspiro como uma mocinha de filmes antigos, vendo como encaixou duas histórias divertidas sobre aviação.
- São sobre você? – pergunto, segurando um bocejo, o cansaço batendo com força.
- Informação confidencial. – ri baixinho, salvando o texto e fechando o notebook em seguida.
Ela se inclina, colocando-o sobre o criado-mudo junto com a pasta. Eu me estico, me deitando, o bocejo voltando e saindo em um barulho escandaloso. Meus olhos estão pesando e ouço sua risada profunda. A cama macia, aconchegante e o som do seu sorriso me fazem sentir tão bem.
-Parece que alguém está de fato cansada. – ouço-a murmurar e então os braços fortes estão me puxando gentilmente, mas com firmeza, para o seu peito. Meus olhos abrem, meu coração saltando forte. Ela nunca dorme comigo assim, se não tivermos fazendo sexo. Ela nunca...
- O que está fazendo? – pergunto tão baixinho, com medo de tirar conclusões apressadas.
Seus olhos prendem os meus e sua boca desce na minha em vez de me responder com palavras. É apenas um breve selinho, mas meus olhos lacrimejam pelo súbito gesto de carinho. Seus braços me puxam mais, me esparramando em seu peito. Isso tudo estava aqui dentro de mim antes? Por que agora cada gesto dela parece enorme, mexendo mil vezes mais com as minhas emoções? Isso é o amor? Você ansiar, desejar o toque da pessoa amada com tanta força que parece que vai morrer se não for correspondida? É assustador precisar de outra pessoa assim.
- Descanse. Boa noite, amor.
- Boa noite, Helena . – murmuro não cabendo em mim de felicidade por dormir em seus braços sem sexo envolvido.
Apoio a cabeça em seu peito e fecho os olhos, um sorriso curvando meus lábios. A fria e dura Helena Weinberg pode ser gentil. Seu coração pode ser tocado. Suspiro sonhadora antes do sono me arrebatar.
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