Não há Lugar como Nosso Lar

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 —Tem certeza de que deseja retornar? — Indagou o Guardião Celestial, em meu subconsciente.

Após entregar as chaves para Kohana, dei um passeio pela cidade para respirar um pouco. A noite a tornava ainda mais bela, especialmente com o frio que pairava no ar.

Senti-me acolhido pelo ambiente, mas já era hora de partir...

Depois de muito tempo, coloquei novamente a pulseira que ele havia me dado, torcendo para que ainda funcionasse. Felizmente, estava operante. Ativei-a e entrei em contato com ele, e aqui estamos.

—Sim, tenho certeza. Peço desculpa se pareço rude, mas não suporto mais ver pessoas morrendo, uma após a outra. Três perdas já foram o suficiente para dois anos. — Respondi, com a voz pesada e melancólica.

—Não se preocupe, compreendo seu lado. Gostaria que não tivesse sido assim, mas acredito que daqui em diante você possa evoluir para ajudar a todos no futuro.

—Quem sabe... — Disse, esboçando um sorriso. Um falso sorriso, pois só queria ir para casa e dormir. Deitar na minha cama e só acordar no dia seguinte.

—Nos veremos por aí, garoto. — Respondeu o Guardião, estalando os dedos, e tudo ao meu redor desapareceu.

Minhas pálpebras se abriram lentamente, como se estivesse despertando de um longo sonho. Ouvi alguém chamado por meu nome, era a voz que eu mais desejava ouvir naquele momento...

—Peter! Acorda, dorminhoco! — Disse Maya, puxando meus braços na tentativa de me tirar da cadeira.

—Me deixa dormir só mais um pouquinho. — Respondi, exibindo um sorriso bobo no rosto.

—Tudo bem, então! Fiquei aí dormindo enquanto eu e o Luke vamos para o intervalo. Mas saiba que talvez possa rolar algo entre a gente... — As palavras dela foram suficientes para me acordar em um décimo de segundo. Já estava com a lancheira na mão e de pé na porta, passando tão rapidamente por ela que mal pôde me ver.

—Ciumento. — Disse Luke, que estava atrás de mim e mal percebi.

—Nah, digamos apenas que...não quero perder novamente. — Respondi, com um sorriso.

Saímos para o pátio. Com os braços em volta dos pescoços de cada um, senti-me contente por revê-los. Quase deixei escapar uma lágrima, mas me contive para não parecer estranho.

Ainda não tinha certeza se deveria contar a verdade para eles...

—O que vocês acham de irmos ao shopping depois da escola? — Perguntei, animado. Tentava conter minha empolgação, mas era difícil. Não os via há dois anos, e estava extremamente feliz com isso.

—Por mim, tudo bem. — Respondeu Maya.

—Idem. — Disse Luke.

—Ótimo! Nos encontramos lá às 14h. Acho que é bom escolhermos um ponto de encontro, né? — Sugeri.

—Que tal em frente à nova sorveteria que abriu? Podemos aproveitar e comprar um sorvete pra cada um, dizem que os sabores de lá são divinos. — Propôs Maya.

—Perfeito, lá está ótimo. — Concordei.

—Idem, novamente. — Falou Luke, parecendo até um pouco emburrado. Talvez a aula o tenha estressado. Nesse ponto, concordo que passar tanto tempo fora foi positivo.

—Você só sabe dizer isso, idiota! — Disse Maya, elevando o tom de voz.

—O que você quer que eu responda, então?! — Retrucou Luke, como de costume, estressado com ela.

TODO FIM TEM UM COMEÇO (NEXUS) | VOLUME 1Onde histórias criam vida. Descubra agora