Helena
As palmas continuam à medida em que os caminhões se dirigem para as próximas aeronaves, dando-lhes o mesmo tratamento. Um garçom chega até nós e pego duas taças de champanhe, entregando uma à Mills. Há mais três garçons servindo os presentes e logo todos estão de posse de suas taças. Levanto a minha, sendo seguida por eles e bebo um grande gole.
Já proferi o discurso dentro do hangar, onde o barulho do vento é gerenciável. Os assessores enviarão a matéria à Revista da SLN e outros canais midiáticos. Os convidados passam a se misturar após o fim do espetáculo, interagindo e comendo. Minha avó sempre insiste que devemos servir canapés acompanhando a bebida nos batismos.
- Parabéns mais uma vez! – Noah chega do meu lado esquerdo. Seu olhar pousa em Clara e em nossas mãos unidas. Um sorriso brinca em sua boca.
- Obrigada, amigo. – digo-lhe amistosamente. – Tarde estupenda essa! – Aquele sorriso misterioso curva sua boca outra vez e ele acena.
-Linda, de fato, concorda e acrescenta em tom mais baixo, conspiratório: - Está batizando uma nova frota, enquanto a sua ex-concorrente está passando por problemas com a ANAC.
- Não brinca, ANAC? Assovio, um sorriso irônico se escancarando em meu rosto. – Como ficou sabendo disso? – Noah ri com a arrogância que já conheço bem quando se trata de sua competência profissional.
-Digamos que frequento alguns círculos privilegiados no mundo jurídico... pisca, vangloriando-se. Eu resmungo.
-Desde que suas fontes sejam seguras, cara.
-Elas são. – seu rosto fica sério e sua voz abaixa ainda mais. – Há boatos de falência, inclusive.
-Porra, perfeito! – digo, virando minha taça.
Clara parece horrorizada com a minha reação.
- Meu Deus, você está feliz com a desgraça alheia? – Eu a encaro, presunçosa.
-Estou muito triste, bebê. – rola os olhos com a minha cara nada convincente. – Não dá para perceber?
Ela meneia a cabeça e ri descontraidamente, o som penetrando em mim, deixando meu peito leve, Porra, eu estou tão encrencada aqui...
-Tudo bem. Seu mérito em tirar o segundo lugar da concorrente deve ser celebrado. – murmura, tomando um gole da sua taça.
-Clara tem razão, Helena . Mérito seu, amiga. – Noah levanta sua taça e Clara e eu brindamos com ele.
O garçom passa para no reabastecer e continuamos conversando amenidades.
-Como está o projeto de dança para as crianças carentes? Helena me contou sobre a sua ideia, parece uma ótima forma de abater impostos futuros.... meu amigo tenta incluir Clara na conversa um tempo depois. Noah é mais um membro do fa clube da menina nos dias de hoje.
-Está mais do que explicado a razão de vocês dois serem amigos. Ela bufa em desagrado. Noah ri, dando de ombros.-Desculpe. Sou um advogado, sempre verei as coisas pelo lado prático primeiro. – com um sorriso conciliador, acrescenta: - É claro que o impacto social tem sua relevância também.
- Menos mal. – Clara sorri satisfeita.
- Ela seria uma excelente advogada, Helena – Noah diz, não pela primeira vez. Eu rio como um pavão mostrando suas penas.
-Eu sei. – digo com orgulho na voz. – Mas a dança é a sua paixão. Não dá para ir contra isso. – Clara
Está me dando um olhar suave nesse momento.