Demônio Fulminante

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—ELE É IMORTAL? ISSO É POSSÍVEL? — Exclamei, perplexo. A flecha arco-íris, que normalmente seria letal para qualquer criatura, não surtiu o menor efeito nele. Nem um vestígio de sangue, é como se a flecha não estivesse cravada em sua pele.

A situação era desesperadora para o meu lado. Minhas poucas flechas restantes - apenas sete; não pareciam ser suficientes para derrotar essa criatura. Eu precisava de um plano novo. E então, como um lampejo, a solução surgiu em minha mente: um espelho. Por que eu não havia pensado nisso antes?!

Me escondi atrás da barraca maior, a última das principais que ainda estava de pé, examinei os destroços da casa de espelhos à minha esquerda. As chamas haviam consumido a estrutura, porém, ainda havia alguns cacos quebrados no chão, encontrei um fragmento grande o suficiente para refletir sua própria imagem. Já que não posso olhar diretamente para ele, talvez ele também não possa se encarar, tenho certeza de que o espelho será útil!

A garota que me trouxera até aqui deveria saber disso. Se funcionasse...hmmm...eu entendi! Foi por isso que ela não trocou a arena! Por isso ela trouxe a plateia para cá! Ela quer que eu o mate, mas, ainda falta uma peça nesse quebra cabeça. Se diz onipotente, porém não pode matar um animal facilmente derrotável como esse. Não havia tempo para questionamentos agora, eu precisava agir.

Retirei uma flecha da aljava, categoria especial: fogos de artifício, a atirei. Era a melhor distração que possuía no momento. Com os fogos de artifício fazendo seu trabalho, corri o mais rápido possível e agarrei o caco do espelho que estava no chão. Agora vinha a parte difícil: chamar sua atenção sem olhar nos olhos.

Ainda usufruindo da distração criada, subi na última barraca de tiro ao alvo, o ponto mais alto que restava no parque após toda a destruição que causamos. Assobiei. A criatura virou-se na minha direção. Com o coração acelerado, lancei uma flecha em sua direção. Restavam apenas cinco. Estava na hora de apostar no tudo ou nada. Ele estava irritado, mas era a oportunidade perfeita para usar o espelho e, quem sabe, descobrir sua real fraqueza.

—Vem cá, seu trouxa! Vem me pegar! — Exclamei, enquanto pulava.

Talvez eu tenha me arrependido de tê-lo chamado de trouxa, já que veio voando em minha direção com uma velocidade inacreditável. Pensei que não conseguiria desviar de seus olhos a tempo. Bom, era a hora. Deixei meu corpo imóvel onde estava mesmo, ele iria vir por aqui de um jeito ou de outro, ergui o espelho, visualizei a trajetória em minha mente e fechei os olhos.

Passaram-se alguns segundos...e eu continuava vivo. Será que funcionara? E se ele estiver imóvel à minha frente, esperando que eu abra os olhos para atacar? Talvez não...Que seja!

Abri os olhos, mas onde estava a criatura? Ela havia simplesmente desaparecido.

—Bom, bom, você se saiu muito bem meu docinho — A garota apareceu na minha frente em um piscar de olhos, assustando-me a ponto de deixar o vidro cair e se espatifar pelo chão. —Fico me perguntando de onde você tirou esse arco e essas flechas tão fascinantes, mas já não importa — Ela sorriu de forma maléfica. —Acho que eu mesma terei de dar um jeito em você.

E então, eu...eu fui perfurado? Um cristal roxo atravessou meu corpo, diretamente em meu peito, vindo do nada. Não tive tempo de reação. Essa garota...

Tossi uma enorme quantidade de sangue, escorria como uma cachoeira vermelha. Minha respiração estava difícil, conseguia sentir meus órgãos parando aos poucos. Não sentia mais o pulsar de meu coração.

—O...o que você quer com tudo isso? — Perguntei com extrema dificuldade.

—Não é de seu interesse, criança — Ela lançou-me um sorriso ainda mais sinistro. —Realmente é uma pena que você não esteja vivo para presenciar o que farei com seus amigos. Será o melhor show de todos.

TODO FIM TEM UM COMEÇO (NEXUS) | VOLUME 1Onde histórias criam vida. Descubra agora