Laura
Tava a horas naquela casa olhando pras paredes e pensando na merda que eu tinha me metido, devia ter escolhido a segunda opção logo, fui até a cozinha para ver se tinha algo comestível naquela casa e por incrível que pareça os armários e geladeira estavam todos cheios, pelo visto contavam com a volta do doido lá mesmo.
Peguei um frango que estava descongelado, fiz ele grelhado, arroz, feijão e um purê de batata, de salada cortei um tomate, foda-se se o Coringa não gostar, não sou ventilador pra viver de vento.
Servi meu prato bem cheio e peguei uma coca na geladeira, me sentei e comi na maior paz, lavei tudo que tinha sujado e quando estava terminando de limpar a cozinha Coringa passou pela porta acompanhado de mais dois caras todos armados. Se essa era minha hora pelo menos eu comi bem.
- Ta de empregada nova Coringão?
O cara mais baixo falou olhando pra minha bunda.
-Se liga o Zé ruela, respeita a mina.
Falou dando um tapão na cabeça do outro.
-E tu maluca, tava fazendo o que mermo?
-Almoço, ja são 13:00 num guentei não.
Ele me olhou estranho e foi nas panelas conferir.
-E tu sabe fazer comida?
Fiz cara de sínica pra ele.
-Olha se você quiser comer bem, se não quiser joga fora. Eu já comi mesmo.
-Tu é uma mandada do caralho mermo né.
Olhei serinha pra ele enquanto os dois idiotas riam, por fim comeram e até repetiram. lavei a louça que sujaram e os meninos sairão agradecendo o almoço me deixando sozinha com Coringa. Percebi ele chegando perto de mim e automaticamente me senti retraída, não era medo mais sim uma corrente elétrica que gelava meu estômago.
- Se liga, não precisava ter feito os bagulhos ai não, eu estava vindo te buscar pra almoçar.
-Não tem problema. Na verdade eu prefiro não sair daqui.
- Tem medo do que?
Respirei fundo me escorando no balcão ficando de frente pra ele.
- Vamos ter uma conversa franca Coringa, eu não quero ser pega pelo Roberto de novo. Eu sou órfão de mãe e meu pai me abandonou, não tenho família, Roberto me obrigava servir o PCC.
-Roberto é teu tio de sangue?
- Não faço ideia. Ele diz que era irmão da minha mãe. Minha vida sempre foi uma merda, eu sempre sonhei em trabalhar com arte, mais nunca pude fazer nada disso.
- Tu sabe alguma coisa dos bagulhos do teu tio?
- Então era isso que ia te falar quando me deu aquelas opções.
Ele mordeu os lábios passando a mão no rosto em seguida.
-Não sabe de porra nenhuma.
-Na verdade ja socorri alguns caras que chegaram baleados ou esfaqueados. Uma vez até ouvi um dizer que se o CV pegasse ele estaria fudido.
-X9, sempre tem. Foi assim que acabei me fudeno.
-Então, eu não sei muitas coisas que possa te ajudar. Na verdade até pensei na segunda opção.
Falei abaixando a cabeça, realmente eu não podia fazer nada. Eu era só uma prisioneira.
- Rasga a camisa que te dou proteção.
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Paz Justiça e Liberdade
General FictionLaura uma menina órfão de mãe e abandonada pelo pai, foi criada por seu tio Roberto, um dos chefes do Primeiro Comando da Capital. Obrigada a cursar medicina contra sua vontade para trabalhar em uma penitenciaria dando apoio aos membros da facção...