Kitsune, o Espírito da Floresta

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A adrenalina havia se dissipado, lamentavelmente ela ainda não havia me respondido. Achei que a ação mais apropriada seria auxiliá-la a se erguer, e assim fiz.

Me coloquei de pé e estendi minha mão para ela. Felizmente, ela não recusou e se levantou com cautela, nada de mal havia ocorrido com ela.

—Então...eh, sei que acabei de perguntar isso, mas, você realmente está bem? — Questionei novamente, talvez ela estivesse traumatizada, ou ainda assustada com a situação desesperadora.

Enquanto ela não me respondia, comecei a observar seu rosto, era verdadeiramente belo e esplêndido. Seu corpo era elegante, como o de uma distinta dama, possuía, aproximadamente, um metro e sessenta e cinco de altura, contudo, o que mais chamava atenção era sua pele de tonalidade roxa clara, seus olhos retratando, literalmente, um belo pôr do sol, seu cabelo longo e ondulado, colorido em tons de rosa e ciano, com um lindo broche de borboleta no topo, e diversas flores o longo dele. Também é impossível ignorar sua vestimenta, era deslumbrante! Estava trajando um vestido rosa estilo milkmaid, com estampas de cerejas e flores de cerejeira, além de calçar uma bela sandália de tiras brancas, de salto baixo, com as tiras subindo quase até o joelho dela e, por fim, uma linda tatuagem em seu braço esquerdo, metade de uma borboleta, e a outra metade, belas flores.

Mais um tempo havia se passado, ela novamente não deu nenhum sinal nem para mover os lábios. Apesar disso, acabou balançando a cabeça em um tom de afirmação, logo, presumi que estava tudo bem com ela.

Talvez seja tímida e não quisesse falar com um estranho? Provável. Não a julgo, ela estava a salvo e bem, então tudo ótimo.

—Já que você está bem, eu vou indo, ok? — Perguntei, educadamente, sorrindo para ela. Queria me certificar de que o motorista do carro também estava bem, apenas por precaução, mesmo que já estivessem o auxiliando, apenas para ter certeza absoluta.

Mais uma vez, um silêncio pairou no ar. Ela não me respondeu absolutamente nada, outra vez...

—Acredito que seu silêncio seja um sim, né? Então eu vou indo já. Cuide-se, tenha cuidado ao voltar para casa! — Como, para variar, não houve resposta por parte dela, decidi me dirigir até onde estava o carro. Entretanto, antes que eu pudesse dar o primeiro passo, ela segura em minha mão direita, como uma criança assustada, ficando mais próxima de mim.

—Casa. — Ela finalmente havia dito algo! Confesso que estava contente, mesmo com essa única palavra. Agora é que viria o problema...será que ela estava perdida e não sabia como retornar para sua casa?

—Você está perdida? É isso? — Interroguei-a, a fim de tentar descobrir algo.

Infelizmente, ela voltou a não me responder, apenas afirmando mais uma vez com um movimento de cabeça.

—Entendi. Eu só vou verificar se o motorista está bem e já volto aqui, ok? — Falei, gentilmente. A resposta "de sempre", no caso, a "única", um movimento de afirmação.

Eu realmente estava tentando ir, mas ela não soltava minha mão de forma alguma, parecia uma criança amedrontada. Resolvi levá-la comigo até lá, espero que não apareça nenhum problema...

Ao chegar ao local, pedi licença para passar pelo tumulto que havia se formado, uma grande aglomeração de pessoas havia surgido em poucos minutos...para bisbilhotar, pessoas surgem até do inferno.

Indo ao lado do motorista, cuja porta havia sido arrancada. Ele apresentava uma aparência idosa, vestindo roupas convencionais, todavia, estava desacordado no banco. Isso não era um bom presságio, havia uma pequena chance de ele nunca mais acordar...eu precisava fazer algo, mas o quê? Nunca estudei medicina profundamente, apenas o básico para puxar assunto, e nas condições que ele se encontrava, não havia nada que eu pudesse fazer.

TODO FIM TEM UM COMEÇO (NEXUS) | VOLUME 1Onde histórias criam vida. Descubra agora